Direção: Gareth Edwards
Roteiro: Max Borenstein e Dave Callaham
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston
Produção: Mary Parent, Brian Rogers e Thomas Tull
Estreia Mundial: 16 de Maio de 2014
Estreia no Brasil: 15 de Maio de 2014
Gênero: Ação/Aventura
Duração: 123 minutos

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Nunca fui muito fã da “saga”, “antologia” (ou como quiser denominar) de filmes do “Godzilla”, tanto o original de 1954 quanto a refilmagem de 1998 (sim, sei que existem mais 27 filmes, mas não tenho como comentar tudo) não conseguem retratar de forma adequada a ameaça do monstro gigante, ou melhor, nenhum deles consegue criar uma tensão a ponto de eu realmente entrar na história. Com a re-refilmagem de 2014, os produtores tinham na mão a chance de tentar transformar (pelo menos na minha cabeça) o Godzilla em uma criatura ameaçadora e misteriosa, partindo muito mais para o medo pelo desconhecido do que para o medo pelo gigante. O que ocorre, no entanto, é que o remake repete a maioria dos erros dos anteriores e o resultado é não só uma fita que não decide qual o caminho prefere seguir, mas também com a qual não há uma preocupação com o destino dos personagens.

No início da projeção, usando dos já batidos créditos iniciais com reportagens de jornais e acontecimentos históricos, os quais relacionam-se com a criatura (e que servem mais para fazer referência às produções anteriores do que de base para a narrativa, tanto que apenas um desses fatos é citado muito brevemente em um determinado momento), já percebemos a vontade de introduzir rapidamente os personagens e o plot principal para poder começar a ação desenfreada. Conhecemos o personagem Joe (Bryan Cranston de Breaking Bad) que trabalha em uma usina nuclear no Japão. Após um acidente causado aparentemente pelo Godzilla, ele acaba perdendo sua esposa e companheira de trabalho. 15 anos depois, Joe ainda não conseguiu superar esses acontecimentos e continua a perseguir tal criatura, terminado por ser preso por invadir uma área de exclusão nuclear. Seu filho, Ford (Aaron Taylor-Johnson de Kick Ass) sai de sua cidade e vai até o Japão para poder ajudar, pensando que seu pai estivesse maluco. No entanto, as teorias aparentemente loucas, estavam certas.

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A direção de Gareth Edwards (de Monstros) passa por altos e baixos. Em alguns momentos ele acerta brilhantemente como quando nos apresenta um dos generais. A câmera fica passeando atrás dele, sem nunca mostrar o seu rosto, conseguindo, desses forma, introduzir e dar imponência ao personagem sem necessitar de um diálogo ou semelhante para fazer com que o recado seja compreendido. Assim como em várias conjunturas da batalha nas quais ele opta por colocar câmeras subjetivas de dentro dos prédios, que, além de dar uma maior sensação da escala do Godzilla, ajudam na inserção do espectador, artifício que lembra muito o filme Poder Sem Limites. No entanto, em alguns outros, ele comete erros que auxiliam a comprometer tanto a narrativa quanto o objetivo de inserção ao qual o diretor se propõe, como, por exemplo, a decisão de mostrar demasiadamente as criaturas. Já é sabido que a reação das pessoas frente aos acontecimentos, muitas vezes, é mais assustador do que mostrar o monstro.

Apesar dos esforços do diretor para inserir o espectador nos acontecimentos, o roteiro não consegue corroborar com isso. Além de contar com vários diálogos clichês e desnecessários como “em mais de 30 anos de trabalho, nunca vi algo como isso”, os personagens principais são introduzidos de forma muito breve e não conseguem ganhar peso na narrativa. A consequência disso é que chega na hora dos conflitos e não há identificação e muito menos preocupação se tal personagem corre perigo ou não. Isso fica tão evidente, no momento no qual um olhar do Godzilla consegue “emocionar” muito mais do que o fato de saber se a mulher de Ford conseguiu sobreviver aos ataques. Em um filme de apelo comercial como esse, é crucial a identificação com os protagonistas, mas aparentemente focar na ação é mais importante.

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A despeito da fotografia ser extremamente escura – sempre utilizando uma paleta de cores mais frias e sombrias-, a película não consegue criar uma tensão com a qual realmente ocorra um temor pelo que pode acontecer, principalmente pelo fato de buscar maior epicidade, quando, na verdade, toda aquela destruição é algo triste. A trilha sonora, em um primeiro momento faz referência a isso, ao usar um tema mais intimista em meio a uma aparição do Godzilla, mas, minutos depois, se rende ao uso mais agressivo e o espetáculo fica completo. Para finalizar, não posso deixar de comentar os excelentes efeitos visuais, principalmente quando vemos a destruição de Las Vegas e, claro, o próprio monstro.

Chegamos a mais um remake que não consegue trazer nada de muito novo. Por insistir mais na ação do que no desenvolvimento de seus personagens, todo enredo acaba ficando vazio. Vai doer dizer isso, mas Circulo de Fogo (o qual não gostei nenhum pouco) é mais competente e divertido que o próprio Godzilla (sendo que o primeiro faz claras referências ao segundo), então não há muito mais o que dizer após essa afirmação. Mais um blockbuster para esquecer e ponto.

Obs: Na cópia em IMAX há uma brincadeira com a apresentação que sempre passa antes das projeções do formato, vale a pena conferir!

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