Título Original: Inherent Vice

Direção: Paul Thomas Anderson

Roteiro: Paul Thomas Anderson

Elenco: Joaquin Phoenix, Katherine Waterston, Joanna Newsom, Jordan Christian Hearn, Josh Brolin

Produção: Daniel Lupi, JoAnne Sellar e Paul Thomas Anderson

Estreia Mundial: 04 de Outubro de 2014 (Festival de Nova Iorque)

Estreia no Brasil: 26 de Março de 2015

Gênero: Comédia/Drama

Duração: 148 minutos

Classificação Indicativa: 18 Anos

O chamado “sonho americano” já dissecado, dissertado, construído e desconstruido inúmeras vezes no cinema, se tornando uma temática batida. Entretanto, um diretor do porte de Paul Thomás Anderson consegue mostrar o quão fecundo o tema ainda consegue ser, simplesmente por escancarar o “american Dream” e o estilo americano de viver, satirizando de forma soberba os anos 70, sem a menor sutileza, pelo contrário, fazendo a exaltação da hipérbole num peculiar e singular filme noir. Assim, ‘Vício Inerente’ consegue ser uma das obras mais subversivas e ousadas desde, eu diria, “O lobo de wall Street”, de Martin Scorsese.

A trama se inicia no reencontro do detetive particular Doc (Joaquin Phoenix) com sua ex namorada Shasta (Katherine Waterson), ela pedindo ajuda para encontrar um magnata dos imóveis desaparecido que por ventura também é seu amante. Durante as investigações, a jovem também desaparece, novas peças surgem e o mistério todo parece ser muito mais macabro e complicado do que aparenta, sobretudo quando traficantes,  grupos neo-nazistas e o governo americano supostamente corrupto de Richard Nixon estão entrelaçados de forma peculiar. O detetive conta com certa ajuda do policial e ator fracassado “Bigfoot” (Josh Brolin), um excêntrico policial com relação pessoais mal resolvidas, além de repúdio pelo jeito “hippie” de viver, afinal, são os anos 70 e esse além de ser uma forma alternativa ao modelo americano padronizado de viver, é uma forma de protestar contra as atrocidades da governancia de Nixon. Nesse cenário onde a bizarrice é abundante, vemos a odisseia em busca da resolução do mistério, além do encontro de Doc e seus demais personagens com a “paz interior”.

O roteiro escrito pelo próprio Paul Thomás Anderson é um pouco confuso em vários momentos, pelo fato de serem tantos acontecimentos suscetíveis e múltiplos personagens, mas isso realmente não importa. Por quê? Ora, é um enredo tão instigante, uma estética vibrante, um elenco sobrenatural junto a uma direção ousada e precisa, conseguindo tornar o expectador parte dos anos 70, parte do movimento “hippie” e de todas as excentricidades e exageros vistos na tela. A direção de arte merece um destaque especial pela competência e precisão em reconstituir a época de forma tão grandiosa, acompanhando o ritmo exagerado do diretor, é algo tão impressionante quando a parte artística e a direção trabalham em perfeita sincronia, resultando essa obra incrível.

O elenco estelar aproveita cada um de seus membros: Joaquin Phoenix, novamente, numa performance soberba, mostrando ser um dos atores mais grandiosos dessa geração, temos ainda o incrível e subestimado Josh Brolin arrebentando como o bizarro policial Bigfoot. Pontas muito bem vindas e aproveitadas de Benício Del Toro, Eric Roberts e, pasme, Owen Wilson, todos ótimos e aproveitando ao máximo o texto que lhe é empregado. A trilha sonora também é outro ponto que consegue funcionar de forma espetacular, aumentando a imersão do público e compondo uma profundidade em algumas sequencias, não só as tornando memoráveis, como também incríveis.

Até se pode achar defeitos em Vício Inerente, como ele ser um pouco mais longo do que o necessário, mas isso realmente importa? Absolutamente não, pois se trata de um dos filmes mais interessantes, inusitados e divertidos dos últimos tempos, nos tornando, o trocadilho, viciados nesse estilo de cinema singular que Paul Thomás Anderson desempenha com tamanha maestria. A única lastima é aguardar quando veremos um filme desse primoroso diretor, não deixando outra saída que aproveitar ao máximo as imperdíveis obras do singular PTA. Para quem conhece, reveja, aos que ainda não foram apresentados: ta na hora de atualizar suas definições do que é cinema.

 TRAILER LEGENDADO

4 Comments

  1. Pingback: O Trailer de Phantom Thread, novo filme de Paul Thomas Anderson [Atualizado] - Cine Eterno

  2. Pingback: Crítica | Horas de Desespero (2015) - Cine Eterno - Cinema Sem Fronteiras

  3. Pingback: Crítica | Maria Madalena (Mary Magdalene, 2018) - Cine Eterno

  4. Pingback: Crítica | Licorice Pizza - Cine Eterno

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.