M3GAN” (2023); Direção: Gerard Johnstone; Roteiro: Akela Cooper; Elenco: Allison Williams, Violet McGraw, Jenna Davis, Amie Donald, Ronny Chieng, Brian Jordan Alvarez, Jen Van Epps, Stephane Garneau-Monten, Lori Dungey, Amy Usherwood; Duração: 102 minutos; Gênero: Biografia, Drama; Produção: Jason Blum, James Wan; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 19 de Janeiro de 2023;

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(Divulgação: Universal Pictures)

É no mínimo irônico o quão metalinguístico “M3GAN” consegue ser em relação a si próprio com as narrativas que nos apresenta e, ainda assim, não perceber o quanto seus ácidos comentários atingem ao próprio filme. O projeto dirigido por Gerard Johnstone virou um fenômeno na internet antes mesmo de sua estreia, contudo, o nome do diretor pouco é ligado ao filme. Seus produtores, Jason Blum e James Wan, são quem elevam o filme de baixo custo (para padrões estadunidenses) a outro patamar, de certa maneira com o prestígio que emprestam ao filme com seus nomes, sendo eles responsáveis por tornar franquias de baixo orçamento em fenômenos de bilheteria. A verdade, no entanto, é que “M3GAN” parece exatamente isso: só mais uma tentativa de lançar outra franquia a partir de um filme de baixo custo. Nada de errado, até que isso influencie no quanto o próprio filme precisa se manter sobre certas rédeas e, o que é pior, ao que o filme precisa se curvar para tentar ir ainda mais longe em seus números. Talvez um reflexo do filme anterior de James Wan, “Maligno”, que teve um desempenho decepcionante. Assim, troca-se a censura 17/18 anos por 13/14 anos. Isso influencia em praticamente todo o potencial do filme.

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(Divulgação: Universal Pictures)

M3GAN” definitivamente é um filme interessante, muito capaz de entreter. Tem um drama correto, uma boa construção do suspense e sequências lúdicas deliciosas envolvendo a boneca que dá nome ao filme. Lembra “Maligno” justamente pela forma como se estrutura, seguindo quase os mesmos passos no estabelecimento dos três atos, como no filme protagonizado por Annabelle Wallis, e não surpreende quando lembramos que se tratam dos mesmos roteiristas em ambas as produções, Wan co-assina a história e Akela Cooper comanda o roteiro solo. Só que fica a clara sensação de que falta algo que compense toda a expectativa que é gerada dentro do próprio filme. O drama das protagonistas, tia e sobrinha interpretadas por Allison Williams (“Corra!”) e Violet McGraw (“Doutor Sono”), apesar de ser correto, não gera o impacto necessário para ter uma catarse, só cumpre seu arco e é isto. Os momentos emocionais chave são subjugados pela personagem título, no entanto, nem sempre de maneira intencional, é que suas ações e reações se fazem muito mais intrigantes e envolventes do que o drama familiar que parece tomar muito mais tempo que o necessário do filme. É compreensível a divisão de tempo, mas o que fica em segundo plano é o que realmente funciona em “M3GAN”.

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(Divulgação: Universal Pictures)

Do cinismo cada vez mais crescente a coreografia para interpretar M3GAN, desde os movimentos mais simples aos mais elaborados, tudo é altamente inspirado e muito bem elaborado, se tornando deliciosamente divertido de ver a personagem ganhar vida através de Amie Donald e Jenna Davis. Se funciona muito bem imageticamente, momentaneamente, no todo, porém, a personagem parece ter desperdiçada a oportunidade de se tornar um verdadeiro ícone do horror. Muito disso é por conta justamente da falta de violência, quase não há sangue no filme, e momentos empolgantes são, por vezes, finalizados de forma surpreendentemente vazios. O quão cínica e ácida a personagem consegue ser o que sustenta os bons momentos de “M3GAN”, porque no restante é tudo aquém. Em certos momentos parece refletir a narrativa do filme com os brinquedos estúpidos com os quais os executivos querem lucrar. Falta embarcar no maniqueísmo com quais algumas figuras são tratadas, sem a roupagem séria que toma conta de mais de metade do filme, falta literalmente brincar com si próprio mais vezes do que é feito. Perde-se tanto tempo com personagens que em nada agregam, com burocracias que em momento algum se mostram necessárias, que “M3GAN” parece só um laboratório para o que veremos no próximo filme da personagem.

M3GAN” – Trailer Legendado:

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