Há quem canse de ver a produtividade da atriz Meryl Streep, nesses últimos anos vem realizando inúmeros projetos sucessos, sem descanso, com aquele anseio básico de ser laureada com nomeações na temporada de ouro. É muito comum que mesmo tendo grandes momentos, parte dos filmes que a atriz faz são esquecíveis, carecem de complemento à altura de sua intérprete, foi o caso do recente “Caminhos da Floresta”. Felizmente, podemos nos surpreender justamente quando não esperamos, é o caso de “Ricki e The Flash”, um filme despretensioso, divertido e familiar, contando com um grande elenco, além da soberba atriz.

Ricki (Meryl Streep) largou a vida de mãe de classe média para se dedicar ao seu sonho de ser cantora de rock, deixando seus filhos com o pai Pete (Kevin Kline), iniciando sua carreira como vocalista da “The Flash”. Contudo, sua vida é mexida após descobrir que sua filha mais nova Julie (Mamie Gummer) vai se separar e está debilidade psicologicamente, obrigando o retorno da ausente figura materna. Em dado momento o gênio subversivo de Ricki entra em choque com aquela realidade quadradinha, forçando ela ou a se adaptar ou a ser aceita. É um filme que se baseia na ideia principal de auto-aceitação a condição que nós nascemos e vamos desenvolvendo a medida que amadurecemos, infelizmente enfrentando o julgo da sociedade muito perversa, não sabe lidar com o contraditório. A roteirista Diablo Cody parte da simplicidade para dar uma grande lição, nada é tão óbvio se tratando dela e seus diálogos ácidos e inteligentes, conseguindo remodelar a dinâmica familiar, aos moldes de como a família contemporânea mudou, quebrando o estereótipo tradicionalista. É um filme familiar teoricamente vai na contramão de todo o projeto de família conservadora hétero-normativo branca e republicana que é comum de se ver em filmes americanos, pregando um discurso liberal evidente e bem afinado na sua proposta.

Meryl Streep chegou a aprender a tocar guitarra para sua personagem, ela além de cansar perfeitamente, desempenha uma performance empática, bem desenvolvida e sagaz, com uma química invejável com seus companheiros de cena. Sua filha na vida real e na ficção, Mamie Gummer, apesar de não ter espaço para desempenhar força dramática, demonstra estar a vontade e longe de pressões. No final das contas, o longa pode não entrar pro Panteão dos filmes maravilhosos da atriz, contudo não deixa de ser uma diversão despretensiosa e graciosa, nem que seja para ouvir uma boa música.

TRAILER LEGENDADO

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