Direção: Jason Reitman
Roteiro: Jason Reitman & Erin Cressida Wilson
Elenco: Emma Thompson, Adam Sandler, Rosemarie Dewitt, Jennifer Garner, Dean Norris, Judy Greer, J.K. Simmons, Ansel Elgort, Kaitlyn Dever
Estréia no Brasil: 04 de dezembro de 2014
Gênero: Drama/ Comédia
Duração: 119 min
Homens, Mulheres e Filhos se encontra numa massa cinzenta da proposta de cinema, ou melhor, do tipo de relação humana qual o americano Jason Reitman tenta se aprofundar com a rotina de tipos americanos comuns. Não há a desenvoltura fria e quase fatal de Amor Sem Escalas ou mesmo do pequeno e subestimado Jovens Adultos. E talvez o que encontremos nesse seu mais recente trabalho esteja próximo do humor negro de Obrigado Por Fumar e dos adolescentes pop blasé de Juno. Porém, ainda que conturbado e cheio de problemas, Homens, Mulheres e Filhos é um filme digno ao menos de uma pequena e considerável nota de curiosidade.
Acompanhando as desventuras sentimentais de adolescentes confusos e seus pais, casais de meia-idade tão ou mais perdidos que seus filhos, o filme estabelece com sua vasta rede de personagens a ideia de quão opacas, pragmáticas e insípidas se tornaram as relações humanas com o advento da tecnologia e de redes sociais que tinham por intuito a aproximação de pessoas, mas que só potencializam um gradual afastamento delas. Um discurso interessante na sua essência, mas que não acompanha a carga de profundidade qual o assunto necessitaria para fazer deste um grande filme. O tema fica numa camada superficial, sob um único ponto de vista (o que chega a ser contraditório visto a gama de personagens que entram e saem da tela), as relações alarmistas que Reitman estabelece são fáceis e sem a profundidade que acreditam ter, sendo que a sensação que se tem é que o filme se coloca como aquela sua tia chata que sempre reclama que você prefere ficar no seu computador do que interagindo com seus outros parentes boçais.
Não que todas as subtramas não funcionem. O drama da rotina e do marasmo sexual vivido pelo casal interpretado por Adam Sandler e Rosemarie Dewitt, que estabelecem através de relações sexuais com parceiros virtuais uma maneira de segurar o casamento, é madura e tem o fôlego suficiente pra quase carregar o filme nas costas (e particularmente, confesso que me agradaria bem mais acompanhar mais afinco essa história ao invés do que nos é apresentado). Enquanto a Narradora interpretada pela Emma Thompson num tom absurdamente austero pontua alguns grandes momentos do trabalho. Temos também um casal de adolescentes deslocados do ambiente que vivem, seja escolar ou familiar, figuras manjadas do nicho indie mas que ainda rendem na pele da ótima Kaitlyn Dever e do coqueluche do momento Alnsel Elgort.
Porém, no geral, os personagens se tornam mais ou menos irrelevantes assim que deixam a tela, não pelo trabalho dos atores em si, mas pela falta de interesse maior na construção desse roteiro. O que é uma pena vindo de um diretor que fez algumas das desconstruções mais precisas sobre juventude, amor e maturidade na América nos últimos anos, esse Homens, Mulheres e Filhos ser apenas um filme reducionista.
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