Título Original: Ich Seh Ich Seh

Direção: Severin Fiala e Veronika Franz

Roteiro: Severin Fiala, Veronika Franz

Elenco: Lukas Schwarz, Elias Schwarz e Susanne Wuest

Produção: Ulrich Seidl

Estreia Mundial: 30 de Agosto de 2014 (Festival de Veneza)

Estreia no Brasil: 10 de Março de 2016 (pré-estreias a partir de 25 de Fevereiro de 2016)

Gênero: Thriller/Terror

Duração: 99 minutos

Classificação Indicativa: 16 anos

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Seguindo a linha dos novos Cults de terror como Corrente do Mal e O Babadok, vem o Boa Noite, Mamãe, filme austríaco extremamente aclamado em vários festivais, rendendo, inclusive, uma indicação a melhor filme estrangeiro no Critics Choice Awards. E todo essa barulho não é por nada, uma vez que o longa é tenso e insinuativo em boa parte da projeção, mas, quando precisa ser, é visceral e explícito (até demais). E o melhor de tudo: não precisa de truquezinhos baratos para te assustar, ele já é espantoso por si próprio, bastando criar o clima.

A narrativa acompanha os gêmeos Lukas e Elias que se mudam, junto com sua mãe, para uma casa de campo. Ela precisa se recuperar de uma cirurgia de implante de uma nova face e, portanto, impõe algumas novas regras na residência, como proibição de animais e silêncio extremo para que possa descansar. Visto que a mãe começa a agir dessa forma estranha e que, aliás, ela só anda com vários curativos na cara, os irmãos começam a suspeitar que ela não seja a sua mãe de verdade e quando um deles é castigado por exigir que ela mostre uma marca de nascença, as suspeitas começam a aumentar. Quando ela retira as bandagens, apresentando um rosto diferente, os garotos passam a acreditar veementemente que essa não é mais sua mãe.

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Lembrando muito do filme Violência Gratuita do diretor Michael Haneke, Boa Noite, Mamãe vai construindo o seu clímax de maneira bem contida: inicia de maneira leve e, aos poucos, vai mostrando a reação dos meninos cada vez mais agressiva em relação à progenitora, até se renderem, no fim, à quase psicopatia. Essa construção, a despeito de ser batida, funciona de forma brilhante, já que cria um vínculo com o espectador o qual, assim como as crianças, estranha aquele monte de curativos na cara da Mãe, para depois questionar as atitudes deveras drásticas dela. Passamos boa parte da fita corroborando e entendendo as atitudes dos jovens, até que tudo foge do controle e passamos a temê-los, ao ponto de dizer que as gêmeas d’O Iluminado, agora, encontraram alguns companheiros para, quem sabe, brincar.

E é aí que o filme sai de um terror psicológico, para investir em algo mais explícito: as crianças aprisionam a mãe (que eles julgam impostora) na cama e começam a tortura-la. É meio desnecessário. Primeiro porque, evidentemente, eles não têm noção do que estão fazendo, ainda mais porque as formas são meio avançadas envolvendo super bonder e outros instrumentos que vou deixar para que vocês mesmos confiram. Esse surto, deixa a película mais instável do ponto de vista narrativo, tanto que há uma cena envolvendo a Cruz Vermelha que tenta, forçadamente, acirrar o clima de tensão, mas que não precisaria existir, aliás, mais cria barriga na fita, do que deixa o espectador mais atento.

Outro ponto, que pode vir a ser um problema, é o final. Sim, há um plot twist e quem for mais atento ou já tiver alguma experiência com outros filmes (que não vou contar quais para não entregar), vai se ligar da situação bem antes do final. Assim, também falta um pouco de sutileza na excelente direção de Severin Fiala e Veronika Franz que a despeito de nos entregar uma atmosfera tensa e claustrofóbica, acaba falhando neste aspecto, mas que poderá incomodar ou não, dependendo do grau de atenção.

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De qualquer forma, Boa Noite, Mamãe merece o selo cult que vêm recebendo. Primeiro pela originalidade de trazer um questão atual como a cirurgia de implante de rosto e, assim, especular, ainda que de forma mais radical, as consequências dessas transformações drásticas na cabeça de crianças. Ademais, é sempre bom ver o gênero ganhando uma sobrevida após os desastres que quase o destruíram, ainda mais com essa sequência de produções relevantes como os já citados Corrente do Mal e O Babadok.

TRAILER LEGENDADO

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