No Coração do Mar (In The Heart of the Sea, 2015); Direção: Ron Howard; Roteiro: Charles Leavitt; Elenco: Chris Hemsworth, Tom Holland, Ben Whishaw, Cillian Murphy, Charlotte Riley, Brendan Gleeson, Frank Dillane, Benjamin Walker, Paul Anderson, Michelle Fairley, Joseph Mawle, Jordi Mollà, Donald Sumpter; Duração: 121 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Biografia; Produção: Brian Grazer, Ron Howard, Will Ward, Joe Roth, Paula Weinstein; Distribuição: Warner Bros. Pictures; País de Origem: EUA; Estreia no Brasil: 03 de Dezembro de 2015;
O clássico literário Moby Dick, escrito pelo americano Herman Melville, foi considerado revolucionário em sua época decorrente do realismo em descrever o árduo -e cruel- ofício dos baleeiros, visando a aquisição de óleo de baleia para fins lucrativos. Adaptar a obra para o cinema parece ser difícil, primeiro pela materialização dos aspectos de uma linguagem escrita para visual, segundo pela essência do significado da estória em si. Eis que o diretor Ron Howard decide aceitar a tarefa de levar para telona a aclamada obra, contudo enfrenta as dificuldades impostas, seu calcanhar de aquiles não é o visual, mas sim o narrativo, convencional e arrastado, definhando o público ao tédio total, aquém de seus potenciais reais. O filme mostra o próprio Melville (Ben Whishaw) procurando inspiração para seu livro, entrevistando o último sobrevivente do navio Essex, vítima de um estranho naufrágio, pouco explorado. O capitão George Pollard (Benjamin Walker) assumiu o cargo graças à influência de seu sobrenome na indústria, deixando o verdadeiro postulante ao cargo, Owen Chase (Chris Hemsworth) como primeiro imediato. A arrogância predomina durante o percurso, tornando impossível a conquista de barris de óleo, porém ambos chegam a conclusão de irem para um longínquo e perigoso mar, lar de inúmeras seres, porém os marinheiros não esperavam encontrar uma besta marítima guardiã daquelas águas, entrando em enfrentamento e causando a colossal destruição de vidas, sonhos e missões.
Particularmente, eu sou fã dos últimos projetos de Ron Howard, pelo fato do diretor conseguir realizar com destreza e fidelidade retratar aquele universo que propõe, como visto em “Rush” e agora em “No Coração do Mar”, o grande equívoco é o desencontro de interesses por parte de sua direção e do roteiro do longa, há uma ambição tão grande de causar furor, pelo excesso, almejando prêmios e demais louros, ponto onde a argumentação é opositora e chega a fazer contraponto. O texto tenta mostrar como a ambição e ganância do Homem é cegueta, nos faz perdemos nosso senso moral e humano, nada vale mais do que moedas – ou baleias. Tendo essa ideia em mente, a Moby Dick serve como metáfora para o abismo interno do ser humano decorrente de sua ganância por poder, ser superior ao seu semelhante, manter uma classe hierárquica indecente e não um sistema socialmente justo. Atual.
Outro interessante ponto é demonstrar como se passava o funcionamento de um navio, com a crítica social para o sistema de castas, além das péssimas condições que os inexperientes sofriam, frente à mordomia do capitão e seus imediatos. A fotografia é pincelada como uma pintura artística, nos eleva ainda mais para situação de navegante, os efeitos são bem utilizados, mais uma qualidade favorável. O elenco é empenhado, com destaque para Chris Hemsworth, competente em tentar sair da síndrome de único personagem (Thor, no caso). O maior defeito é, sem sombra de dúvidas, a falta de sentimento próprio, os personagens são gélidos, para não dizer mórbidos, não tem conexão e nem proporção para nos entregar algum sentimento genuíno após a sessão, reduzindo apenas a uma experiência estéril, mesmo que divertida. É um daqueles filmes bons para passar o tempo, interessantes de se conferir, mas vazios na sua composição, porque na essência do livro o que não faltava era sentimento ou pelo menos algo a oferecer ao público.
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