Título Original: The Legend of Tarzan
Direção: David Yates
Roteiro: Adam Cozad e Craig Brewer
Elenco: Alexander Skarsgård, Margot Robbie, Samuel L. Jackson, Christoph Waltz, Djimon Hounsou
Produção: David Barron, Tony Ludwig, Alan Riche, Jerry Weintraub
Estreia Mundial: 01 de Julho de 2016
Estreia no Brasil: 21 de Julho de 2016
Gênero: Drama/Ação/Aventura
Duração: 110 minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos
Não é nenhuma novidade essa “nova” onda de Hollywood adaptar clássicos infantis. Depois do sucesso de “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton, uma série de remakes/releituras em live action começaram a surgir, algumas mais bem sucedidas que outras, mas, no geral, quase nenhuma conseguiu capturar o espírito dos originais. Esse é o caso de A Lenda de Tarzan que, além de pouco respeitar o personagem, tampouco se garante para tentar reinventá-lo, ou seja, fica num meio termo totalmente desnecessário e, de certa forma, decepcionante, principalmente pelas complexidades e peculiaridades que envolvem Tarzan. É uma pena.
O enredo se apresenta como uma continuação da história que todos conhecem. Tarzan (Alexander Skarsgård), que agora atende como John Clayton, vive na Inglaterra com a sua esposa Jane (Margot Robbie) e já está “civilizado”, veste ternos, mora em uma grande casa, ou seja, ele assumiu a vida que teria se seus pais estivessem vivos e não o tivessem perdido na floresta. Porém, o Rei do Congo, na busca de Opar – uma pedra preciosa -, está escravizando uma série de nativos, fato que mexe com o protagonista que, em função disso, aceita o convite do governo para voltar a selva acompanhado de George Washington Williams (Samuel L. Jackson). O que eles não sabem é que, ao mesmo tempo, Leon Rom (Christoph Waltz) tem uma missão de capturar o Tarzan para um antigo acerto de contas.
Pela sinopse, temos uma impressão de que, como sequência da história original em que o Tarzan se rende à modernidade e acaba assumindo o papel de homem de terno e gravata, teríamos como ponto principal a sua reflexão acerca do rumo que estava tomando. No entanto, isso mal é abordado. Ele fica 8 anos longe da selva e, quando volta, parecesse que nada mudou, ele continua sendo o Tarzan. Do ponto de vista psicológico e de desenvolvimento de personagem, essa discussão era mais que necessária, e o que os roteiristas fazem? Nada. Escrevem um enredo genérico e deveras episódico.
Se isso já não bastasse, chamam para direção David Yates – responsável pelos quatro últimos nada agradáveis filmes da franquia Harry Potter – e sua “delicadeza exagerada”. A despeito dele compor planos belíssimos e saber se aproveitar da fotografia mais escura, nenhuma sequência de ação funciona. Yates não consegue estabelecer uma geografia de cena capaz de explicar para o espectador o que está ocorrendo, defeito que grita em tela, principalmente, na projeção em terceira dimensão a qual, além de escurecer as cores da película, também dificulta a compreensão dos acontecimentos quando há muitos cortes. O diretor comete, neste longa, os dois pecados mortais do 3D: fotografia deveras dessaturada e cortes rápidos.
A produção só não vai para o buraco totalmente porque o elenco consegue deixar a experiência “menos pior”. Alexander Skarsgård não só tem presença em tela – o que ajuda e muito na composição de um personagem como Tarzan -, como também tem um porte físico que não parece artificial ou o vulgar “bombado”, ele é definido e verossímil, não fica aparecendo um alien. O problema é que o roteiro não dá maiores permissões para o ator. Margot Robbie também funciona como Jane no papel de uma mulher forte que não aceita ser donzela em perigo, no entanto de nada adianta ela ter essa ideologia se a construção da narrativa sempre a coloca como objeto a ser salvo pelo Tarzan. Assim, além de problemático, o argumento também é contraditório. Já Samuel L. Jackson e Christoph Waltz estão fazendo as figuras que sempre interpretam – e isso já vale o filme inteiro, sem mais.
Por fim, a esperança seria que, afora do elenco interessante, os efeitos especiais ajudariam a tornar a fita mais “palatável”. Só que não. Boa parte do terceiro ato é composta por animais em CGI e é apenas terrível, fora que não é possível entender o que esta acontecendo (graças a Yates), tudo soa falso e não há aquele cuidado com a verossimilhança. Os bichos parecem ser digitais e não de verdade.
E não há melhor definição para A Lenda de Tarzan do que: “não é de verdade”.
TRAILER LEGENDADO
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