Rogue One: Uma História Star Wars (Rogue One: A Star Wars Story, 2016); Direção: Gareth Edwards; Roteiro: Chris Weitz e Tony Gilroy; Elenco: Felicity Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn, Donnie Yen, Mads Mikkelsen, Alan Tudyk, Riz Ahmed, Jiang Wen, Forest Whitaker; Duração: 134 minutos; Gênero: Ação, Aventura; Produção: Kathleen Kennedy, Allison Shearmur, Simon Emanuel; Distribuição: Walt Disney / Buena Vista; País de Origem: EUA; Estreia no Brasil: 15 de Dezembro de 2016;
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Rogue One: Uma História Star Wars surge não só como uma esperança de valorizar ainda mais uma marca que a Disney detém, mas também como um deleite aos fãs que fizeram da saga uma das mais rentáveis na história do cinema.
Entretanto, essa nova empreitada tem como base similar o sucesso do Universo Cinemático Marvel, cuja estrutura o estúdio, dono de ambas as marcas, tenta de certa maneira repetir aqui, em Star Wars.
Assim, acaba atestando-se algo semelhante, onde o filme de Gareth Edwards se vê refém da grandeza a que aspiram os grandes episódios da série cinematográfica, porém de maneira um tanto quanto inversa ao que se espera.
Porque Rogue One, sem dúvida alguma, guarda surpresas que não condizem com o padrão Walt Disney. Mas mesmo sendo algo pelo qual tanto anseio em tais filmes, decepciona não por ser anticlimático, mas por ser um clímax que não depende do próprio filme em si, ou que sequer pode sustentar-se por si só.
A razão disso tem um princípio, pois Rogue One é um filme que parece estar em constante busca de uma essência única, algo para chamar de seu, mas que falha em encontrar aquilo que tanto deseja. E aqui falam mais alto mesmo os problemas técnicos, por consequência complexos, do que deslizes banais.
Porque se nos atentarmos à montagem da primeira hora de filme, teremos mais a sensação de que é uma colagem de diversas ideias destoantes do que uma unidade bem estabelecida.
A montagem paralela não funciona como devia, e a trilha sonora de Michael Giacchino, feita às pressas, evidencia ainda mais isso, dando nuances ansiosas em tramas que parecem se construir numa corrida contra o tempo (de produção).
Contudo, aqui vem a memória justamente o filme anterior de Gareth Edwards, uma releitura de Godzilla com um elenco recheado de grandes nomes. Lá, no entanto, o trabalho do diretor parecia muito mais bem resolvido, e o destino dos personagens se resolviam de maneira a dar maior satisfação, mesmo sendo menos interessantes que os de Rogue One.
O roteiro deste Star Wars, aliás, sofre com oscilações, que vão de bons momentos, e boas ideias, a clichês e diálogos expositivos, muitas vezes repetitivos e que parecem ter como uma obrigação mastigar minuciosamente cada mínimo detalhe da narrativa.
Em parte, é compreensível, pois se passa por um processo de massificação. Contudo, a destinação final de Rogue One não condiz com aquilo que se constrói no roteiro, justamente por não fazer jus aos próprios personagens que apenas apresenta como interessantes. Falhando em desenvolve-los, muitos mesmo que superficialmente.
Sem contarmos na maneira em que age como um filme que se diz não exatamente da saga Star Wars, mas que, a todo momento, no fundo deixa claro que quer, sim, mostrar que faz parte desse Universo maior do qual já nos considerávamos tão familiares.
Aqui alguns momentos chegam a ser autofágicos com a franquia, onde planos se fazem exuberantes mais por obrigação com conexões e referências, do que por conversarem com o filme em si. Porque se Rogue One: Uma História Star Wars tenta fazer algo, é ser uma homenagem grandiosa a todo segundo possível. A bem da verdade, no entanto, por vezes chega a parecer as infelicidades que George Lucas fez nas reedições da trilogia original.
Rogue One vira quase um melodrama completo quando tenta ser poético, justamente por sofrer com as obrigações de corresponder a um universo maior. As excessivas conexões e menções que precisa fazer, ofuscam o filme de Gareth Edwards, o verdadeiro filme do diretor.
Porque aqui temos algumas das sequências mais belas em todos os oito filmes, principalmente durante o prólogo. Depois dissolve-se tal beleza em sequências que se fazem desimportantes, como os monumentos Jedi em Jedha, que são mais um excesso de informação irrelevante do que um elemento que aja em função do filme.
E nessa ida e vinda de saudosismos e nostalgias em excesso, todo o novo elenco perde espaço. Pretere-se a recriação digital insatisfatória, mesmo que exibindo respeito, do que apostar em talentosos nomes que, em determinados momentos, demonstram o porquê de Rogue One ter sido um filme tão atrativo.
Em um ano, Mads Mikkelsen foi de vilão subutilizado da Marvel à personagem subjugado de maneira tola pelo roteiro de um Star Wars. Já Ben Mendelsohn (Bloodline) ganha um estereótipo como personagem num type casting que não tem coragem de se assumir como tal.
De Donnie Yen, Wen Jiang e Alan Tudyk se tem, ao menos, uma grande parcela de carisma, uma química que faz com que seus personagens funcionem, mesmo que, muitas vezes, o androide vivido pelo último dos três nomes não tenha sequer o timing correto para servir de alívio cômico. Quando chegamos em Diego Luna o melhor que se tem a fazer é, simplesmente, esquecer.
Algo que é difícil de se fazer com a Jyn Erso de Felicity Jones. Um dos momentos emocionais mais funcionais de Rogue One: Uma História Star Wars vem dela, quando a personagem recebe uma mensagem de seu pai se faz valer o reconhecimento do talento da atriz.
No entanto, quando posteriormente ambos os personagens se reencontram, temos uma cena completamente apática. É quando prevalece pouco do talento recém-chegado frente ao saudosismo do que já conhecemos, fazendo sair pela porta dos fundos o que merecia pleno destaque. Alguns vão dizer que é para os fãs, mas na verdade é apenas uma efêmera euforia.
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