Título Original: Wild

Direção:  Jean-Marc Vallée

Roteiro: Nick Hornby e Cheryl Strayed

Elenco: Reese Witherspoon, Laura Dern, Thomas Sadoski e Keene McRae

Produção: Bruna Papandrea, Bill Pohlad e Reese Witherspoon

Estreia Mundial: 19 de Dezembro de 2014

Estreia no Brasil: 15 de Janeiro de 2015

Gênero: Drama/Biografia

Duração: 115 minutos

Classificação Indicativa: 16 Anos

 

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Em Livre acompanhamos a jornada real de Cheryl Strayed para atravessar os 4,286 quilômetros da famosa PCT (Pacific Crest Trail), passando por toda costa oeste dos EUA até o Canadá. Conforme ela vai percorrendo a trilha, vamos descobrindo as suas motivações para largar tudo para ir se aventurar nessa caminhada de autodescobertas e (auto)desafios, que vão além das simples e óbvias decepções da vida, passando por perdas espirituais até a perda do conforto, leveza e sensibilidade que sua mãe representava.

Logo no início da jornada, a protagonista do filme olha para o horizonte, questionando o porquê de estar ali passando fome, frio e carregando um peso enorme nas costas. A resposta não aparece de imediato, mas ela decide seguir em frente, mesmo com medo e receio de que essa possa ser a sua sentença final de vida. A morte, porém, é o menor dos problemas frente ao inferno ao qual ela está passando, por isso toda essa jornada pelo auto-conhecimento é tão essencial para que ela possa seguir vivendo, passando uma borracha no passado e em todos os fantasmas da vida. Reese Witherspoon em uma atuação monstruosa, consegue nos passar todas essas dificuldades e todos esses pesos que ela tem de levar consigo naquela mochila enorme, não só de bagagem física, como também espiritual. Além disso, a forma como ela trabalhou seu tom de voz e o seu olhar demonstram o quão frágil sua personagem inicia a produção e o quão forte e transformada fica após cumprir seus objetivos.

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Jean Marc-Vallée, assim como em “Clube de Compras Dallas”, mantém uma direção bastante firme e segura durante toda a projeção. Seus enquadramentos contemplam a excelente atuação de Whiterspoon junto com as belas paisagens pelas quais a protagonista vai deixando suas pegadas. Entretanto, a forma como o roteiro é construído e como a narrativa vai sendo levada, acabam por sabotar um pouco a experiência pela qual o diretor tenta criar. A decisão de inserir vários flashbacks para nos contar o passado de Cheryl funciona até um certo ponto da narrativa, mas, com o uso exagerado e – por vezes – com o objetivo de criar um subenredo melodramático exacerbado, acaba por mais atrapalhar o andamento do que auxiliar no desenvolvimento da protagonista. O passado poderia ter sido abordado através das anotações do diário (que mais tarde vieram a se tornar o livro homônimo que inspirou a película), assim teríamos momentos mais contemplativos e verossímeis, afinal, a personagem está sozinha no meio do nada – é quase impossível não sucumbir as complexidades que a solidão nos força a viver.

Outro elemento que prejudica a experiência é o fato de a história se assemelhar ao “jovem cult” Na Natureza Selvagem dirigido e escrito por Sean Penn que é muito mais exitoso em abordar temas como a solidão e a liberdade que a natureza oferece. Livre tenta e atinge em parte esse objetivo, uma vez que há uma reflexão existencial por parte de Cheryl, porém ela acaba ficando superficial em alguns momentos. Ao passo que, outras questões como “seguir em frente, abandonando o passado” são muito bem mencionadas e desenvolvidas. Essa ideia fica muito evidente e simbólica no momento em que um dos personagens fala para a protagonista queimar os livros que já leu para que não fique carregando peso extra e, essa é a grande metáfora do filme: queimar todos os problemas que estavam impossibilitando seguir com sua vida.

WILD

A despeito de alguns tropeços no roteiro, Livre se prova uma produção que, além de bela, consegue trazer algumas discussões que sempre permeiam o ser humano. Tudo isso com uma sinceridade, sem querer parecer um filme complexo ou deveras contemplativo, mesmo que primeira impressão seja oposta. Ademais, é uma excelente chance de vermos Reese Witherspoon em um papel nada glamuroso, sem maquiagem, sem máscaras. Ela é apenas mais um ser humano buscando redenção pelas suas falhas, por meio da mais severa (e eficiente) punição que existe: a que aplicamos a nós mesmos.

TRAILER LEGENDADO

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