Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, 2016); Direção: Antoine Fuqua; Roteiro: Richard Wenk e Nic Pizzolatto; Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Vincent D’Onofrio, Ethan Hawke, Haley Bennett, Peter Sarsgaard, Martin Sensmeier, Manuel Garcia-Rulfo; Produção: Roger Birnbaum e Todd Black; Estreia no Brasil: 22 de Setembro de 2016; Gênero: Ação, Faroeste; Duração: 132 minutos; Classificação Indicativa: não recomendado para menores de catorze anos;

Os famigerados westerns spaghettis representaram uma fase muito interessante do cinema norte-americano (que, na verdade, eram feitos na Itália, mas abafa o caso). Lá encontrávamos grandes diretores os quais conjugavam excelentes roteiros com exímias atuações e, claro, sempre aliados a trilhas sonoras que ecoam até o presente. Contudo, esse gênero foi perdendo força e, atualmente, o que nos resta é lembrar…ou homenagear. Sete Homens e Um Destino segue essa última ideia, é referência do início ao fim, tanto na estética, quanto na história (uma refilmagem de um clássico que, por sua vez, também é um remake de outro clássico do cinema japonês), o que não falta são exaltações a um tão querido movimento que tornam esta produção um novo achado para os aficcionados pelos faroestes.

Caso você ainda não tenha visto nem Os Sete Samurais do Kurosawa ou o Sete Homens e Um Destino de 1960 do John Sturges (ou, até mesmo, a animação A Vida de Inseto do John Lasseter e do Andrew Stanton), no enredo temos uma pequena vila que é invadida por uma gangue burguês liderada por  Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) cujas atividades são, basicamente, matar e roubar os moradores e fazê-los de escravos. Inconsolável após o assassinato do marido, Emma Cullen (Haley Bennett) sai para procurar ajuda e encontra Chisolm (Denzel Washington) que se solidariza com a causa e resolve reunir um exército incomum para enfrentar a vilania de Bogue.

Logo de cara a produção já acerta na escolha do diretor Antoine Fuqua. Seus trabalhos são completamente diferentes um do outro, ele é muito versátil e, portanto, sabe usar e abusar de convenções de gênero, sempre trazendo seu toque especial. Foi o que ele fez em “Dia de Treinamento”, passando pelo “Invasão a Casa Branca”, terminando em “Nocaute”. São três filmes completamente opostos e ambos muito eficientes. Sete Homens não é uma exceção. Fuqua sabe dos estereótipos dos westerns: planos americanos, primeiríssimos planos, longas cenas quase que fixas no olhar dos personagens, ou seja, durante toda projeção parece que ele está brincando de fazer faroestes e a diversão dele em fazer isso é explícita e divertida de assistir.

Embora a fita se passe em uma época específica na qual o preconceito com negros e mulheres era ainda mais exacerbado do que é hoje, é importante ressaltar a intenção dos roteiristas Richard Wenk e Nic Pizzolatto de atualizar certos conceitos. Historicamente faria sentido dar menos importância a minorias, porém – felizmente – isso não acontece, por exemplo, o protagonista é negro; Emma -personagem que perde o marido – poderia ser apenas uma donzela “sofrenilda” com a sua perda, mas não ela é forte, sem medo de pegar em armas; os personagens latino e indígena, em um longa qualquer, até nos dias de hoje (cof. esquadrão cof. suicida), não teriam mais que 20 minutos de cena, digamos que, aqui, sem dar spoilers, eles não são descartados com tanta rapidez.

Então, se já não bastasse a excelente direção remetendo aos clássicos e o roteiro resolvendo os problemas morais dos antigos westerns, ainda escolhem a dedo um timaço de atuação. As menções honrosas vão para: Denzel Washington que, no auge de seus 61 anos, ainda coloca no bolso muito novinho; Chris Pratt que, além de sempre embelezar o quadro, funciona como personagem para se adorar; Vincent D’Onofrio que está apenas hilário; e, para finalizar, é claro, o vilão interpretado pelo Peter Sarsgaard que aposta em uma caricatura muito acertada.

Em suma, Sete Homens e Um Destino de 2016 é um remake que, ao contrário da maioria dos outros, faz sentido em existir. Assume o seu papel, respeitando o original; sem nunca deixar, todavia, de apontar as suas próprias peculiaridades. Ademais, não tem medo de cometer incongruências históricas para consertar injustiças históricas, então, sem mais, o novo Sete Homens e Um Destino é um jovem clássico que merece, a partir deste momento, ser citado juntamente de seus anteriores.

TRAILER LEGENDADO

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