Já tem um tempo que Hollywood decidiu reinventar os clássicos de animação da Disney, os transformando em versões live-action. Tais projetos são, na maioria das vezes, bastante rentáveis, talvez pelo fato das crianças que cresceram assistindo aqueles tão encantadores longas animados decidem dar chances para as novas versões, pressupondo mais maturidade, que elas tenham envelhecido juntos, com outro tipo de linguagem. “Peter Pan” é a nova aposta da indústria, se baseando na essência do personagem elaborado por J. M. Barrie, sendo uma versão bastante oposta ao filme de animação da Disney. Na Inglaterra em guerra, Peter (Levi Miller) vive num orfanato administrado por umas freiras pra lá de macabras, com o súbito desaparecimento de algumas crianças, o jovem tenta desvendar o mistério, que o leva rumo a uma aventura em outro mundo, a Terra do Nunca, lugar onde existem fadas, piratas e seres mitológicos, sendo governada por um tirano, o Rei dos Piratas, capitão Barba Negra (Hugh Jackman), que tenta encontrar o segredo das fadas, para conquistar a imortalidade e reinar eternamente. Em dado momento, Peter se junta ao povo tribal liderada por Tigrinha (Rooney Mara) e com Gancho (Garrett Hedlund), para enfim por fim a era de Barba Negra e impor liberdade aquele mundo.
O roteiro do longa é sua principal fraqueza, apesar de uma argumentação inventiva, com direito a críticas ao imperialismo e aos governos ditatórias que tentam se perpetuar se infiltrando no Estado a oxigena-lo, há uma problema se baseando num enredo tão pobre, simples e pouco desenvolvido. Até a abordagem do trabalho infantil, um ponto tão escrachado, é diminuído de forma tão sutil que parece duvidar da inteligente do público. É verdade que as crianças possam não compreendem ou mesmo embarcar no longa, mas os jovens e mais adultos sem duvidas podem perceber a real grandeza por trás de Pan, grandeza que ainda existe, mesmo sendo exaurida. Os diálogos também são bem pobres, previsíveis, os momentos de embate, mais ápices e carregados de carga dramática são meio piegas, aquém de seu devido potencial. A direção do britânico Joe Wrigth é inventiva, bem confortável e à vontade com a temática, consegue proporcionar uma imersão ainda maior com o bom uso do 3D e dos efeitos visuais, totalmente espetaculares.
A direção de arte é outro ponto alto do filme, colorida, vibrante, um figurino de fazer encher os olhos e sentirmos cada vez mais naquele tão estranho mundo, com uma fotografia visualmente impecável. O estreante Levi Miller esbanja carisma e catives, sendo uma relevação para se acompanhar futuramente, Hugh Jackman igualmente ótimo, num momento particular de sua carreira, procurando uma construção dramática mais alta e menos comercial, o “mais do mesmo”, o que é louvável. Rooney Mara e Garret Hedlund também estão bem, mas não tem espaço para crescer… Enfim, é um elenco bom, mas que se submete basicamente ao embate entre o protagonista e seu antagonista, o que poderia ser aquém das amplas possibilidades abertas ao longa. É provável que esse filme não faça tanto sucesso quanto as demais adaptações live-actions, sobretudo por não ter o excesso de inocência, aquela coisa mais boba, como por exemplo a recente Cinderela teve, porém vale conferir, é um programa divertido, te faz pensar e ficar interessado em revisitar aquele mundo tão fecundo. Quem sabe A Terra do Nunca não seja abordada novamente, num futuro próximo, fica aqui registrada a torcida.
TRAILER LEGENDADO
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