Crítica | Bates Motel | 5ª Temporada

- in Séries de TV
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Bates Motel (5ª Temporada) (A&E, 2013-2017); Criada por: Kerry Ehrin, Carlton Cuse, Anthony Cipriano; Direção: Tucker Gates, Sarah Boyd, Max Thieriot, Nestor Carbonell, Phil Abraham, Steph Green, Freddie Highmore, Olatunde Osunsanmi; Roteiro: Kerry Ehrin, Alyson Evans, Steve Kornacki, Tom Szentgyorgyi, Torrey Speer, Erica Lipez, Carlton Cuse, Freddie Highmore, Scott Kosar; Elenco: Vera Farmiga, Freddie Highmore, Max Thieriot, Olivia Cooke, Nestor Carbonell, Kenny Johnson, Ryan Hurst, Brooke Smith, Isabelle McNally, Austin Nichols, Rihanna; Número de Episódios: 10 episódios; Data de Exibição: 20 de Fevereiro a 24 de Abril de 2017;

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O texto contém spoilers.

Quando surgiu, Bates Motel fazia parte de uma onda que cada vez mais se vê consolidada na Televisão, onde mesmo os resultados gerais não sendo todos positivos, não impedem que a denominada era de ouro de tal mídia, mais ampla que nunca antes, sofra uma saturação com revivals, prequels e sequências desnecessárias. A série, criada por Kerry Ehrin, Carlton Cuse e Anthony Cipriano, parecia se encaixar perfeitamente ao que tanto se critica nesse processo recorrente. Contudo, a primeira temporada de Bates Motel foi uma agradável surpresa, inclusive rendendo uma mais que merecida indicação ao Emmy de Melhor Atriz para Vera Farmiga. Posteriormente, no entanto, indicações se fizeram escassas, e refletiram uma queda de qualidade ano após ano. O que a princípio parecia um desenvolvimento interessante do que não se via, ou conhecia, sobre os personagens vistos em Psicose (Psycho), um dos maiores clássicos da filmografia de Alfred Hitchcock, passou a se tornar uma experiência que teimava em pender ao enfadonho, sustentada, na maioria das vezes, justamente pelas atuações de seus dois protagonistas. Chegada por vez a reta final, a expectativa era de que o inevitável alinhamento com o que já se conhecia fosse dar uma sobrevida, em termos de qualidade, ao que se viu decair desde algum ponto na segunda temporada.

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Ledo engano de quem esperava um final a altura daquilo ao que um dia Bates Motel aspirou. A temporada anterior, mesmo que ainda recheada de deslizes, em grande maioria provenientes de roteiros que deixavam bastante a desejar, chega a deixar saudades conforme o andamento deste quinto e último ano da série. A questão era até que ponto chegaríamos no que inicialmente era considerado um prólogo. Quando confirmada a introdução de uma personagem do filme de 1960, que era interpretada por Janet Leigh, veio a certeza que cruzaríamos a linha de apenas flertar com os acontecimentos, e passaríamos por uma recriação dos mesmos. O que acontece aqui é, na verdade, uma releitura do que é visto no filme, mas acompanhados quase que inteiramente por outro ponto de vista, no caso o do assassino, somente outra confirmação do protagonismo que Freddie Highmore clamou para si desde a terceira temporada. Obviamente que, dada a morte da Norma de Vera Farmiga na temporada anterior, sempre se soube que seria ele o protagonista pleno aqui. Porém, a mesma coragem que há em assumir a postura de se criar essa releitura, do que é um marco cinematográfico, falta para se criar algo que seja independente no máximo de sentidos possíveis.

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Bates Motel tem o conhecimento de que precisará passar por comparações, e até brinca com isso na tão difundida cena do chuveiro. Seria ela recriada ou haveria a aceitação de que falta competência técnica nos nomes envolvidos na série para tentar algo assim? Porque o que fica bastante claro nesta última temporada é, com a exceção de alguns nomes, que os diretores e parte da equipe técnica deixam muito a desejar. Há em boa parte do tempo uma falta de criatividade muito grande, e a aposta dos envolvidos reside nos tons da fotografia, mas não há nada fora do ordinário e, por vezes, até mesmo isso não se consegue concretizar. Erros de continuidade mais banais, como a simples disposição de atores entre um plano e outro de um diálogo em two shot, chegam a ser banais, e fáceis de relevar. Mais aliadas atitudes ridículas dos personagens e diálogos constrangedores, num roteiro pouco inspirado na maior parte do tempo, é difícil de relevar qualquer coisa. A adição de Riahanna como Marion Crane não parece um erro suficiente por si só, e traz junto de si o Sam Loomis de Austin Nichols. Os dois tentam, mas tentam de uma maneira que se torna impossível defender a atuação de qualquer um dos dois.

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Resta então o melodrama no qual Bates Motel se tornou nos últimos anos, mas mesmo aqui o excesso de conteúdo que a série tomou para si se faz um empecilho. A morte de personagens passou a ser algo tão banal que vai justamente contra aquilo que Alfred Hitchcock provocou com Psicose ao matar uma grande estrela em meados do filme. Assim, quando há alguma morte na série soa mais como algo inconsequente, e se tem algum peso não vai além da aparência superficial. O mais interessante sempre foi a transição entre o Norman e a Norma de Freddie Highmore e Vera Farmiga, respectivamente, mas como o restante não conspira a favor deste desenvolvimento, tudo fica ainda mais complicado. Justamente os excessos embolaram a psique dos personagens, numa série que não soube como não se tornar literal demais. Quando do final de Bates Motel, chega a ser irônico o plano dos epitáfios de mãe e filho lado a lado. A Norma de Vera Farmiga, uma personagem que nunca havia existido de forma prática no filme, ganhou nuances interessantes. O Norman de Freddie Highmore, no entanto, para os mais céticos faz jus ao seu epitáfio, ainda mais considerando o atual estado de sua memória. Seria ele um personagem irreconhecível ou o vazio ali deixado, e os anos suprimidos pela perda de memória, seriam uma forma de desculpa por todos os erros cometidos ao longo de Bates Motel?

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