O Formidável (Le Redoutable, 2017); Direção e Roteiro: Michel Hazanavicius; Elenco: Louis Garrel, Stacy Martin, Bérénice Bejo, Micha Lescot, Grégory Gadebois, Guido Caprino; Duração: 107 minutos; Gênero: Biografia, Comédia, Drama; Produção: Florence Gastaud, Michel Hazanavicius, Riad Sattouf; País de Origem: França; Distribuição: Imovision; Estreia no Brasil: 26 de Outubro de 2017;
O diretor ganhador do Oscar Michel Hazanavicius (Mesmo de O Artista, 2011), retornou com um grande buzz ironicamente graças à outro cineasta: Jean-Luc Godard. Seu novo projeto, “O Formidável”, retrata um segmento da vida do lendário diretor da nouvelle vague, em plena crise criativa e pessoal, primeiro por não conseguir ter ideias para superar seus maiores sucessos, como “O Demônio das Onze-Horas (1965)”, segundo pelo caos político e social ao qual a França vivia no fim dos anos 60, se sentindo completamente impotente mediante a situação. Querendo portanto ajudar, se filiando ao movimento comunista maoista, participando de assembleias e manifestações e deixando o cinema de lado. Ao seu lado, está sua musa, Anne Wiazemsky (Stacy Martin), cada vez mais refém de uma relação completamente abusiva. É a partir dai que Hazanavicius elabora cenários para construir um filme cheio de truques e, ironicamente, simpatias.
O diretor repete um exercício de metalinguagem cinematográfico, assim como em O Artista, porém troca-se essa transição do cinema hollywoodiano mudo para o falado pelo cinema do Godard (Louis Garrel), em todas suas fases, usando e abusando as alegorias do cineasta em prol de agregar a narrativa. É um recurso muito bem utilizado, principalmente por emular de forma perfeita os anos dourados de Godard, sem copia-lo, apenas exaltando sua essência. Seu maior triunfo é não ser uma homenagem, como era o filme anterior do diretor, e sim um processo de desconstrução de uma imagem de um diretor endeusado, taxado até os dias atuais como gênio, mas que na verdade é um verdadeiro ser humano cruel, que tentou preencher o vazio de sua crise humilhando a todos e rejeitando a si mesmo, negando seus filmes mais consagrados por serem “parte do sistema”.
Além disso, “O Formidável” é uma verdadeira falsa cinebiografia de Godard travestida numa resposta de Anne Wiazesmky ao diretor e a todos que a diminuíram de alguma forma. O filme não só é dela como serve como uma versão para as mulheres saírem das sombras dos diretores e assumirem seu próprio destino, seu próprio “formidável” como é usado como alegoria na própria projeção. A atuação de Stacy Martin (Novitiate) é excelente, ela eclipsa de uma forma Louis Garrel, que mais parece imitar trejeitos de um velho rabugento que construir um personagem minimamente original. Martin tem presença de cena similar às musas do Nouvelle Vague, é uma estrela de sorriso, expressão, sentimento.
Hazanavicius é um diretor cheio dos truques, o que há de melhor dos recursos dos filmes de Godard ele usa para elaborar uma narrativa no minimo curiosa. Um projeto com tantas chances de dar errado consegue ser um relato simpático de uma figura totalmente antipática.
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