Título Original: Unbroken
Direção: Angelina Jolie
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen, Richard LaGravenese e William Nicholson
Elenco: Jack O’Connell, Domhnall Gleeson, Garrett Hedlund, Takamasa Ishihara, Finn Wittrock
Produção: Erwin Stoff, Clayton Townsend Angelina Jolie, Matthew Baer
Estreia Mundial: 25 de Dezembro de 2014
Estreia no Brasil: 15 de Janeiro de 2015
Gênero: Biografia/Drama
Duração: 137 minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos
Se existem feridas que o tempo não cura, essas são a da guerra. Anos, décadas passam, mas os fantasmas e os pesadelos estão tão presentes quanto as marcas físicas que as I e II Guerras Mundiais deixaram e deixam até os dias atuais. Uma das melhores maneiras de tentar superar esses traumas é por meio da arte, nesse caso, o cinema. Todo ano temos um filme sobre o assunto e quase sempre as produções são de extrema relevância e cuidado histórico, não para ser 100% da realidade, mas com o objetivo de passar um pouco do que foi viver naquela época, pois como dizia Alain Resnais em seu excelente “Noite e Neblina” “nenhuma descrição, nenhuma imagem, é o suficiente para lhes dar a verdadeira dimensão de um medo ininterrupto […]”, isto é, não importa o quanto tente-se ser o mais verossímil possível em relação ao ocorrido, nunca será possível retratar seja pelo meio que for as barbáries que ocorreram entre os anos de 1939 a 1945.
Em Invencível, coloca-se uma lupa no certame, aprofundando-se no caso específico do atleta olímpico Louis Zamperini (Jack O’Connell de Skins e 300: A Ascensão do Império), o qual acaba tendo de servir na na força aérea dos EUA. Porém, após um acidente, ele e mais dois colegas, acabam ficando à deriva no oceano por mais de 30 dias até que são encontrados por embarcações japonesas que os fazem de reféns. Desde o início da produção, já percebemos o quão segura Angelina Jolie é na direção. Ela acerta sempre nos ângulos, faz escolhas inteligentes, sempre dando função aos seus quadros na narrativa. Algo que já havíamos visto em seu longa anterior “Na Terra do Amor e do Ódio” (que é muito bom, por sinal). Até o 2º ato, a direção se mantém num ritmo muito interessante e coeso; quando chegamos ao 3º ato, entretanto, temos uma queda brusca de qualidade tanto em condução quanto roteiro. As sequências e os diálogos começam a ficar repetitivos, além de que assuntos como a fé do personagem acabam ganhando um leve destaque com um objetivo meio que cínico de trazer mais espectadores religiosos.
Por outro lado, a atuação de Jack O`Connell se mostra junto com a excelente direção de arte, um dos pontos altos da fita. O ator traz um peso dramático ao passo que é uma figura muito carismática nos momentos de maior descontração, e ele convence como prisioneiro sofrido, mesmo quando o filme desanda totalmente em seu final, O’Connell consegue nos manter interessados. Aliado a isso, temos o excelente trabalho de maquiagem presente na direção, com menção honrosa, principalmente, à cena em que Zamperini e seu colega, Phil (Domhnall Gleeson de Questão de Tempo), têm seus corpos molhados com água pelos soldados japoneses, quando pensavam que iam ser executados – em uma clara alusão a famosa cena de “A Lista de Schindler”. Nessa passagem, é quase inacreditável a forma física que eles apresentam; é carne e osso quase que literalmente.
Contudo, as cenas no campo de prisão japonês quase levam o filme para o total desastre, parecem que não fazem parte da mesma produção. Os erros já começam na escalação do Sergento Watanabe (Takamasa Ishihara), o ator, a despeito de ser competente, não se encaixa no papel. Ele apresenta feições dúbias, tanto que, em alguns momentos suas expressões dão a entender que ele possa mudar de lado. Além disso, em toda as cenas temos Zamperini apanhando, sendo xingado, zombado, desafiado e apanhando de novo. Fica repetitivo, chegando ao ápice quando, em uma das últimas passagens antes do fim da guerra, o protagonista é obrigado a ficar segurando uma madeira nas costas lembrando muito a figura de Jesus na cruz (olha a questão religiosa ai de novo).
Invencível, até o fim do 2º ato, tem todo um cuidado para balancear a realidade com a ficção. Temos um filme inteligente, tenso e bastante emocionante. No final, todavia, o melodrama excessivo e a vontade de fazer o espectador sofrer acaba por trair e muito a direção de Jolie que estava muito boa até então. A despeito de não ser possível reproduzir o que foi ser um preso na II Guerra, o longa mostra-se muito necessário para continuar na nossa busca pela cura dessas feridas que continuam cicatrizando lentamente, principalmente porque, aparentemente, a humanidade ainda não aprendeu com os seus erros.
TRAILER LEGENDADO
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