Fala Sério, Mãe! (2017); Direção: Pedro Vasconcelos; Roteiro: Ingrid Guimarães, Paulo Cursino, Dostoiewski Champagnatte; Elenco: Ingrid Guimarães, Larissa Manoela, Marcelo Laham, Cristina Pereira, Duda Batista, Vitoria Magalhães, João Guilherme; Duração: 79 minutos; Gênero: Comédia, Drama; Produção: André Carreira, Tuinho Schwartz; País: Brasil; Distribuição: Downtown Filmes/Paris Filmes; Estreia: 28 de Dezembro de 2017;
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“Fala Sério, Mãe!” é um termo que possivelmente já está ultrapassado, uma expressão que se desgastou ao longo dos anos. Em constante mudança desde muito antes do ano de 2004, quando do lançamento original do livro de Thalita Rebouças, as relações maternais ou paternais, porém, continuam com uma capacidade inigualável de sensibilizar. Porque independente do desuso de termos, práticas e, felizmente, o aprimoramento dos limites e maneiras de lidar com a relação, continua a ser uma conexão singular ainda que de experiência universal. Máximas que se fazem válidas para a adaptação aos cinemas do best-seller homônimo da autora, Fala Sério, Mãe!
Essa é a grande virtude do filme protagonizado por Ingrid Guimarães (Loucas Pra Casar) e Larissa Manoela (Meus 15 Anos), atrizes de gerações e status diferentes, uma com anos de carreira e sucessos nacionais e outra um jovem fenômeno e promessa no audiovisual nacional. Contrastes que empregam aqui uma dinâmica própria e, longe de qualquer disputa, geram um harmonioso encontro que se vê capaz de reproduzir a sensação da relação às quais as duas são submetidas em cena. Contudo, enquanto há muito o que se elogiar no trabalho das duas e do próprio filme em si, há momentos em que se encontram refugos clichês de um cinema da proposta como o deste.
Fala Sério, Mãe! tem a clara intenção de agradar ao grande público, ainda mais durante o período festivo do ano, data de seu lançamento. Isso tudo se torna ainda mais evidente quando o filme de Pedro Vasconcellos cede às tentações de ser mais melodramático que o necessário, o que não o impede, em contrapartida, de ter seus bons momentos. Até porque vale reforçar, ainda que seja apelativo recorrer ao melodrama barato, que decaí em exageros e geralmente destoa -minando uma conexão sincera- quando bem estabelecido não há problema algum em fazer uso disso. Ainda mais lidando com determinada temática e de forma simples como o faz.
Entretanto, não é a possibilidade de um completo dramalhão que atrapalha ao filme. Parece haver uma necessidade urgente em fazer rir e isso atinge diretamente a personagem como a interprete Ingrid Guimarães. Porém, paira a dúvida do quanto a atriz já está ligada intrinsecamente a esse estilo de produção muito comum da Globo Filmes e o quanto isso provém do próprio filme. Independentemente disso, a verdade é que são diversas as ocasiões -quase a maioria realmente- em que a tentativa de retratar a figura materna humoristicamente culmina em completos exageros que, provavelmente, só não soam mais forçados que a obrigatória inserção da frase título no decorrer do filme em alguns dos diálogos.
Resta a Larissa Manoela os bons e melhores momentos no filme, até porque a jovem atriz parece fazer um contraponto a Ingrid Guimarães, e não de uma maneira negativa ou sequer competitiva, ela só parece menos acomodada com as toadas de recorrência decepcionantes do filme e entrega uma atuação bastante convincente. Todavia, o que funciona mesmo, em meio aos excessos de um lado, relações e personagens superficiais de outro, é a relação entre mãe e filha e como se consegue tornar a conexão entre as duas em um elemento tocante e que tem a capacidade de sensibilizar. Cumprindo com a proposta inicial e dando a certeza de que satisfará seu público.
Há um problema, no entanto, que a própria personagem de Larissa Manoela ressalta e reforça e que vai de encontro a muito do que o filme tem de superficial. Incomoda a postura que acaba por adultizar personagem e atriz em Fala Sério, Mãe!. Também deixando a desejar o desinteresse em realmente desenvolver as temáticas mais delicadas, ainda mais quando duas mulheres são as protagonistas do filme. Num momento em que feminismo e igualdade de gênero são tópicos tão contundentes, é uma decepção e um erro até revoltante a passividade e o temor em explorar esse potencial que ali se encontrava.
Fala Sério, Mãe! – Trailer Legendado:
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