Direção: Tomas Portella

Roteiro: Tomas Portela, Mauro Lima e Martina Raupp

Elenco: Marcos Caruso, Cleo Pires, Thiago Martins, Fabiula Nascimento, Antonio Pedro Tabet

Produção: Rodrigo Castellar e Pablo Torrecillas

Estreia no Brasil: 15 de Outubro de 2015

Gênero: Ação

Duração: 90 minutos

Classificação Indicativa: 16 anos

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Às vezes (ou quase sempre) a ânsia de copiar cegamente um gênero ou um estilo de filmagem leva a uma repetição não só dos acertos, mas, principalmente, dos erros. Basta uma breve análise  do que acontece no cinema norte-americano em que um tipo de filme faz sucesso e vários genéricos vão surgindo em seqüência. Operações Especiais é exatamente isso, pois tenta ser um filme de ação/policial inspirado nos de investigação com FBI que já estamos cansados de assistir, só que transportado para a “realidade brasileira”. No fim acabamos no mais do mesmo, ainda que, dessa vez, o FBI seja a Polícia Civil Brasileira.

Na história acompanhamos Francis (Cleo Pires) que para impressionar e se vingar do ex namorado (já começa tudo errado) resolve prestar um concurso para a Polícia Civil e, sem estudo ou preparo, porque no Brasil do longa qualquer um passa, acaba obtendo aprovação. Durante o treinamento para iniciar os seu trabalhos, a protagonista é convocada para uma Operação Especial com o intuito de investigar a morte de dois menores na cidade de São Judas Tadeu e, durante o seu trabalho, acaba descobrindo um esquema de corrupção não só na prefeitura mas por todos os  lugares da cidade (que sutileza: corrupção e traição em São Judas). Porém, ela é desacreditada na instituição militar por ser mulher, sofrendo bullying dos seus colegas, principalmente de Roni (Thiago Martins). Com o tempo, Francis (que, olha, tem um nome masculinizado. Muito sutil) conquista a confiança do chefe da operação, Capitão Fróes (Marcos Caruso), mostrando que não é apenas um rostinho bonito.

A condução de Tomas Portella, principalmente nas cenas de ação é deveras competente, visto que apresenta de forma coesa o que está acontecendo, sem apelar para recursos reconhecidamente óbvios. Além do mais, a tensão que o diretor cria é tão eficiente quanto a apresentada no seu filme anterior, Isolados, com o diferencial de que em Operações Especiais ele tem mais opções tanto de cenário quanto de temática. E ai que entramos no ponto falho da produção: o roteiro. E justamente pelo fato de Portela ter mais liberdade para lidar com outros temas que o seu argumento escrito juntamente com Mauro Lima (Meu Nome Não é Johnny) e com Martina Raupp é bastante raso, pincelando em corrupção, em precariedade da polícia, em machismo, em preconceito. Enfim, é tanto assunto que, é claro, nada é devidamente aprofundado e, consequentemente, há uma forte tendência ao estereótipo.

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Quanto as atuações, mais uma vez, temos um elenco novela da globo com Cleo Pires, Thiago Martins, Fabíula Nascimento, Marcos Caruso e entre outros. De maneira alguma, isso é necessariamente ruim, aliás Caruso está brilhante como Comandante da Operação, assim como Fabíula está sendo ela mesma como sempre. Mas o grande problema é colocar Cleo Pires como protagonista. Não, gente, não. Parece que não viram o fiasco que foram os dois Qualquer Gato Vira-Lata. Ela não convence, não sabe segurar uma arma direito, não imprime o discurso feminista que a sua personagem prega. Em suma, se não bastasse a falha do roteiro em não aprofundar a questão de como é ser uma policial em meio a um mundo predominante masculino e machista, ainda escolhem a atriz pelo quesito beleza, pois o que parece é que ela só serve para mostrar os peitos, enquanto não há nenhuma nudez masculina – o que corrobora para criar uma hipocrisia na própria película que em sua história critica o preconceito, mas, na prática, segue o padrão.

Não quero e nem vou mais me alongar em relação a esse filme que isso já tomou e está tomando mais do nosso tempo do que a fita merece. Operações Especiais, por fim, continua provando o que todo mundo já sabe: temos condições de fazer um blockbuster brasileiro de ação muito bem filmado, com efeitos especiais e perseguições elaboradas. Da mesma forma, sabemos escrever roteiros densos, complexos e, principlamente, críticos. A grande questão é juntar esses dois elementos. Isso é raro. Cidade de Deus e Tropa de Elite, por exemplo, obtiveram êxito nessa junção; Operações Especiais, definitivamente, não.

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1 Comment

  1. Crítica muito equivocada quando tenta impor regras em um filme notadamente de ação, e só, sem bandeiras ou discussões ideológicas. Serve p divertir e me divertiu, mais do que a maioria de semelhantes americanos. Muito bom. Recomendo, o filme, não a crítica.

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