Crítica | A Série Divergente: Convergente

Título Original: The Divergent Series: Allegiant

Direção:  Robert Schwentke

Roteiro:  Noah Oppenheim, Adam Cooper e Bill Collage

Elenco:  Shailene Woodley, Naomi Watts, Theo James, Zoë Kravitz, Jeff Daniels, Ansel Elgort, Octavia Spencer, Bill Skarsgård

Produção:  Lucy Fisher, Pouya Shahbazian e Douglas Wick

Estreia Mundial: 18 de Março de 2016

Estreia no Brasil: 10 de Março de 2016

Gênero: Drama/Ação/Aventura

Duração: 121 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos

Quanto mais adaptações dessas distopias teens são lançadas, mais eu vou ficando embasbacado com a profundidade e a ousadia das temáticas as quais essa nova geração vem sendo submetida. Desde Jogos Vorazes, passando por Maze Runner e até aqui em Divergente, percebe-se uma evidente vontade de questionar alguns valores impostos pela sociedade tradicional. Contudo, ao passo que essas “ideias” vão sendo executadas nos filmes (e provavelmente nos livros), sinto em constatar que há uma tendência ao clichê e a soluções mais fáceis que não só põem em risco a narrativa como também falham miseravelmente na sua ambição inicial de discussão. Neste terceiro filme da quadrilogia Divergente, a situação não é muito diferente disso.

A história começa a partir da descoberta que ocorre no segundo filme: eles faziam parte de um experimento e agora que este foi concluído, toda a população sobrevivente de Chicago pode se juntar aos outros humanos que estão além do muro. Contudo a Evelyn (Naomi Watts), após matar Jeanine no fim de Insurgente, começa a agir como a antiga ditadora e manda fechar os muros, pois quer manter a paz social. Tris Prior (Shailene Woodley), por sua vez, quer sair de Chicago, quer ver o que tem além do muro, então, ela, seu namorado Quatro (Theo James) e outros simpatizantes da causa, vão tentar fugir. A fim de evitar spoilers, minha sinopse acaba por aí.

Como era de se prever, a película continua a partir dos acontecimentos do antecessor, no entanto é bem complicado prosseguir depois do desastre que foi Insurgente e, por incrível que pareça, Convergente consegue consertar alguns problemas. Primeiro, em função das revelações da produção anterior, novos núcleos são apresentados, algumas coisas são explicadas, além de que, no terceiro filme, finalmente sabemos o que há atrás dos muros e, assim, de certa forma, ficamos mais interessados. Segundo, as cenas de ação e as que envolvem efeitos especiais funcionam, ou seja, ficamos com um senso de urgência em boa parte da projeção. Tá, mas então isso quer dizer que o longa é bom? Infelizmente não, visto que de nada adianta consertar algumas irregularidades, ao passo que se comete outras.

Com efeito, a previsibilidade do roteiro e a má construção de alguns personagens novos estragam qualquer empolgação que se possa ter com a fita. Sim, você sabe tudo o que vai acontecer, porque tudo está na cara. Por exemplo, David (Jeff Daniels) é uma figura nova neste filme e dá pra sacar, na primeira cena em que ele aparece, quais são suas intenções e o pior nem é isso, uma vez que Tris fica confiando cegamente nele, mesmo que todo mundo a alerte, inclusive Quatro. E isso não faz sentido quando se analisa o histórico dela de luta e de questionamentos.

No fim, Convergente é um filme que tenta falar sobre revolução e mudança, mas que, no fundo, segue preso às convenções da indústria e do gênero, já que subestima o espectador com resoluções óbvias, aposta em ceninhas amorosas que em nada avançam na narrativa e, assim, desperdiça ótimos atores como Octavia Spencer, Namomi Watts e Jeff Daniels e estraga qualquer relação que podemos ter com seus personagens. E ainda tem mais uma filme. E O diretor Robert Schwentke já pulou fora. Salve-se quem puder.

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