Operação Overlord (Overlord, 2018); Direção: Julius Avery; Roteiro: Billy Ray e Mark L. Smith; Elenco: Jovan Adepo, Wyatt Russell, Mathilde Ollivier, John Magaro, Gianny Taufer, Pilou Asbæk, Bokeem Woodbine; Duração: 109 minutos; Gênero: Ação, Guerra, Mistério, Terror; Produção: J. J. Abrams, Lindsey Weber; País: Estados Unidos; Distribuição: Paramount Pictures; Estreia no Brasil: 08 de Novembro de 2018;
Antes de ter seu título oficialmente confirmado, assim como sua própria data de lançamento, muito se falava sobre “Operação Overlord” se passar no universo compartilhado de Cloverfield. Muitos filmes com o envolvimento de J.J. Abrams como produtor poderiam se tornar, de surpresa, parte da franquia. Contudo, antes mesmo do fracasso de crítica, impossível saber se também econômico, de “O Paradoxo Cloverfield”, lançado pela Netflix no início do ano, começou-se a pensar duas vezes antes de tomar a decisão final. Assim como ocorreu com “Um Lugar Silencioso”, portanto, acontece com este novo filme da Paramount Pictures, que tem liberdade para ser uma produção “original” e independente em seu próprio Universo.
Criar um universo, neste caso, é importante, porque o filme de Julius Avery -aqui dirigindo seu segundo longa-metragem- tem por obrigação ser bem-sucedido nas bilheterias, precisa agradar ao público em geral e é para isso que foi feito. O apelo à violência gráfica está ali sempre para reafirmar isso, o tom de ação que toma conta do filme em grande maioria do tempo é para tentar estabilizar a atenção, enquanto a dinâmica entre os personagens é para tentar conquistar o coração. Contudo, com orçamento generoso e travestido de Filme B, falta ao filme mais consciência para brincar com si próprio.
Ainda que pareça o fazer, “Operação Overlord” se leva a sério e esse é um dos problemas que permeia todo o filme. A violência, por exemplo, só está ali como um atrativo de diversão, dentro do contexto do filme ela se faria necessária, assim como em qualquer outra produção que se paute a falar sobre guerra ou zumbis, quem dirá os dois. Uma coisa, entretanto, é fazer o bem-vindo uso disso de uma maneira relevante, aqui é apenas conveniente. O que é uma lástima, dado que se podia construir um drama que sem qualquer pudor tocasse na temática de desumanização dessas figuras.
Por mais que possa parecer um desejo meu o filme ter explorado essa possibilidade mais dramática, isto é, na realidade, um dos elementos presentes na narrativa do filme. Há uma tentativa de explorar uma metáfora e há todo um discurso envolvendo os limites ultrapassados por ambos os lados durante a Segunda Guerra Mundial. É tão explícito o que se tenta fazer que chega a ser embaraçoso, porque a maneira como tudo ali é desenvolvido é preguiçosa ou inteiramente sustentada em clichês de uma simplicidade banal. Não há aqui algo que crave uma identidade ao que o filme precisa para se sustentar como um todo.
O elenco de sub conhecidos, com muitos nomes vindouros de séries, é uma tentativa de unir talento a economia de não ter uma grande estrela encabeçando o filme. No entanto, pouco há no roteiro de conteúdo que o elenco possa trabalhar com qualidade, assim como Avery não se mostra um bom diretor de atores. O exemplo mais exponente é Wyatt Russell, cuja personagem tem uma jornada que culmina numa das possíveis grandes catarses do filme. Se funcionasse, seria ótimo, mas todo o drama presente no filme é demasiadamente frágil, o que impede com que haja qualquer comoção com o que vem a se suceder, seja com este personagem ou qualquer outro.
Pouco inventivo, “Operação Overlord” em certo momento dá a impressão de se estender mais do que o devido. Ainda mais quando a principal intenção é entreter. Isso se configura muito por uma montagem que em momento algum empolga, e tem lá seus defeitos, alguns mesmo provenientes do roteiro, certos MacGuffins são inseridos na narrativa e esquecidos com extrema facilidade. São fragmentos que ajudam a deixar mais claro como o andamento do filme emperra em determinado momento, é pouco conteúdo para muito tempo. Assim, tentando subsidiar sua duração, se torna enfadonho. Pode até entreter momentaneamente, mas muito aquém de seu potencial, e sem qualquer mérito para se impor como Filme B.