Horas de Desespero (No Escape, 2015); Direção: John Erick Dowdle; Roteiro: John Erick Dowdle e Drew Dowdle; Elenco: Owen Wilson, Pierce Brosnan, Lake Bell; Produção: Drew Dowdle, David Lancaster e Michel Litvak; Gênero: Ação; Duração: 103 minutos; Classificação Indicativa: 16 anos;
Sabe aquele sensação pós filme em que parte de você acredita que ele até que é bom e outra parte acha tudo uma bela porcaria. Bem, é assim que me senti após assistir Horas de Desespero. As atuações de Owen Wilson (Vício Inerente), Lake Bell e Pierce Brosnan (November Man: Um Espião Nunca Morre) são boas, mas a história é péssima; algumas cenas de ação funcionam muito bem, enquanto o resto beira o desleixo. Enfim, são tamanhas as antíteses de sentimentos durante a projeção que no fim nada mais faz sentido, tanto para os personagens, quanto para o espectador.
A película já começa de forma errônea ao tentar, sem sucesso, criar um suspense com um assassinato do primeiro ministro sem explicitar os motivos que levaram à consumação do crime. A partir desse momento, cria-se uma expectativa de que haverá alguma explicação sobre o que aconteceu, contudo isso fica só na expectativa e, logo após essa introdução, os protagonistas já são apresentados e nunca mais se toca no assunto. Então, vamos ao que interessa (ou não): a história. Jake (Owen Wilson) é um engenheiro hídrico e, após ser promovido, muda-se com sua esposa (Lake Bell) e suas duas filhas para um país perto do oriente médio. Tudo corria bem até que grupos locais armados começam a persegui-lo, sob o argumento de que ele é um dos responsáveis por privatizar a água daquele estado.
A partir daí, é puro exercício (falho) de gênero: ele é o perseguido, precisa fugir, mas está em um local desconhecido, sem ajuda, até que surge um americano, nesse caso, Pierce Brosnan, para auxilia-lo a fugir dos “terroristas”. É aquele clichê de mocinho e vilão e personagens unidimensionais que chega a dar sono só de lembrar. Mas nada consegue ser pior do que os diálogos vergonha alheia, nos quais, além de preguiçosos, são deveras expositivos, basicamente repetindo o que se vê em tela.
Entretanto, há elementos interessantes na produção: a direção de arte, por exemplo, é bastante competente, não só pelas belas locações escolhidas, mas pela forma como os cenários são montados, sempre de forma caótica, bagunçada, lembrando de certa forma como está a vida da família. O mesmo pode ser dito do figurino e da maneira como este é utilizado para representar a infelicidade dos protagonistas com a mudança, a exemplo do emblema remetendo os EUA sempre presente na camisa de Jack. Além disso, também destaco a direção de John Erick Dowdle nas cenas iniciais dos protestos e na primeira perseguição, as quais foram muito bem coreografadas e filmadas, atingindo o objetivo de criar uma urgência, sem recorrer a saídas óbvias, pena que o resto da fita não é assim.
Em suma, Horas de Desespero é apenas mais um genérico de ação. Claro, já ganhou uma cadeira cativa na “lista de esquecimento” do ano.