Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name, 2017); Direção: Luca Guadagnino; Roteiro: James Ivory; Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Amira Casar, Michael Stuhlbarg, Esther Garrel, Victoire Du Bois; Duração: 132 minutos; Gênero: Drama, Romance; Produção: Emilie Georges, Luca Guadagnino, James Ivory, Marco Morabito, Howard Rosenman, Peter Spears e Rodrigo Teixeira; Distribuição: Sony Pictures; País de Origem: Itália, Estados Unidos; Estreia no Brasil: 18 de Janeiro de 2017;
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É difícil constatar desde o início de um filme, pelo seu percorrer até seu final, que estamos diante de algo realmente perfeito. Me Chame Pelo Seu Nome é um desses casos, onde tudo funciona incrivelmente bem e o objetivo principal do longa é alcançado com margem folgada, proporcionando uma experiência realmente agregadora ao espectador. É tudo tão perfeito que realmente ultrapassa os limites da realidade.
Dirigido pelo italiano Luca Guadagnino – mesmo de Um Sonho de Amor, 2008 – seu novo filme narra a trajetória cruzada de Elio (Timothée Chamalet), de 17 anos e de Oliver (Armie Hammer), de 24 anos, aluno de seu pai (Michael Stuhlbarg), que é abrigado em sua casa de veraneio, no norte da Itália, a fim de realizar estudos sobre arte e filosofia. Ao longo do tempo, a relação dos dois começa a desenvolver para além do nível fraterno, fazendo um projetar no outro uma busca por maturidade e afirmação. Em dado momento o romance explode e ambos precisam saber lidar com tal sentimento, tendo em mente a partida cada vez mais próxima de Oliver à sua vida normal, nos Estados unidos.
É lindo ver James Ivory, roteirista veterano, beirando aos 90 anos, escrevendo um roteiro tão bem conduzido, no qual sabe muito bem aonde quer chegar e ao lado da direção primorosa de Guadagnino, que aparenta total domínio do texto, sabendo como alcançar a proposta do roteirista. O argumento é tão inspirador, retrata a passagem da maturidade masculina como pouco se vê, tendo como foco a descoberta de um amor e consequentemente do próximo corpo – da sexualidade, do sexo e desejo etc. São elementos muito bem trabalhados, na construção dos personagens, nas dinâmicas entre eles, na elaboração da relação de Elio e de Oliver e sobretudo num momento chave final, onde personagem chave desempenha um monólogo que é exatamente a síntese desse roteiro, exposta e explícita, para quem quiser ver e sentir. Há quem vá dizer ser um momento exageradamente didático, no entanto, me soou propício e totalmente sintomático como uma resposta ao momento que vivemos, numa crescente onda de intolerância e discurso de ódio travestido de opinião. Portanto, é um monólogo de tamanha relevância que por si só já faria valer Me Chame Pelo Seu Nome, mas ele é uma peça chave de uma verdadeira obra cheia de camadas.
Guadagnino desempenha um trabalho de direção caprichado, encontrando um ponto central entre a sutileza e o exagero. Como, por exemplo, quando Oliver é apresentado pela primeira vez à Elio, num típico café da manhã, onde ele aparece devorando com tamanho apetite brutal seu ovo, demonstrando voracidade que intimida o menino imediatamente. E isso vai o consumindo, com os seus hormônios em plena ebulição, fazendo a relação entre ambos ser inicialmente totalmente química com a erotização dos corpos entorno disso. O diretor faz um longa erótico sem usar ou precisar de qualquer ato explícito. O não dito e visto consegue atiçar muito mais nesse sentido, diante de uma direção tão bem realizada, um exemplo disso é uma cena onde Elio e Oliver deixam subentendido o sentimento um pelo outro, num trabalho soberbo de direção que, particularmente, me deixou ofegante.
Apesar do filme ser predominantemente as estrelas Timothée Chalamet (Interestelar) e Armie Hammer (Animais Noturnos), é notório se tratar de um amplo trabalho coletivo, desde direção e roteiro até trilha sonora (trabalho excepcional de Sufjan Stevens), direção de arte, fotografia, edição, figurino… Enfim, é um filme no qual todo mundo que esteve envolvido se doou ao máximo com o desejo do longa atingir seu máximo. E de fato conseguiram.
Um filme que é, acima de tudo, uma ode ao amor -em todas suas formas e cores – em sua plenitude, quando ele é aquele amor inocente, ou seja, o primeiro amor. Podem haver contestamentos, problematizações, entretanto é um discurso tão necessário, quase uma utopia em tempos tão obscuros, guardado num filme tão bem feito e bonito que é difícil ter má vontade com ele. Me Chame Pelo Seu Nome é um filme que, de tão perfeito, até duvidamos se é real. É algo idílico. É melancólico pensar que um discurso ao qual o filme propõe seja algo não correspondente com a mentalidade do mundo hoje.
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