Parasita (Gisaengchung, 2019); Direção: Bong Joon-ho; Roteiro: Bong Joon-ho, Han Jin-won; Elenco: Song Kang-ho, Lee Sun-kyun, Cho Yeo-jeong, Choi Woo-shik, Park So-dam; Duração: 131 minutos; Gênero: Comédia, Drama, Suspense; Produção: Kwak Sin-ae, Moon Yang-kwon, Jang Young-hwan; País: Coreia do Sul; Distribuição: Pandora Filmes; Estreia no Brasil: 07 de Novembro de 2019;
O significado biológico de parasita é: “diz-se de ou organismo que vive de e em outro organismo, dele obtendo alimento e não raro causando-lhe dano.”
Talvez seja essa a melhor premissa para definir o longa vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano, “Parasita“, dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho (“Okja“). Aliás, quanto menos se souber sobre o filme, melhor é a experiência. Hoje em dia, todo mundo parece ter comentário sobre tudo, há uma banalização sobre o que é de fato um filme verdadeiramente memorável ou não. Eis que “Parasita” é muito mais do que falam, é uma obra que transcende o banal da “crítica social f*da”, alá “Black Mirror“, e engrandece a níveis cinematográficos únicos. “Parasita” é a referência escancarada no audiovisual. Gostando ou não, impossível negar sua grandeza, o que por si já torna uma obra imperdível.
O longa aborda o encontro de duas famílias completamente distintas: Uma elitizada, onde o pai é bem sucedido, a mãe é esposa troféu, os filhos tem futuro brilhante, orgulho do lar -aliás, que lar! Uma casa luxuosa, de dar inveja. Do outro lado, temos uma família de desempregados, que vive numa espécie de porão, numa periferia. Sobrevivem com bicos em uma pizzaria. Em dado momento, o encontro dessas famílias se dá na medida que os pobres começam a ser empregados dos ricos: O filho vira professor de inglês da filha pródiga, o pai vira motorista, a mãe governanta da casa e a irmã professora de artes do filho mais novo. As relações de classes parecem estar dadas de cara, só nessa sinopse, entretanto, Bong trabalha com nossa expectativa na forma a desconstruí-la da maneira mais instigante possível. O resultado rende um experiência, no mínimo, curiosa. Pode servir como estudo social, de causa, de classes, de personagens… Do que for. O fato principal é se tratar de uma amostra de Cinema, com máximo requinte possível, sem a menor pretensão de ir além de suas propostas.
Dizer que a direção do sul coreano é magistral é um mero eufemismo. Em mãos menos habilidosas, a narrativa cairia num lugar comum. O que Bong faz é incitar o espectador, provocá-lo, depois fazer uma desconstrução do resultado desta própria provocação, expondo os conflitos e pré-conceitos, no sentido literal, do próprio público. O resultado final é universal. Seja a cultura coreana ou a cultura brasileira, nós vemos aqueles personagens presentes no nosso dia a dia. “Parasita” pode ser taxado de inúmeros adjetivos, porém, não se pode dizer que não se trata de um filme memorável. Seja pela provocação ou seja pelo trabalho cinematográfico. Um longa ao qual ainda se falará muito nos próximos anos.
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