Adoráveis Mulheres (Little Women, 2019); Direção: Greta Gerwig; Roteiro: Greta Gerwig; Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Timothée Chalamet, Meryl Streep; Duração: 135 minutos; Gênero: Drama, Comédia, Romance; Produção: Amy Pascal, Denise Di Novi, Robin Swicord; País: Estados Unidos; Distribuição: Sony Pictures; Estreia no Brasil: 09 de Janeiro de 2020;
O filme de abertura do 21ª Festival de Cinema do Rio de Janeiro foi um dos mais aguardados do ano, “Adoráveis Mulheres“, a nova adaptação do livro homônimo de Louisa May Alcott, dirigida pela promissora Greta Gerwig, quinta diretora a ser indicada na categoria de melhor direção do Oscar, por seu trabalho em “Lady Bird“. O longa ainda conta com um elenco estrelado, comandado por Saiorse Ronan, Laura Dern e Meryl Streep. É um encontro de tantos talentos e promessas, as expectativas são altas. O principal desafio da diretora, que também assina o roteiro, é dar um tom original para uma estória tão batida. Houveram mais de dez adaptações para as telas. Como trabalhar com um objeto já tão explorado? Felizmente, Greta Gerwig consegue atualizar a trama, mantendo sua essência original. Há um tom de respeito e cautela no texto de Gerwig, consolidando a si mesma como, verdadeiramente, uma das novas autoras do cinema americano dessa última década.
Para quem não sabe, a estória principal é sobre a família March. Jo (Saiorse Ronan) é a filha mais velha, altamente independente e com o sonho de ser escritora em meio a guerra de secessão, aonde além dos EUA ficarem divididos, as mulheres estavam mais domesticadas do que nunca. A mãe (Laura Dern) precisa se virar com as filhas, visto que seu marido está lutando na guerra. Então em meio a tantas dificuldades, a esperança dessa casa cheia de mulheres, na expectativa de uma vida melhor. Greta opta pelo tom melodramático, construindo um filme em capítulos pontuais, na constituição de uma só narrativa. Jo, ora está no tempo presente, vivendo sua vida como aspirante a escritora, ora está no passado, relembrando os fatos ocorridos, determinantes na condução de seu destino. A empatia é um sentimento predominante, visto se tratar de personagens tão cativantes. Os “núcleos” são majoritariamente composto por um elenco feminino, vez ou outra aparece algum coadjuvante masculino para agregar na narrativa, porém, sem perder o foco que é a vida daquela família de mulheres.
O uso da metalinguagem que Gerwig faz para atualizar a trama não só agrega como eleva o filme a um novo patamar. Sua direção é bastante precisa, sobretudo ao conseguir extrair o máximo de seus atores sem apelar aos recursos mais óbvios, algo mais cinematográfico e menos televisivo. A direção de arte, assim como os figurinos, são primorosos e nos conduzem a uma imersão. O veterano compositor Alexander Desplat nunca esteve tão inspirado, numa trilha precisa na captação dos sentimentos em cena. O elenco é primoroso, com destaque para Saiorse Ronan, uma das mais interessantes jovens atrizes ascendentes desta última década. É possível afirmar que ela não é mais uma promessa, sim um acontecimento. Florence Pugh, que vem ganhando espaço desde “Midsommar“, faz um contraste incrível com Ronan, conseguindo até ultrapassa-la em vários momentos. Laura Dern, Meryl Streep e Chris Cooper fecham a trinca como coadjuvantes de luxo extremamente pertinentes.
“Adoráveis Mulheres” é um filme sobre afeto e, sobretudo, coragem. De ser donos do próprio destino e fazer nossa vontade valer perante uma sociedade, cada vez mais, opressora e datada. Uma obra ambientada na década de 1860 e que soa tão atual e pertinente, talvez por isso tão fraterna e empática.
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