Indiana Jones e a Relíquia do Destino” (“Indiana Jones and the Dial of Destiny”, 2023); Direção: James Mangold; Roteiro: Jez Butterworth & John-Henry Butterworth e David Koepp e James Mangold; Elenco: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Antonio Banderas, John Rhys-Davies, Toby Jones, Boyd Holbrook, Ethann Isidore, Mads Mikkelsen; Duração: 154 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Fantasia; Produção: Kathleen Kennedy, Frank Marshall, Simon Emanuel; País: Estados Unidos; Distribuição: Walt Disney Studios; Estreia no Brasil: 29 de Junho de 2023;

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(Divulgação/Imagem: Walt Disney Studios)

Marcando época nos anos oitenta e, inclusive, se cravando na memória da geração que viria nos anos noventa, Steven Spielberg (“Amor, Sublime Amor”) criou algo atemporal em três iterações de Indiana Jones, franquia à qual ele só retornaria quase duas décadas depois, com o criticado “Reino da caveira de Cristal”. Uma década foi o suficiente para redefinir um gênero de filmes e, quando retornou, o personagem já estava perdido entre as cópias do mito que o próprio havia criado. Óbvio que não é à toa, no entanto, que uma franquia demonstre tanta força, presença e reconhecimento após tantas décadas. O cinema de Spielberg aliado ao que Harrison Ford fez ao dar vida ao personagem título são méritos de talento, paixão e dedicação que se tornam cada vez mais raros no sistema triturador de produções Hollywoodianas. É em meio a isso que chega um quinto e possível último filme da franquia. “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” estreia nos cinemas e pela primeira vez sem o comando de Spielberg na direção da franquia, também prometendo uma aposentadoria ao protagonista do filme. Sai todo o requinte de um cinema clássico, portanto, e sobra o que James Mangold (“Ford vs Ferrari”, “Logan”), que assina como diretor, tem oferecido a Hollywood nos últimos anos.

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(Divulgação/Imagem: Walt Disney Studios)

É uma falsa sensação de classe, algo artificial que tenta emular da maneira mais fielmente possivelmente os clássicos que habitam a memória e tocando uma nostalgia que tenta resgatar um sentimento de se estar diante daquelas produções da era de ouro hollywoodiana. Não encontraremos aqui, portanto, nada próximo da genialidade de Spielberg ao filmar seus personagens, mas Mangold consegue canalizar seus objetivos de tal maneira que “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” se torna funcional e também efetivo. É menos sobre a coordenação da ação, e mais sobre o sentimento que esta inflige. De certa forma isso reflete, para o bem e para o mal do filme, um pouco das limitações que o tempo inevitavelmente impôs ao protagonista. Mas não é essa a única limitação imposta ao filme, pois mesmo no que independe de Harrison Ford há coisas bem questionáveis. O rejuvenescimento digital do protagonista, por exemplo, para além da questão de bom gosto -e ainda bem que é algo que se estende apenas pela sequência inicial do filme- também pesam os altos e baixos, onde ora parece muito bem feito e ora podemos nos assustar com o quão pobre consegue ser o cgi de um filme que custou tanto (cerca de quase U$ 300 milhões).

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(Divulgação/Imagem: Walt Disney Studios)

Ainda assim a aventura não só funciona, mas também diverte e até mesmo arranca risadas, pois o lúdico que sempre se fez presente na franquia não é muito diferente e nem decepciona aqui. Só que o todo do emocional só consegue surtir o efeito desejado porque algo é mais eficaz que no quarto filme e porque James Mangold consegue, diferentemente de outros de seus filmes, encerrar sua narrativa de maneira adequada. Mais que sua condução do filme, no entanto, o que eleva “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” a um nível capaz de comoção do espectador está em dois nomes do elenco: o próprio Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge. Enquanto o primeiro entrega uma atuação crível do retrato cansado de seu personagem, com destaque para uma emocional revelação na cena noturna no barco na Espanha. Assim, Ford consegue remeter aos melhores momentos de sua carreira. Waller-Bridge é a chave para o que funciona aqui melhor que no quarto filme, pois a relação de certa forma paternal entre o protagonista e sua personagem é muito melhor e mais bem trabalhada do que aquela do filme de Spielberg com um merecidamente enxotado Shia Labeouf. A atriz tem uma química essencial com Ford, não só para os momentos mais dramáticos, mas em como consegue converte-los em cômicos quando necessários. É principalmente através disso que o filme consegue sobressair aos seus defeitos e encontrar um fio narrativo que o consolida, ao mesmo tempo em que a nostalgia é menos uma muleta e sim uma compreensão de que os tempos mudam e a nossa hora chega. É a graciosidade da interação entre esses dois personagens de gerações tão diferentes que possibilita a “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” ser uma despedida que é eficaz quando mais precisa e consegue, sim, ser bonita também para alguém que estrela esses filmes há quatro décadas.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino” – Trailer Legendado:

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