John Wick 3 – Parabellum (John Wick: Chapter 3 – Parabellum, 2019); Direção: Chad Stahelski; Roteiro: Derek Kolstad e Shay Hatten e Chris Collins & Marc Abrams; Elenco: Keanu Reeves, Halle Berry, Laurence Fishburne, Mark Dacascos, Asia Kate Dillon, Anjelica Huston, Ian McShane; Duração: 131 minutos; Gênero: Ação, Drama, Thriller; Produção: Basil Iwanyk, Erica Lee; País: Estados Unidos; Distribuição: Paris Filmes; Estreia no Brasil: 16 de Maio de 2019;

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A ambição só recompensa quando é acompanhada de competência e, se não ficou claro nos dois filmes anteriores, Chad Stahelski reúne ambas numa convergência harmoniosa. “John Wick 3 – Parabellum”, porém, faz o segundo filme da franquia parecer um mero experimento para o que encontramos aqui, isso levando em conta como o filme de 2017 já é um dos grandes títulos do gênero na década. Agora uma trilogia, é certo de que estas produções estreladas por Keanu Reeves serão lembradas por muito mais do que apenas alguns dos melhores filmes de ação dos anos 2010, conforme os filmes se desenvolvem de maneira mais confortável sob as rédeas de seus realizadores, que agora estão longe de serem apenas uma aposta.

Com um dos primeiros atos mais intensos na memória recente, o filme parece seguir um caminho semelhante a “Missão: Impossível – Efeito Fallout”, num mergulho que explora a voracidade do ímpeto dessas figuras interpretadas por Keanu Reeves aqui e Tom Cruise lá, dada todas as diferenças. A principal delas é justamente como se dá essa espécie de ensaio sobre tais figuras, onde se exploram dispositivos diferentes dentro de cada um, fazendo com que, ainda que caminhem juntos, o fazem à sua própria maneira, mas constantemente estão nos lembrando que há gente disposta a ir além para entregar algo no nível do que observamos nestes filmes.

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(Divulgação/Imagem: Lionsgate/Niko Tavernise)

Estabelecido como o arquétipo que é, John Wick retorna para mais um capítulo justamente de onde parou no segundo filme, contudo, sutilmente com uma rápida apresentação para que, caso alguém não tenha visto, se faça compreender o evento que culmina nos acontecimentos deste terceiro filme. “Parabellum” é, como se reforça diversas vezes durante o filme, uma amostra das consequências que esse arquétipo pré-estabelecido traz sobre si, é no que acarreta a repercussão de seus atos, o subtítulo, explicitado em certo momento durante o filme, é mais uma comprovação disso, essa provação pela qual o protagonista precisa passar para sobreviver -ou fazer sobreviver.

Uma aventura “dantesca”, na qual o objetivo, a motivação principal, é feita clara, é trazida à tona, tudo para que se possa gerar uma empatia ainda maior com o protagonista, que vai do céu ao inferno e de volta, numa narrativa que se faz cheia de alegorias inventivas, algumas até óbvias, mas que dão ao filme o requinte que deseja. É com elegância que se desenvolve um ciclo onde é providenciado a John Wick uma nobreza que o permite alcançar essa finalidade que tanto busca. Contudo, as provas não terminam por aí. Ainda assim, é deslumbrante como se desenrola a história.

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(Divulgação/Imagem: Lionsgate/Niko Tavernise)

É possível se deixar refletir sobre a narrativa do filme à vontade, com muito o que se pinçar para destrinchar e explorar nos mínimos detalhes. Entretanto, é apenas mais um dos elementos de suma importância para o filme, sendo sua estética também fundamental para o que se quer realizar. A relação de Stahelski com o cinema é uma de profunda paixão, se no segundo filme éramos brindados já nos primeiros segundos com um trecho da obra de Buster Keaton, aqui temos diversas outras referências que denotam essa busca pelo que se quer e o que se constrói. Elas dizem muito sobre o caminho que se quer seguir.

O que no primeiro filme foi feito timidamente, no segundo se difundiu, é em “Parabellum” que se dá o direito de brincar com estes conceitos visuais, num trabalho cuja Design de Produção, Figurino e Fotografia continuam a fomentar este universo do filme, indo além para explorar lugares e situações completamente novas dentro dessa narrativa. É extremamente belo o que se vê aqui, assim como já foi no filme anterior, porém, agora com uma segurança ainda maior sobre estar se fazendo o certo, ainda que o que quer que seja esse “certo” seja muito discutível, pois muito do que pode parecer fora do lugar é, também, intencional.

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Essa segurança toda, porém, dá ao filme de Stahelski a plena certeza de que pode arriscar sequências de ação cada vez mais ambiciosas. São os 30 primeiros minutos de arrancar o folego, mas também todos os outros minutos que se seguem a estes e reservam alguma batalha, cada qual com suas especificidades. Destaque especial para a participação de Halle Berry. Requisitada tanto por sua capacidade dramática, quanto física, dentro do possível, mas que se mostra capaz de acompanhar Keanu Reeves. Talvez o ápice seja a cena em parceria dos dois, onde, vejam só, a trilha sonora – um estridente problema em produções hollywoodianas- dá lugar ao som ambiente, que resulta numa crueza hipnotizante.

Toda a experiência de Chad Stahelski atrás das câmeras parece se fazer valer neste “John Wick 3 – Parabellum”, recompensando pela dedicação de Keanu Reeves ao se entregar de corpo e alma para dar vida ao protagonista. Se arriscando para construir algo visualmente coeso e compreensível, muito bem elaborado, pensado e ensaiado, executado quase à perfeição, onde a qualidade final do que vemos recompensa não só a seus realizadores, mas ao próprio público, que encontrará, sem sombra de duvidas, uma de suas melhores e mais imersivas experiências no gênero e com a plena consciência de estar diante de algo que não o subestima nem por um segundo sequer.

“John Wick 3 – Parabellum” – Trailer Legendado:

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