Título Original: Solace
Direção: Afonso Poyart
Roteiro: Sean Bailey, Ted Griffin
Elenco: Anthony Hopkins, Abbie Cornish, Jeffrey Dean Morgan, Colin Farrell, Marley Shelton, Kenny Johnson
Produção: Thomas Augsberger, Claudia Bluemhuber, Beau Flynn, Matthias Emcke e Tripp Vinson
Estreia Mundial: 02 de Setembro de 2015
Estreia no Brasil: 25 de Fevereiro de 2016
Gênero: Thriller/Policial/Drama
Duração: 101 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Pra quem não sabe, Presságios de um Crime, por pouco, não saiu do papel: o roteiro passou pelas mão de “trocentos” escritores; depois de filmado e finalizado, encontrou dificuldades de distribuição; ficou engavetado por mais de um ano até que chegou, ano passado no EUA e agora, em 2016, estreia nas salas brasileiras. Quando isso acontece, geralmente oo filme é ruim ou acaba sofrendo com essa dança de cadeiras. Aqui, a segunda opção acontece. O longa não é descartável, mas apresenta algumas falhas estruturais que poderiam ser resolvidas caso houvesse uma maior organização.
Anunciado como um thriller policial seguindo a linha de Seven – Os Sete Crimes Capitais e até de O Silêncio dos Inocentes, a fita nos apresenta John Clancy (Anthony Hopkins), um agente do FBI aposentado que possui poderes premonitórios. Joe Merriwether (Jeffrey Dean Morgan), ex-colega ainda na ativa, o convence a voltar para ajudar a prender um serial killer que aparenta sempre estar um passo à frente. Com o passar do tempo, Clancy percebe que o criminoso também possui os mesmos poderes de pressentimento e que, ademais, as suas vítimas são sempre pessoas que sofrem ou vão sofrer de doenças que irão lhes causar uma morte dolorosa.
Durante a primeira hora de projeção, a produção usa e abusa dos clichês do gênero: investigação, com uma ou outra cena de ação, mas nada que fuja do comum. A partir do momento em que o vilão Charles Ambrose (Farrell) finalmente dá as caras (isso lá no terceiro ato da película), as coisas mudam e, com efeito, ficam mais interessantes, uma vez que é introduzida a discussão de tirar a vida de pessoas doentes, antes mesmo que elas possam sofrer. É um tema amplamente discutido pela filosofia e pela política e, de certa forma, é uma surpresa quando essa reflexão começa a surgir no final. No entanto, era bom demais para ser verdade e o debate é tão raso quanto as resoluções dos conflitos no fim da narrativa.
Por outro lado, o elenco, consegue segurar os chavões de roteiro e as superficialidades, deixando tudo um pouco mais palatável. É gostoso ver Hopkins no papel de um clarividente misterioso e que lembra o tempo todo de seu personagem Hannibal Lecter. Jeffrey Morgan e Abbie Cornish funcionam como dupla, envolvendo o público no início, até Hopkins roubar a cena total e, por fim, Farrell acerta ao trazer um vilão nada caricato e, além de tudo, sensato, tanto que ele atinge o objetivo de nos fazer refletir em uma certa passagem, mas, claro, que ele fica no chinelo quando o comparamos com Kevin Spacey no final de Seven.
Enfim, Presságios de um Crime logra suas pretensões como filme de gênero. O diretor brasileiro Afonso Poyart (de Dois Coelhos), traz um clima de tensão eficaz; nas cenas de ação é possível entender o que está acontecendo; a fotografia também corrobora para criar esse clima. Por outro lado, o roteiro tem suas escorregadas quando insere, por exemplo, momentos como o de Clancy abrindo a porta antes de Joe tocar a campainha, porque ele é um vidente (hãã) ou quando tangencia uma discussão filosófica interessante como a que o vilão tenta abordar. O longa, assim, se prova como uma produção decente: não tem nada demais, mas é “assistível”.
TRAILER LEGENDADO