Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword, 2017); Direção: Guy Ritchie; Roteiro: Joby Harold e Guy Ritchie & Lionel Wigram; Elenco: Charlie Hunnam, Àstrid Bergès-Frisbey, Djimon Hounsou, Aidan Gillen, Jude Law, Eric Bana; Duração: 126 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Fantasia; Produção: Guy Ritchie, Akiva Goldsman, Joby Harold, Tory Tunnell, Steve Clark-Hall, Lionel Wigram; Distribuição: Warner Bros. Pictures; País de Origem: Estados Unidos, Reino Unido; Estreia no Brasil: 18 de Maio de 2017;
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Depois de um casamento bem-sucedido na franquia Sherlock Holmes, parecia viável tentar outros investimentos conduzidos por Guy Ritchie, principalmente aqueles que deixassem portas abertas para novas franquias, algo que, ao menos com a Warner, é provável não vermos acontecer tão cedo após o desastroso lançamento de Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword). Era uma tragédia anunciada, porém, visto que o filme anterior do diretor em parceria com o estúdio já havia encontrando suas dificuldades em vingar nas bilheterias, e mesmo o consenso da crítica, apesar de positivo, não havia sido dos mais favoráveis. O próprio filme não foi bem com o público, ainda mais terminando sem pudor de deixar claro que é apenas o início de uma história e, apenas dois anos depois, não sendo tão simples encontrar algum espectador que fale com louvores sobre O Agente da U.N.C.L.E. (The Man From U.N.C.L.E.). Lógico que aqui se encontra um deles e, até onde sei, sou um dos fãs e defensores mais ávidos do filme anterior do diretor. Situação para a qual pareço novamente me encaminhar com este novo filme que, honestamente, não surpreende desagradar a muitos, mas que vai de encontro às expectativas que tinha entorno de si, tanto nos meus quesitos quanto nos mercadológicos e de público, rendendo duas das mais frenéticas horas que você verá em um filme esse ano.
A história é bastante simples, e a releitura das clássicas lendas é feita de forma que o próprio filme se apresenta como auto depreciativo, vide a própria linguagem dos personagens, que recebem uma determinada modernização. A faceta de canastrão do filme se encontra refletida do diretor, e co-roteirista, a seus personagens, principalmente no lado dos heróis e no protagonista interpretado por Charlie Hunnam (A Colina Escarlate, Círculo de Fogo). É como se este representasse o próprio filme e seu orçamento, detentor de um fardo cuja peso não lhe interessa carregar, mas se vê em tal posição. Óbvio que uma leitura metalinguística como tal não é algo ao qual Rei Arthur: A Lenda da Espada se preste. Mas há uma noção e um conhecimento das limitações às quais em momento algum se tentam ultrapassar. Os personagens coadjuvantes muitas vezes se encontram perdidos em tramas paralelas numa narrativa abarrotada demais para lhes dar a devida atenção. Djimon Hounsou (A Lenda de Tarzan) e Aidan Gillen (Game of Thrones), que interpretam líderes da resistência, tem suas desavenças pessoais e motivações, mas é um conhecimento lógico de um raciocínio feito pelo próprio espectador, com o filme não tendo interesse algum em desenvolvê-las. Suas cenas, porém, servem mais como exposições de roteiro para um e sequências tímidas de ação para outro, respectivamente. Em parte, é um problema de roteiro, em parte, é uma forma de os assimilar como dispensáveis e os tornar mais passíveis.
No entanto, a razão pela qual, mais provavelmente, ambos os personagens se veem diluídos em meio a narrativa é justamente pela frenética estética que Guy Ritchie implanta no filme. É como se os dois Sherlock Holmes do diretor e seu filme anterior fossem um ensaio para o que se tenta realizar aqui. A dedução de um e as elipses de outro, unidas a uma montagem acelerada, transformam Rei Arthur: A Lenda da Espada num filme que é, por si, uma espécie de grande elipse. Há algo como uma injeção de êxtase advinda de tais combinações que faz parecer como se estivéssemos a nos deparar com um trailer de duas horas de duração. Há excessos, como uma visita ao mundo das trevas, que ainda que tenha um objetivo claro, dá demonstrações de um desgaste e uma falta de foco. Mas não foge da jornada do herói em sua forma clássica e bem utilizada, com os simbolismos bem pontuados e cuja figurativismo se beneficia da aura idílica que estiliza os momentos de maior misticismo da produção. A construção dessa ideia que Guy Ritchie tem para o filme recai muito sobre os ombros de Daniel Pemberton (O Conselheiro do Crime), compositor da trilha sonora, e a maneira como a música se torna simbiótica à história, e parece por si dar o tom das sequências, exaltando o quão empolgante é Rei Arthur, que está longe de ser uma obra-prima, mas diverte com intensidade.
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