Nome original: Heaven Is For Real;
Ano: 2014;
Direção: Randal Wallace;
Elenco: Gregg Kinnear, Kelly Reilly, Margo Martindale, Thomas Haden Church;
Gênero: Drama;
Duração: 1h e 40 minutos.
Nos últimos anos, a religião protestante vem crescendo de forma notável no mundo e, sobretudo, no Brasil, assim uma oposição direta ao catolicismo. Devido ao seu avanço, o protestantismo busca novas formas de comunicação, a fim de conquistar novos fieis. Chega então aos cinemas nesta quinta (3 de julho) o longa-metragem “O Céu é de Verdade”, baseado no livro homônimo, reafirmando a ânsia de difundir os ideais religiosos de forma mais “atrativa” para todos os públicos.
No filme, Todd (Gregg Kinnear) é um pastor local em Nebraska, bastante respeitado, é ainda pai de família, com dois filhos e inúmeros empregos. Quando Colton (Connor Corum), seu filho mais novo, descobre ter uma doença fatal e as pressas vai ao centro cirúrgico, sua fé fica abalada, acreditando na perda do ente. Entretanto, milagrosamente o menino sobrevive e volta a viver sua vida normal, só que logo ele conta suas experiências vividas no “céu”, enquanto estava desacordado tendo operado. As opiniões na cidade ficam divididas, muitos acreditam ser devaneio do menino, porém Todd acredita fielmente, ampliando ainda mais seus conflitos internos em relação ao dogma religioso.
Se a proposta seria atrair novos públicos para o protestantismo, o caminho executado é totalmente averso. O longa claramente visa a se comunicar apenas com as pessoas que pensam da mesma forma, não há nenhuma argumentação que consiga ser instigante para os não protestantes. É um roteiro extremamente ralo e manipulativo, poucos momentos de reflexão natural, ao contrário, é quase que imposto a reflexão por base nos ideais religiosos, o que para muitos soa forçado e desesperador, para não dizer piegas. Se tratando de uma história baseada em fatos reais e de uma temática delicada, era de se esperar algo mais poético e humano, em vez disso temos uma obra que se comunica com uma plateia restrita, apenas repetindo uma cartilha religiosa. No que se refere as qualidades técnicas, o filme até é bem feito, mas não foge do convencional, sua fotografia e trilha sonora são totalmente manipulativas, tentam induzir ao choro por tudo. Falham igualmente.
É uma pena também o desperdício de elenco, temos nomes primorosos como de Kelly Reilly, Margo Martindale e Thomas Haden Church, nenhum consegue ter um mínimo momento interessante, todos estão apáticos, sem ter o que fazer, vão empurrando as coisas com a barriga. Até o protagonista Gregg Kinnear está apático e inexpressivo, mesmo ele tendo oportunidades, falha em passar um sentimento humano a sensibilizar o espectador. A dinâmica com Connor Corum é nulo, uma encheção de linguiça pura, causando apatia na maior parte do filme – pra não dizer em toda sua duração.
“O Céu É de Verdade” passa a ser mais uma tentativa fracassada em disseminar os dogmas de uma religião, se atrapalha justamente por não diversificar o público e procurar uma forma mais dinâmica e atrativa. É um daqueles tipos de filmes extremamente desnecessários, despertando em mim o único sentimento: a esperança que este tipo de cinema não consiga se consolidar, abrindo espaço para obras de mesma temática, mas muito bem executados e de apelo a amplo público, como A Última Tentação de Cristo (1988), Rei dos Reis (1961) e Os Dez Mandamentos (1956). Ter fé não custa, mesmo sendo desestimulante o atual cenário.
TRAILER LEGENDADO
http://www.youtube.com/watch?v=z3t853dZFT8