Coppola transforma – mais uma vez- o simplório em um fantástico e interessante estudo social
Em mãos erradas Bling Ring – A Gangue de Hollywood, tinha tudo para ser algo superficial, simplório e até banal, mas com ninguém menos que Sofia Coppola a frente da direção e do roteiro era de se esperar algo, no mínimo, instigante. É exatamente isso que a diretora nos oferece, no seu excepcional novo trabalho.
Na trama, um grupo de jovens de classe média alta sem causa e nem ambições reais, acabam se tornando ladrões e invadindo as nababescas mansões de famosos que eles idolatravam, roubando roupas, jóias, bolsas de grife, sapatos e tudo que remeta a vida luxuosa das vítimas. Dentre elas, Orlando Bloom, Megan Fox, Lindsay Lohan e Paris Hilton.
O mais interessante é como a diretora consegue juntar mundos distintos, partindo de uma ideia única. Primeiro, os jovens inseguros, recém saídos da infância, que necessitam de alguém para se espelhar, principalmente por terem problemas familiares e poucas referências a seguir. O outro é o dos famosos, idolatrados e com um estilo de vida considerado “ideal e invejável”, devido aos diversos privilégios, esbanjações e bens materiais.
O vazio de ambas as partes é o que une os dois mundos, criticando sutilmente a sociedade, que superestima os privilégiados, estabelecem uma jeito de vida como padrão e acaba por influenciar a juventude e as mentes fracas, o que justifica o acontecimento dos casos retratados pelo filme.
Outra sacada da diretora é procurar aproximar o espectador dos personagens, mostrando sua rotina, aflições, dificuldades, conflitos, família etc. O vazio nasce justamente pela falta de uma presença familiar, de afazeres e coisas que deem algum proposito futuro para os jovens.
O jovem elenco é eficiente, destaque para o iniciante Israel Broussard, único rapaz da gangue, solitário e com problemas de autoaceitação, se torna um franco retrato da juventude atual. A estrela Emma Watson também cativa como líder intelectual, se desvinculando de seu passado em hogwarts.
Bling Ring é um filme alarmista, causa preocupações pelas barreiras que a sociedade está, cada vez mais, quebrando. Sofia Coppola transforma – mais uma vez- o simplório em um fantástico e interessante estudo social, consolidando sua marca pessoal e se reafirmando a diretora mais promissora da atualidade.