Ferrari” (2023); Direção: Michael Mann; Roteiro: Troy Kennedy Martin; Elenco: Adam Driver, Penélope Cruz, Shailene Woodley, Sarah Gadon, Gabriel Leone, Jack O’Connell, Patrick Dempsey; Duração: 130 minutos; Gênero: Biografia, Drama, Esporte; Produção: Michael Mann, P.J. van Sandwijk, Marie Savare, John Lesher, Thomas Hayslip, John Friedberg, Andrea Iervolino, Monika Bacardi, Gareth West, Lars Sylvest, Thorsten Schumacher, Laura Rister; País: China, Estados Unidos, Itália, Reino Unido; Distribuição: Diamond Films; Estreia no Brasil: 22 de Fevereiro de 2024;

Ferrari 02
(Divulgação: Diamond Films, STX Entertainment)

Apesar de muito cultuado em alguns círculos, o cinema de Michael Mann certamente é menos apreciado e reconhecido do que devia, tanto é que chega a ser espantoso percebemos que lá se vai quase que uma década inteira entre seu último filme, “Blackhat”, e o lançamento de “Ferrari”. Tempo demais para ficarmos sem um filme de um dos melhores cineastas de sua geração. Felizmente, Mann retorna em sua melhor forma, com um filme que reconta um período determinante na história da fabricante mais famosa de automóveis de luxo, seu fundador e dono, e as conturbadas relações que ajudam a definir um legado cuja tamanho não cansa de deixar claro sua grandeza. Situando-se em 1957, cerca de um ano após a morte do primogênito de Enzo Ferrari, Dino, o filme justapõe a crise familiar e a crise financeira que afetam Ferrari -pessoa física e jurídica, e como as duas coisas se confundem e se unem para definir o que é o mito e o que é legado Ferrari. Através do olha de Mann, torna-se assim, portanto, uma cinebiografia que vai além do protocolar para contar uma história que mesmo que possa parecer de nicho, se faz uma experiência singular e indispensável.

Ferrari 03
(Divulgação/Imagem: Diamond Films, STX Entertainment/Lorenzo Sisti)

Ferrari” obviamente ainda tem algumas questões que são similares a maioria dos filmes que dramatizam a vida dessas figuras públicas, como floreios ou licenças poéticas, mas aqui isso pouco influência no filme, porque Michael Mann é tão direto naquilo que deseja retratar e na funcionalidade de seus personagens que o filme flui com muita naturalidade. Um Adam Driver extremamente competente é a força motriz do filme, mas o grande destaque fica para Penélope Cruz e o impacto que ela causa em cada cena que aparece. A construção de uma personagem enlutada, mas que precisa dar continuidade naquilo que pertenceria ao seu filho é entregue numa atuação arrebatadora da atriz, capaz de transmitir os sentimentos e o peso das ações de sua personagem com maestria, se fazendo o elo emocional mais forte do filme e dando a “Ferrari” o poder de comover através de suas outras tramas. Isso porque a maneira como Michael Mann intercala esse drama familiar com o “filme de esporte” que caminha ao seu lado, tendo como destaque o personagem interpretado pelo ator brasileiro Gabriel Leone, culmina num clímax assombroso quando todas as peças do filme se encaixam, numa condução na qual o cineasta nos relembra o motivo pelo qual detém tal status.

Ferrari” – Trailer Legendado:

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