Título Original: Devil`s Knot
Direção: Atom Egoyan
Roteiro: Paul Harris Boardman e Scott Derrickson
Elenco: Colin Firth, Reese Witherspoon, Alessandro Nivola
Produção: Paul Harris Boardman, Elizabeth Fowler, Clark Peterson, Richard Saperstein, Christopher Woodrow
Estreia Mundial: 9 de Maio de 2014
Estreia no Brasil: 24 de Julho de 2014
Gênero: Drama/Crime/Biografia
Duração: 114 minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos

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The West Memphis Three é um dos casos policiais mais polêmicos que os EUA enfrentou (enfrenta, de certa maneira). A infinidade de suspeitos, a imperícia da polícia e a falta de provas consistentes do que aconteceu naquele 5 de Maio, aumentam ainda mais a curiosidade de todos que se deparam com o ocorrido. Tanto que já tivemos a trilogia Paradise Lost e o documentário West of Memphis sobre o tema. Sem Evidências, subvertendo as outras produções, apresenta-nos um novo ponto de vista com um enfoque maior em Pam Hobbs (Resse Witherspoon de Segundas Intenções) e em Ron Lax (Colin Firth de O Discurso do Rei).

Em Maio de 1993 três garotos de oito anos desapareceram após saírem para andar de bicicleta. Depois de alguns dias procurando nas imediações, os policiais os encontram no lago mortos e amarrados em seus cadarços. Durante as investigações, os peritos suspeitaram que as mortes haviam sido causadas por um ritual satânico realizado por três jovens de classe baixa. No filme, junto com os tramites jurídicos, acompanhamos o sofrimento de Pam, mãe de um dos meninos, tanto no seu luto, quanto na sua saga por tentar entender o que aconteceu. Enquanto isso, devido às inúmeras irregularidades no processo penal, vemos a quase obsessão de Ron Lax em tentar provar a inocência dos acusados.

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Sem dúvida é uma história forte. É difícil tentar entender como isso foi ocorrer. No entanto, o mais intrigante – e o longa deixa isto bem claro – é a forma como a Corte, a polícia e a Imprensa lidaram com os fatos. Desde a primeira vez que os jovens vão ao juíz, já há um aspecto de culpa presumida, mesmo as provas não havendo provas consistentes, os estereótipos já são suficientes para que toda aquela sociedade se ache apta para acabar com a vida desses 3 adolescentes. O diretor, de forma brilhante, apresenta-nos nas cenas de julgamento da película, a sua crítica social ao que vemos diariamente nos julgamentos envolvendo menores infratores: falta de vontade de buscar de fazer as ponderações necessárias para julgar corretamente um adolescente de 15 anos.

A vontade de punir e fazer “justiça” era tão grande que testes de DNA não foram feitos, amostras de sangue de um suspeito foram “perdidas”, ou seja, houve um descaso total das autoridades em tentar ouvir a defesa, deixando claro que desde o início dos julgamentos já haviam culpados, não havia espaço para defesa, era tudo para enfeitar e mostrar serviço. Muito disso se deve ao fato de que ambos os púberes acusados tinham ligações com bruxaria, vestiam-se de preto e, o mais agravante para a decisão, eram pobres. Ron Lax, percebendo essa séries de inconsistências, fez o possível para que mais averiguações fossem feitas, contudo não houve esforço da Corte para tentar ouvir a defesa.

Se o filme acerta na excelente crítica social que faz tanto ao rótulo que a sociedade coloca em algumas pessoas, quanto na questão das injustiças que ocorrem no meio jurídico; erra, entretanto, na construção narrativa. O Roteiro de Paul Boardman e Scott Derrickson, baseado no livro da jornalista Mara Leveritt, insere muitos personagens de forma a, propositadamente, colocá-los como suspeitos, mas sem nunca desenvolvê-los. Por conseguinte, o espectador fica completamente perdido em alguns momentos devido à quantidade de elementos que vão sendo introduzidos. O fato do diretor não se decidir que estilo de narrativa vai seguir também corrobora nessa confusão, pois, em determinadas passagens, a produção tem o objetivo de ser uma recriação biográfica dos ocorridos, em outros assemelha-se a um documentário.

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Outro aspecto que empobrece a projeção, vem da escolha do diretor de fotografia (o qual também não concluiu se estava fazendo uma biografia ou um documentário) por tons mais claros que destroem todo o clima que o diretor Atom Egoyan (O Doce Amanhã) tenta criar pelo uso constante de planos fechados. O elenco, no entanto, é um dos pontos fortes do filme. Resse Witherspoon segura muito bem seu papel de mãe que precisa lidar com a perda de seu filho, juntamente com a dúvida de que a justiça não está sendo feita corretamente. Colin Firth, a despeito de ser pouco aproveitado, também é fundamental para nos levar junto à paranoia de seu personagem.

Apesar da sua grande quantidade de personagens não muito bem fundamentados, Sem Evidências funciona muito bem ao que se propõe: é tenso e inquietante na medida certa. Porém tem um ritmo lento de desenvolvimento o qual não irá agradar a quem não gosta de filmes policiais. À primeira vista, pode ser fatigante escutar a mesma história já contada em outros documentários, no entanto existem acontecimentos que necessitam ser relatados diversas vezes, com o objetivo de que nunca sejam esquecidos e de que nunca mais voltem a ocorrer.

TRAILER LEGENDADO

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