Problemas Com a Natureza (“The Trouble With Nature“, 2020); Direção: Illum Jacobi; Roteiro: Illum Jacobi, Hans Frederik Jacobsen; Elenco: Antony Langdon, Nathalia Acevedo, Andrew Jeffers, Ian Burns, Ulrik Wivel; Duração: 95 minutos; Gênero: Drama; Produção: Illum Jacobi, Xavier Rocher, Marina Perales Marhuenda, Katja Adomeit; País: Dinamarca, França; Distribuição: –; Estreia no Brasil: –;

Problemas Com a Natureza 02

A busca pelo sublime é o que guia “Problemas Com a Natureza”, não só a jornada de seu protagonista, Edmund Burke (Antony Langdon), como a do próprio filme em si, que dizer não ter grandes ambições seria injusto com suas próprias pretensões. E é, sim, um filme bastante pretensioso. Não é de todo um demérito, até porque o diretor Illum Jacobi consegue equilibrar essa ambição com seus personagens chave e um senso de autocrítica gerado pelo tom cômico que encara o protagonista, figura de certa maneira patética na forma como é constituída por padrões do período, mas fiel ao que sabemos historicamente.

Obviamente que também serve como sátira, e faz parte do contraponto que se tenta estabelecer. O descontentamento e frustração de um homem diante daquilo que pretende não somente explorar, mas utilizar como inspiração filosófica para se debruçar sobre sua escrita. A busca pelo sublime talvez sirva também como um perfeito contraponto com a sociedade contemporânea, na maneira como as ferramentas digitais, simultaneamente, atraem e distanciam as pessoas desse contato, que serve mais como um pano de fundo para ostentar nas redes sociais, do que de fato uma conexão com o mundo real. Contudo, de uma forma ou de outra, ela vem.

Porque o problema não é nem a natureza em si, mas quem está em contato com ela. Por isso é tão sublime -se me dão o perdão da palavra- a personagem de Nathalia Acevedo, que interpreta Awak, a guia nativa que acompanha Burke em sua jornada. Enquanto o protagonista rechaça tudo a sua volta, Awak parece ser acolhida por tudo e todos a sua volta, enquanto demonstra uma devoção intocada a seu chefe. Ela também acolhe tudo que vê a frente e, por isso mesmo, é rechaçada também por Burke, que se distanciam em suas jornadas e se desencontram.

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O que encontram, cada um tem para si próprio, mas o que encontramos no trabalho de Jacobi, no conjunto geral da obra, é algo singular e feito com uma clara intenção. Infelizmente, meio sem querer torna quase imensurável a vontade de assistir a “Problemas Com a Natureza” em um cinema, com a melhor qualidade possível, pois é uma produção que gera não só imagens, mas sons impressionantes, que envolvem, encantam, assombram e comovem, pois cumpre suas ambições, atinge esse status de arte que vai de encontro justamente com aquilo que reflete através de seus personagens. É de encher os olhos!

O que não é de encher os olhos, porém, é a atuação de Antony Langdon, mas justamente por ser tão visceral que gera uma espécie de um justificado asco. Incorpora a sátira de tal maneira que entra numa espiral de decadência numa atuação totalmente condizente a desgraça que encontra o protagonista, numa toada dramática que quando culmina em sua conclusão é o encontro daquilo que tanto buscava, em uma cena que sintetiza, não só imageticamente, mas com um apelo emocional que transcende o que imagens podem traduzir. Havia um limite, não há mais. É sublime como encaramos o homem e o mundo naquele momento.

“Problemas Com a Natureza” – Trailer Oficial:

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