Título Original: Dawn of The Planet of The Apes
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver
Elenco: Andy Serkis, Gary Oldman, Keri Russell, Jason Clarke
Produção: Peter Chernin, Dylan Clark, Rick Jaffa e Amanda Silver
Estreia Mundial: 11 de Julho de 2014
Estreia no Brasil: 24 de Julho de 2014
Gênero: Ação/Drama/Ficção Científica
Duracão: 130 minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos

Se Planeta dos Macacos: A Origem, primeiro capítulo da nova saga adaptada da obra do francês Pierre Boulle, funcionava de alguma maneira, era porque Caesar, seu protagonista, um símio com características especiais transmitidas geneticamente e criado por humanos, é de longe uma dos grandes personagens já vistos nesse nicho de filme nos últimos anos. Tão crível e repleto de nuances humanas – e os créditos aqui são tanto dos roteiristas, quanto do trabalho exímio do Andy Serkis em cada um dos seus preciso gestos e expressões – que em certo momento você quase esquece que o personagem se trata completamente de uma concepção de CGI.

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Dito isso, chega a ser um tanto quanto decepcionante que os envolvidos nesse O Confronto, continuação que cresce não só em produção, mas também em temática e enredo, não tenham aparado as arestas do seu primeiro filme, principalmente por ter sob a direção um realizador tão competente quanto Matt Reeves (de Cloverfield e do remake de Deixe Ela Entrar), que ocupa o lugar deixado por Rupert Waytt. E também ao tratar de um projeto no qual suas subtramas não só se encadeiam, mas também carregam um valor equivalente, qual não só o roteiro, mas  o problemático trabalho de edição – e sua consequente falta de ritmo – não conseguem compensar.

O filme começa com um rápido resumo de como o vírus criado pelos cientistas do capítulo anterior dizimou praticamente toda a raça humana e, pulando dez anos dos acontecimentos pós os conflitos com os macacos na Golden Gate, encontramos uma sociedade de símios plenamente estabelecida e organizada na floresta de sequoias para qual migram ao final de A Origem.

Liderados por um Caesar robusto, pai de família, e marcado por cicatrizes da sua maturidade, cuja linguagem particular e um código de conduta que funciona na máxima de ‘macaco não mata macaco’, mantém em harmonia as inúmeras raças de macacos que convivem entre si. Ainda que, particularmente, me incomode muito o fato que essa sociedade seja um reflexo de uma base patriarcal ocidental até então, dentro do próprio universo do filme, em processo de extinção. Soa antiquado, por exemplo, o fato das fêmeas da espécie não terem qualquer outra função aparente se não à procriação. Um dos vários momentos em que o trabalho peca nos detalhes.

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É nesse cenário que um pequeno grupo de humanos liderados por Malcolm (papel de  Jason Clarke), rompe os limites da floresta em busca da última fonte de energia possível, uma hidrelétrica instalada próxima a aldeia na qual habitam os macacos, que faz emergir então o grande impasse do filme. E nesse ponto O Confronto não poderia ter sido lançado num momento mais oportuno. A alegoria sobre duas culturas diferentes coexistindo num mesmo espaço dialoga sem esforços com os conflitos geopolíticos cada vez mais violentos pelo qual passam Israel e Palestina. E Planeta dos Macacos é quase assertivo em engendrar esses pontos.

Já que o roteiro por um lado é muito bem resolvido ao explanar os dramas internos de Caesar, tão bem ou melhor que em A Origem, em ser o líder que seu povo merece versus o carinho latente que sente pela raça humana e pelo que de bom aprendeu com ela. Ou fazer crescer o antagonismo de Koba, um macaco que por outro lado, só aprendeu o ódio com os humanos. Mas que perde a mão por completo ao tornar ele um líder fascista simplesmente por ser, desbocando na constrangedora sequência de invasão a São Francisco, com um exército de macacos empunhando metralhadoras.

Por outro, o eixo humano tal qual no capítulo anterior, continua a comprometer. E ainda que o personagem de Clarke convença muito mais que James Franco enquanto figura pacificadora, os coadjuvantes são uma pilha de figuras estereotipadas e dispensáveis, com direito a ter uma participação de luxo de Gary Oldman, que não tem oportunidade de ser o líder qual de início é apresentado, já que a edição tratou de sumir com ele em grande parte da projeção.

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Do mais, a produção é bem assertiva em termos técnicos. O CGI, que sofreu severas crítica no primeiro capítulo, é primoroso. Há um plano fechado do rosto de Caesar que impressiona tamanha riqueza de detalhes. E o design de uma São Francisco pós-epidemia e da ameaçadora floresta de sequoias são bem explanadas pela fotografia em tons escuros. Trabalho que merece uma escolha sensata pelo 2D e não pelo 3D porcamente convertido qual tem sido vendido.

O que enfim acaba faltando a Planeta dos Macacos: O Confronto, e principalmente à direção de Reeves, trabalho menos resolutivo e muito mais assertivo e pautado em criar uma ambiência, talvez seja uma visão geral de tudo que ele engloba. Até porque não dá pra acreditar que o mesmo filme que propõe uma visão panorâmica, pesando os dois lados da moeda, e chegando a um inevitável cenário de guerra, abrace um final tão tacanho quanto à reafirmação dos símbolos patriarcais americanos. Mesmo num ambiente tão diluído.

 ~~TRAILER LEGENDADO~~

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