Direção: Zack Snyder
Roteiro: Chris Terrio e David S. Goyer
Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Gal Gadot, Holly Hunter, Diane Lane, Laurence Fishburne
Produção: Charles Roven, Deborah Snyder, Curt Kanemoto, Gregor Wilson
Estreia Mundial: 25 de Março de 2016
Estreia no Brasil: 24 de Março de 2016
Gênero: Ação/Aventura/Fantasia
Duração: 151 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
No atual cenário cinematográfico, há duas correntes envolvendo super heróis: de um lado, a Marvel/Disney e o seu universo já consolidado; e do outro a DC/Warner tentando iniciar uma franquia, para também estabelecer o seu mundo. Um já tem basicamente uma fórmula e uma cadeia de produção; o outro tenta imitar essa cadeia, mas quer diferir na fórmula. Sem entrar no mérito de quem é melhor, um fato é evidente: um pode aprender com os erros do outro. Porém, aparentemente, não é isso que acontece e a questão fica restrita à Marvel como sendo a que faz filmes mais leves e “simples” e a DC que faz longas complexos e “densos”. E isso é levado a cabo por Batman vs Superman que se propõe, o tempo todo, a ser um drama com discussões politizadas, profundas e, claro, recheado de ação. No entanto, isso tudo tem um preço alto e que, quando se exagera nesses objetivos ultra-realistas, o resultado pode ser a apatia do espectador para com a película, ainda que todo o resto da produção seja muito bem feito.
Sem falar demais, pois não vou dar spoilers, a narrativa se inicia apresentando Bruce Wayne (Ben Affleck) e o seu passado (pais assassinados, filho revoltado e perturbado = Batman), logo depois começamos a ver os reflexos dos acontecimentos do filme anterior na vida de Wayne e de como toda aquela destruição na luta do Zod fez com que ele perdesse colegas de trabalho e funcionários e, então, ele começa a colocar a culpa no Superman (Henry Cavill), assim como uma parte da sociedade. Por outro lado, alguns enxergam O Homem de Aço como um salvador, um Deus e os ânimos começam a se exaltar quando a Senadora Finch (Holly Hunter) apresenta projetos para questionar os poderes do Superman frente aos do Estado e aos do governo. Ao mesmo tempo, Lex Luthor (Jesse Eisenberg) – CEO da Lex Corp – trabalha no desenvolvimento de um mineral que pode enfraquecer o alter ego de Clark Kent e, assim, destruí-lo.
Feitas as devidas apresentações, vamos ao que interessa. É bom ou não é? Bem, depende do ponto de vista. Percebe-se que o filme foi feito com muito esmero, mas de forma bastante cautelosa, tendo em vista que toda uma nova franquia depende do sucesso dessa produção. Como o próprio nome já diz, é a origem da Liga da Justiça e esse fato é quase que martelado o tempo inteiro. Desde o início da fita – apresentação do Batman, depois introdução da situação de Clark Kent/Superman, após os acontecimentos de O Homem de Aço -, tudo parece uma grande preparação para o que vai acontecer e, ainda que isso não tenha me incomodado, as consequências dessas escolhas prejudicam o envolvimento que temos com os personagens, abordarei esse tópico com um pouco mais de profundidade logo mais. Assim, se for para classificar, Batman vs Superman é eficiente e bem feito, contudo está longe de ser ótimo.
Além disso, o design de produção está deslumbrante seja pelos figurinos e pelos cenários, seja pela forma como tudo isso se alia para contar a história, tanto que dá vontade de ter um daqueles braceletes da Mulher Maravilha (Gal Gadot) ou os equipamentos do Batman (ou até os músculos do Henry Cavill e do Ben Affleck – que tão de parabéns, por sinal). Outro ponto a ressaltar é, sem dúvida, a trilha sonora do Hans Zimmer que é, mais uma vez, espetacular e, bastante minimalista, lembrando, na maior parte da projeção, à d’O Homem de Aço, inclusive repetindo trechos das composições da produção anterior. Aliás, não posso deixar de comentar a semelhança dos arranjos do tema desse Batman com o do Christopher Nolan, principalmente levando em conta que o compositor é o mesmo nas duas franquias. Mesmo assim, apenas soa familiar, não é cópia, mas, lá no fundo, dá aquela sensação de que já escutamos isso antes, o que não deixa de ser uma “auto-homenagem” de Zimmer.
E, falando em Batman, a pergunta que não quer calar é se Ben Affleck dá conta ou não do recado. E eu digo que sim, ele funciona muito bem no papel (e arrisco dizer que ele é uma das melhores coisas do longa), as suas motivações são críveis e, logo, logo ele já incorpora – e muito bem – o Batman e eu não estava mais preocupado com o ator. Ademais, tem também a Mulher Maravilha que, apesar de não ter seu nome citado em qualquer diálogo, quando aparece em tela, rouba a cena total, principalmente porque, primeiro, ela entra na briga e chega dando porrada mesmo e, segundo, porque Hans Zimmer criou um tema – o qual, por sinal, é excelente – para a personagem. Assim sua aparição ganha um peso muito grande, mesmo que não tenha um destaque maior na fita.
No entanto, a película padece de alguns vícios que, com certeza, vão incomodar muita gente. Dentre alguns, vou me limitar apenas a dois e de maneira meio abrangente, visto que não quero dar nenhum spoiler, nem nada. O primeiro é da montagem cominada com o roteiro. De todos personagens principais da trama, só conhecemos o Superman. Lex Luthor, Batman e Mulher Maravilha ainda não foram introduzidos, então, como era de se esperar, os primeiros minutos de projeção dão ênfase na apresentação dessas novas figuras, no entanto, por ser um quantidade relativamente grande de pessoas a serem expostas, esses minutos viram quase uma hora. Assim, a impressão que fica é que se tem muita introdução para pouco clímax. E essa questão, acaba resultando no segundo problema que é a impessoalidade quase exacerbada da fita, isto é, falta envolvimento emocional com o que ocorre em tela, beirando a apatia e o desinteresse, muitas vezes. Isso também se deve às “escolhas” (presumo) de Snyder e dos roteiristas Chris Terrio e David S. Goyer de trazer um debate moral no início sobre se o governo deve ou não se meter na vida do Superman e, por tabela, de todos os outros heróis, para, depois de um certo acontecimento, simplesmente deixar essa discussão de lado, quase que a postergando – ou não – para o próximo filme.
Barulhento e cheio de destruição para tudo que é lado, Batman vs Superman funciona ao que se propõe: ser um filme de origem. É o início de uma franquia e, como sempre, teve seus erros e seus acertos. Assim, desejo sorte a Warner para que consiga manter um nível bom em suas realizações seguintes, principalmente para não repetir os erros constantes da Marvel em que os longas parecem ter uma fórmula de produção, ainda que existam, claro, exceções. Enfim, agora só nos resta esperar os próximos capítulos.
Ahh e não posso deixar de comentar, mas ver Batman e Superman se enfrentando é do CA!@#$O.
E não, não tem cenas pós-créditos.
TRAILER LEGENDADO
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