Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018); Direção: J.A. Bayona; Roteiro: Derek Connolly & Colin Trevorrow; Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, Justice Smith, Daniella Pineda, Toby Jones, B. D. Wong, Isabella Sermon, Geraldine Chaplin, Jeff Goldblum; Duração: 128 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Comédia, Ficção Científica; Produção: Frank Marshall, Patrick Crowley, Belén Atienza; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 21 de Junho de 2018;
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, quando lançado em 2015 superou até a melhor das expectativas, ao menos no quesito de bilheteria.
Resgatava uma franquia que, após um grotesco terceiro filme, ficou adormecida por praticamente 15 anos.
Era algo pré-histórico quando foi reavivada por Colin Trevorrow e companhia, mas mesmo ali já dava os sinais de desgastes que se faziam presentes nas duas primeiras sequências ao original.
O próprio filme tinha ciência de que só “recriar” os dinossauros já não era mais suficiente, e se embolava todo em um discurso que não conseguia se estruturar completamente em nenhuma vertente.
O que dizer então desta sequência? Jurassic World: Reino Ameaçado precisa corresponder a tantos requisitos que sua própria existência é questionável.
E nem é pela qualidade em si, mas por qual caminho seguir. O que encontramos durante o filme só reafirma esse questionamento.
Muito porque algo que se permite acontecer é apresentar ao público um filme que se vê abarrotado de tramas alheias e que, de alguma forma, precisam se conectar em momentos derradeiros.
É uma completa confusão, que orna da maneira mais simplória possível e pedindo inúmeras licenças poéticas para o funcionamento de uma narrativa que pouco ou nada de realmente interessante possui.
O que é bastante lamentável, visto que logo de início somos introduzidos ao potencial vastamente superior de J.A. Bayona para Trevorrow como cineasta.
Todo um prólogo parece dar indícios de que estamos, de fato, diante de um filme grandioso.
O mítico é um elemento bastante familiar ao diretor, que pode ser destacado em diversos momentos da sua carreira, mas o ápice, no entanto, se dá justamente em Penny Dreadful.
E é exatamente o que ele realiza nos dois primeiros episódios da finada série que encontramos sintetizado aqui em diversos bons momentos.
Imageticamente, Jurrassic World: Reino Ameaçado tem raros lampejos de um verdadeiro artista. O terror se assimila a uma espécie de fascínio na maneira como Bayona conduz suas cenas.
Mas até mesmo no prólogo o que veremos adiante parece se querer fazer sobressair. Porque todo um suspense entorno de algo culmina, literalmente, em coisa alguma.
Chega a ser revoltante, inclusive, como a divulgação do filme pôde ser capaz de veicular uma cena em vídeos promocionais.
Nem tanto por possivelmente poder ser considerado um spoiler –apesar de levemente ser-, porém, por transmitir uma ideia completamente equivocada do que acontece.
Inclusive, denota-se através dela a desconexão da qual sofre o filme em suas diversas frentes.
Personagens –e dinossauros- vêm e vão sem explicação alguma, postergam-se seus destinos, mesmo que fiquem fora da tela por mais de meia-hora, sem qualquer razão.
Alguns servem de Deus Ex Machina, outros podiam ser facilmente substituídos, outros não fazem questão de existir a não ser alongar a duração do filme -ou render uma única fala que premia por completo algum estereótipo.
Entretanto, são tantas tramas a serem desenvolvidas simultaneamente que pouco de fato se faz desenrolar.
Chris Pratt (Guardiões da Galáxia Vol. 2) e Bryce Dallas Howard, por exemplo, parecem protagonizar suas escassas cenas de ação com demasiado desinteresse, mas também é um reflexo do que lhes é oferecido. E não empolgam.
Há uma tentativa de conexão emocional em diferentes níveis e com diferentes elementos. Ora é a velociraptor quase falante Blu, ora a nova personagem interpretada por Isabella Sermon.
Há uma tentativa de se estabelecer um diálogo com uma metáfora metalinguística sobre algo que não se quer deixar morrer, ao mesmo tempo em que se quer manter-se fiel às raízes.
E as origens estão todas expostas ali, muito através da nostalgia, que ganha corpo através da música, sempre com um aparente receio de abrir mão das notas do tema clássico criado por John Williams para o filme de Spielberg em 1993.
Assim, com Jurassic World: Reino Ameaçado não vamos a nenhum novo lugar, apesar de irmos a diversos lugares diferentes com o filme de J.A. Bayona.
E esse é o principal problema: o excesso. Há tanta coisa acontecendo que parecemos estar diante de diferentes filmes dentro de uma única produção.
Nenhum, por si só, consegue sustentar-se com qualidade. Vamos do terror ao filme de consciência ambiental, do humor pastelão ao melodrama familiar, do suspense a ação desenfreada, corados com um final pra lá de cafona.
Em nenhum momento algo se firma, e se sequer lembrarmos que o filme teve um início, já é muito. Esquecível e sem graça, Reino Ameaçado está tal qual sua cena pós-créditos: completamente dispensável.
Obs.: Literalmente a cena pós-créditos é dispensável, não perca seu tempo esperando.
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