Argylle – O Superespião” (“Argylle”, 2024); Direção: Matthew Vaugh; Roteiro: Jason Fuchs; Elenco: Bryce Dallas Howard, Sam Rockwell, Henry Cavill, Bryan Cranston, Catherine O’Hara, Dua Lipa, Ariana DeBose, John Cena, Samuel L. Jackson; Duração: 140 minutos; Gênero: Ação, Comédia, Thriller; Produção: Matthew Vaughn, Adam Bohling, David Reid, Jason Fuchs; País: Estados Unidos, Reino Unido; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 01 de Fevereiro de 2024;

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(Divulgação/Imagem: Apple Studios/Peter Mountain)

Matthew Vaughn desde o início de sua carreira como diretor aparentou ter uma faceta irreverente, que assumiu alguns tons de seriedade justamente com “Kick-Ass”, em 2010. Ainda assim imperava ali a comédia, quase como um ácido comentário sobre o cinema de super-herói, num subgênero que dava seus primeiros passos para se tornar o colosso de bilheteria até os tempos de pandemia mundial. O sucesso daquele filme o credenciou a realizar “X-Men: Primeira Classe”, uma das entradas mais elogiadas da franquia e que mostrava que Vaughn tinha dentro de si um escopo mais amplo como cineasta, ainda que se destacasse seu apreço pela violência gráfica, com ou sem sangue, a lá o que Hollywood aprova. Até aquele ponto estava tudo muito bem equilibrado, mas desde “Kingsman: Serviço Secreto”, seu flerte com a violência através do lúdico é o que impera em seu cinema e fala mais alto. E o pior é como Vaughn parece refém de sua própria franquia, pois, mesmo quando não está comandando um filme dela -foram 3 em sequência-, sua produção mais recente grita a genérico, soando como uma amálgama de tudo que vimos nestes três últimos filmes seus, e “Argylle – O Superespião” podia muito bem ser um spin off da franquia que não ficaríamos surpresos.

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(Divulgação/Imagem: Apple Studios/Peter Mountain)

A princípio é a estética, que praticamente se tornou uma marca registrada de Vaughn e “Argylle – O Superespião” reforça isso, ao se tratar de uma história em um universo/franquia diferente, mas quando o clímax colorido acontece fica um tanto repetitivo também. E não é que seja exatamente ruim, no todo, porque dentro do contexto do filme é funcional, naquele momento casa com o que há de melhor aqui, que é o lúdico. Pois, se há algo que se salva em “Argylle” é essa irreverência, que torna, por vezes, o filme numa experiência divertida ao satirizar essas adaptações genéricas de romances “fast food”. O problema é que, a partir de certo ponto, o filme é a própria vítima daquilo que está satirizando, ainda mais porque se estende em diversos sentidos. As reviravoltas se fazem excessivas, ainda que completamente rasas, e uma ou outra sequência de ação tentam se aproveitar da boa vontade, mas viram até uma questão de mau gosto quando a qualidade é visivelmente constrangedora.

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(Divulgação/Imagem: Apple Studios/Peter Mountain)

E se algumas tramas são desnecessariamente mais inchadas que outras, em contrapartida John Cena e Samuel L. Jackson, por exemplo, devem ter em “Argylle” seus papéis mais fáceis da carreira. E apesar de alardear e estampar Henry Cavill como garoto propaganda, a grande estrela do filme protagonizado por Bryce Dallas Howard é, na realidade, Sam Rockwell, que apresenta aqui um timing cômico impecável e tal carisma que é ele quem, de fato, nos faz investir na história. Ariana DeBose (vencedora do Oscar por “Amor, Sublime Amor”), coitada, se vê relegada a um par de cenas como coadjuvante de luxo, pelo menos usam de seu talento como cantora para uma ou outra cena, e nos créditos. A variedade de grandes nomes no elenco ressalta como a narrativa é abarrotada, convoluta, e de maneira inexplicável, pois perde a oportunidade de ser mais direta, dando rodeios para tentar sustentar reviravoltas vazias, numa complexidade fajuta que contradiz o visual caricato que Matthew Vaughn imprime em seu filme. Esporadicamente diverte, mas tudo se torna efêmero quando a história se faz tão enfadonha.

Argylle – O Superespião” – Trailer Legendado:

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