Direção: Carlos Aberto Riccelli e Kim Riccelli

Roteiro: Bruna Lombardi

Elenco: Bruna Lombardi, Rodrigo Lombardi, Eduardo Moscovis, Mariana Lima, Tiago Abravanel, Miá Mello, Marcello Airoldi, Kim Riccelli, Letícia Colin, Bianca Müller e Carlos Alberto Riccelli.

Produção: Bruna Lombardi, Carlos Alberto Riccelli e Geórgia Costa Araújo

Estreia: 25 de Fevereiro de 2016

Gênero: Comédia/Musical

Duração: 113 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos

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Existe uma linha muito tênue que permeia qualquer musical: o fato de os personagens “do nada” saírem expressando seus sentimentos por meio do canto tem de ser feito de uma maneira que não soe superficial, ou pior, que não fique vergonha alheia. Sem muita firula, é esse o caso de Amor em Sampa: as canções não têm timing, as atuações são péssimas (não vou nem falar da qualidade vocal, porque nem o óbvio autotune consegue salvar) e, claro, o roteiro e os diálogos não ajudam.

No filme apresentam-nos diferentes núcleos de distintas camadas da sociedade que, de uma maneira ou de outra, vão acabar se interligando – e sim, qualquer semelhança com os longas de Garry Marshall (Noite de Ano Novo, Idas e Vindas do Amor…), não é mera coincidência, haja vista a semelhança gritante de estilos. Cosmo (Carlos Alberto Riccelli) é um taxista, que largou o escritório e apaixonou-se por andar pela cidade levando pessoas. Ele é amigo de Mauro (Poe Dameron, digo, Rodrigo Lombardi), que é um publicitário solteiro e com o ideal de revitalizar São Paulo. Para realizar esse sonho, ele busca o apoio de Aniz (Bruna Lombardi), uma empresária fria em suas relações, mas que ainda guarda um pouco de sensibilidade e amor, para tentar viver um romance com o ambicioso Lucas (Eduardo Moscovis).

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Além desses personagens, há uma série de outras participações especiais que são tão estereotipadas que dá até vergonha de lembrar como, por exemplo, o casal gay Raduan e Ravid (Tiago Abravanel e Marcelo Airoldi, respectivamente), as amigas e aspirantes a atriz Mabel e Carol (Letícia Colin e Bianca Muller) e mais um monte de gente para encher linguiça. Bem, não preciso nem dizer que a fita é um desastre no quesito profundidade de relações. É muita gente, para uma história fraca e batida e, para piorar tudo, ainda tem música no meio, literalmente. Os personagens param e começam a cantar o que estão sentindo e é péssimo. As letras são horríveis e ninguém ali é cantor ou fez preparo porque dá para ver, ou melhor, ouvir que houve tratamento das vozes na pós produção.

O roteiro, escrito pela Bruna Lombardi (responsável, também pelo terrível Onde Está a Felicidade) recorre a clichês do início ao fim, desde a relação de amor e ódio com São Paulo até a forma como as histórias se interligam. É de doer. No entanto, nada incomoda mais do que a falta de originalidade. A produção de passa em São Paulo, cultua a cidade, cria alternativas para melhorá-la, mas parece apenas vê-la de cima dos grandes prédios dos executivos (como a própria Aniz se refere em um diálogo), não desce para as ruas lotadas, para a periferia, para o povo. Isso fica ainda mais evidente pelo estilo das músicas cantadas, todas são meio jazz, com instrumentos clássicos, naquela pegada Broadway, porém nada a ver com São Paulo. Cadê a MPB, o funk e os outros gêneros? Fica difícil alguém que só anda de helicóptero notar essas peculiaridades.

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Por fim, Amor em Sampa, pode funcionar como uma comédia despretensiosa e sem recorte social algum. Se alguém conseguir ir ao cinema desligar o cérebro, até conseguirá achar palatável essa película. Reconheço, também, que, dentre as globochanchadas da vida, essa é a menos pior no quesito técnico, visto que há um mero cuidado com fotografia, figurino (para que não pareça um especial de fim de ano Global) e até em direção – há momentos interessantes como a abertura da fita, por exemplo. Entretanto, a partir do momento em que se aprofunda a análise, percebe-se que Amor em Sampa peca na sua leitura de mundo e de personagens os quais, infelizmente, são unidimensionais e não parecem seres humanos. Aliás, tudo parece tão artificial quanto as plásticas de Riccelli.

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