Power Rangers (2017); Direção: Dean Israelite; Roteiro: John Gatins; Elenco: Dacre Montgomery, Naomi Scott, RJ Cyler, Becky G, Ludi Lin, Bill Hader, Bryan Cranston, Elizabeth Banks; Duração: 124 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Drama, Ficção Científica; Produção: Haim Saban, Brian Casentini, Marty Bowen, Wyck Godfrey; Distribuição: Paris Filmes; País de Origem: Estados Unidos; Estreia no Brasil: 23 de Março de 2017;
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Querer que Power Rangers seja apenas um elemento caloroso de uma infância, por conta da memória afetiva, é ignorar completamente a perceptível falta de qualidade das produções. Não que essa releitura dirigida por Dean Israelite faça muito nesse quesito, ao menos quando se trata dos efeitos visuais durante as grandes cenas de batalha. Contudo, há algo nesse filme que diz muito em relação a algo que Jason David Frank, intérprete do eterno Tommy Oliver, tão idolatrado pelos fãs, disse em reprovação ao curta-metragem de Joseph Kahn, que fazia uma releitura impensável para qualquer estúdio. O ator alegava que era uma visão errada, porque Power Rangers era algo feito para crianças. A profundidade desse discurso, no entanto, esbarra no que se tem em mente para entreter as crianças. Porque uma rápida passada pelo que se era oferecido nas nostálgicas obras e percebe-se que o que imperava lá atrás era mesmo o pastiche, uma caricatura que, hoje, só com muito boa vontade faz rir. Até mesmo os personagens, alguns bem como seus intérpretes homenageados neste filme, não ofereciam muito em termos de conversação com crianças, ou até mesmo pré-adolescentes. Quando no início da semana em que escrevo essa crítica foi divulgada oficialmente uma informação sobre a Ranger Amarela, muito questionou-se sobre a necessidade da inclusão dessa informação.
Num espectro, isso vai do preconceito em sua forma mais evidente até aquele que se encontra velado, disfarçado de ignorância. A verdade é que esse desenvolvimento, desde a sexualidade da personagem interpretada por Becky G, assim como do grau de autismo ao qual acomete o personagem de RJ Cyler ou outras peculiaridades e acontecimentos traumáticos na vida dos outros Rangers, fala muito mais dessa conexão com determinado público, que já não há mais tanta necessidade de ser tão exatamente determinado, e desenvolve uma conexão que torna o filme numa experiência singular. Enquanto acompanha na pegada de muitos filmes que, após a sessão, retornam à memória com força, causando inevitáveis comparações, a primeira hora em que se estabelecem os personagens e a relação do novo grupo de Rangers acaba sendo uma das mais acertadas no gênero. A autenticidade dos personagens, aliada a um esforçado trabalho do elenco principal, fazem com que seja exatamente a união do grupo o ponto alto do filme. Aliás, a melhor sequência do filme é justamente uma confraternização do grupo regada a surpreendentes emoções. No entanto, tudo isso só é válido quando nos damos conta do que a dramaticidade do filme cria com esses novos Power Rangers. Não é apenas uma questão de representatividade, mas pura empatia. É uma honesta extensão de gratidão que visa refletir a imagem de seu público, seja ele quem for, no papel de herói.
Enquanto acerta em cheio com seus protagonistas, deixa a desejar em seu terceiro ato quando se aproxima do clímax, que é quando finalmente vem a ação que provavelmente a grande maioria do público aguardava. Há equívocos na montagem, principalmente denotados pelo desencontro com a trilha sonora, que embaralham o excesso de fan services com uma certa pobreza visual, muito por conta de uma limitação proveniente do cenário. Nesse quesito, por exemplo, dadas certas semelhanças, Círculo de Fogo está muito à frente do que Dean Israelite talvez jamais se veja capaz de fazer. Mas não é que não seja de todo empolgante, há momentos que até mesmo os fãs mais saudosistas saberão apreciar com brilho nos olhos, porém, há de se entender também que aqui apenas se estabelece algo. Não é tão inevitável quanto parece recebermos uma continuação do filme, que dependerá muito dos resultados internacionais de bilheteria. Tendo isso em mente, como um ponto de partida esse novo Power Rangers funciona muito bem.
Havia a possibilidade de se entregar algo superior, mais conciso e sem precisar de um roteiro que recorresse a corriqueiras soluções. Mas deslizes menores se fazem pouco frente ao que se constrói em oportunidades a longo prazo. A exemplo da Rita Repulsa de Elizabeth Banks, que a princípio dá indícios de ser mais outra caricata vilã qualquer, mas que em determinado momento passa a fazer sentido dentro desse universo que se coloca em funcionamento aqui. Tanto que mesmo a vilã não sendo uma ameaça definitiva e urgente se faz algo necessário para criação dos momentos memoráveis que a união dos Rangers gera. Quando olhamos o tom e o que aprendemos sobre estes novos personagens, o próximo capítulo da história se mostra ainda mais conveniente para sabermos até onde se pode levar figuras tais como estas. Power Rangers é uma releitura que assimila um pouco de tudo que é possível, até mesmo o fato de que é necessário a compreensão de mudanças, não só porque fãs crescem e muitas vezes continuam fiéis ao material de origem, mas porque se precisa conversar de maneira diferente tanto com estes como com os integrantes de uma nova geração, que tem tudo e muito mais para se verem premiados com uma história que faz questão de inclui-los como protagonistas.
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