[sg_popup id=”9″ event=”onload”][/sg_popup]Operação Red Sparrow (Red Sparrow, 2018); Direção: Francis Lawrence; Roteiro: Justin Haythe; Elenco: Jennifer Lawrence, Joel Edgerton, Matthias Schoenaerts, Charlotte Rampling, Jeremy Irons, Ciarán Hinds, Bill Camp, Mary-Louise Parker, Joely Richardson, Thekla Reuten, Douglas Hodge, Sakina Jaffrey; Duração: 139 minutos; Gênero: Ação, Drama, Thriller; Produção: Peter Chernin, Steven Zaillian, Jenno Topping, David Ready; País: Estados Unidos; Distribuição: Fox Film do Brasil; Estreia no Brasil: 01 de Março de 2018;
Confira a crítica em vídeo de uma de nossas colaboradoras Tatiana Trindade sobre o filme, e não deixe de conferir outras críticas por lá!
Francis Lawrence e Jennifer Lawrence, que apesar da coincidência no sobrenome não possuem nenhum parentesco, vão construindo uma duradoura parceria. Desde o lançamento de Jogos Vorazes: Em Chamas (The Hunger Games: Catching Fire), esta é a quarta colaboração dos dois, sendo a primeira fora da franquia infanto juvenil extremamente bem sucedida, apesar da considerável queda de qualidade nos dois últimos filmes. Mais liberta da figura que atraía adolescentes aos cinemas, a atriz, mesmo que relutantemente retornando a uma de suas franquias, pende a projetos mais desafiadores, como Mãe! (Mother!) e, agora, este próprio filme, Operação Red Sparrow (Red Sparrow).
Porque o filme de Francis Lawrence faz questão de se vender em cima das intempéries sob as quais coloca sua protagonista, se vangloriando de sua violência e volúpia. O que se sobressai, no entanto, é justamente o cineasta que havia se feito valer nos dois últimos Jogos Vorazes, que ainda hoje acredita correta uma divisão em duas partes da obra, mas que, para o público, claramente se fez excessiva. As semelhanças são gritantes, mas sobretudo se faz ainda mais perceptível uma tentativa de elegância que máscara o âmago vazio que perpetua as três últimas obras do diretor, porque quando despojado dessa característica, nada resta.
A forma, literalmente, ornamenta um vazio. Contudo, é tão vazia quanto. Não há nada no cinema de Francis Lawrence, aqui, que se possa dizer além de que é correto, em sua técnica. Ao menos parcialmente, porque pouco ou nada se constrói que faça valer para a posteridade de um debate. O diretor, inclusive, parece estar treinando, ou alimentando seu portfólio, para uma chance de assumir o comando de outra franquia, como, por exemplo, James Bond. Possibilidade que atualmente parece mais que improvável, ainda mais após se assistir a Operação Red Sparrow. Não se precisa nem considerar todas as variáveis, o próprio filme atesta uma incompetência.
Porque uma das principais intenções de Operação Red Sparrow é a dinâmica de espionagem do agente duplo -ou triplo e assim por diante, como já se viu em outros filmes. Então reviravoltas mirabolantes na trama é uma tentativa constante de se estabelecer. Todavia é, também, de uma previsibilidade tão grande que a própria construção das cenas e até mesmo o mise-èn-scene entregam o que está prestes a surpreendentemente acontecer. Até um typecasting consegue ser revoltante de tão óbvio, quando coloca Mary-Louise Parker numa toada cômica de um dos plots, mas que desanda em algo cuja consequência é um equívoco, com um tom desencontrado e disfuncional.
É ainda mais decepcionante querer posar de inteligente quando seus personagens, de naturalidade russa, na Rússia, falem em inglês, mesmo que com seus conterrâneos. Tudo isso com direito a sotaque russo, que alguma vezes é esquecido no meio do caminho. Toda e qualquer autenticidade que Francis Lawrence desejava esbarra em um empecilho que ele próprio deposita em seu filme ao fazer tal escolha -ou aceitar que ela fosse imposta sobre o filme. É outro elemento que só reforça a leviandade de qualquer discurso que se quer construir aqui. Pior para aqueles estabelecidos superficialmente, que se tornam quase por si próprios alívios cômicos indesejados.
Há também que se notar que é impossível não comparar Operação Red Sparrow a Atômica (Atomic Blonde). O filme protagonizado por Charlize Theron lançado no ano passado, no entanto, é muito mais gratificante em todos os sentidos, mesmo tendo eu diversas ressalvas em relação a ele. O problema é que o que há em Atômica pela busca em autenticidade, aqui parece exatamente o oposto, mas numa busca que pretende atingir resultados semelhantes. O que resta ao público é uma narrativa arrastada que culmina em um meio termo entre filme de espionagem pseudo-intelectual e filme de ação que deixa a desejar.
Porque chega até a ser contraditório as premissas que se estabelecem. A escola para “Pardais Vermelhos” do título é mais para gerar uma polêmica do que cravar algo de importância na narrativa, até se levarmos em conta quão pouco tempo do filme se vê dedicado a isso. É irônico, entretanto, que muito do que a personagem de Charlotte Rampling quer clamar que precisa ser despido ali por seus discípulos -literal e figurativamente- se faz um próprio obstáculo nos ademais momentos. Francis Lawrence quer tanto aplicar sutileza ao seu filme, mas é exatamente o oposto que se concretiza, onde até a implementação dessa sutileza parece se fazer algo gritante.
Por fim, Jennifer Lawrence. Muito vai se falar dos desafios que a atriz precisa enfrentar em Operação Red Sparrow. São admiráveis as escolhas que ela vem fazendo em sua carreira, e aqui não é diferente. Porém, pouco adianta a atriz ultrapassar limites quando nada colabora com ela, seja o diretor que não dá objetividade a suas disposições, seja o texto, que entrega uma personagem falha e de um mal desenvolvimento, ou delineia diálogos que não passam de risíveis. Operação Red Sparrow pode mesmo se vender em cima da promessa de ser um filme incômodo, porque é mesmo um desafio aguentar tanta tolice por tanto tempo.