Herege” (“Heretic”, 2024); Direção: Scott Beck, Bryan Woods; Roteiro: Scott Beck, Bryan Woods; Elenco: Hugh Grant, Sophie Thatcher, Chloe East, Topher Grace; Duração: 111 minutos; Gênero: Suspense; Produção: Stacey Sher, Scott Beck, Bryan Woods, Julia Glausi, Jeanette Volturno; País: Estados Unidos, Canadá; Distribuição: Diamond Films; Estreia no Brasil: 20 de Novembro de 2024;

Herege 02
(Divulgação: A24)

Herege” é um filme bastante simples, e daqueles do quanto menos se sabe sobre, melhor é a experiência. É inevitável que acabe se criando expectativas quando se lê a sinopse e se tem a ciência de que se trata de um filme horror, a questão é que é um filme básico em relação a sua premissa e não há, exatamente, muitas surpresas. É um filme que parece querer se sustentar mais sobre a forma como é executado, do que sobre a história e suas tramas em si. Ou pelo menos é o que devia fazer. Isso porque a narrativa sobre duas missionárias indo a casa de estranhos panfletar sobre e tentando converter outros à sua religião, até que encontram alguém que as questiona, se desgasta de forma até rápida. Conforme tudo vai se desenvolvendo, também não toma contornos muito inesperados, o que de forma alguma se faz um problema, mas é onde “Herege” traça suas limitações e estabelece como vai tentar as superar e isso recai tanto sobre os realizadores como sobre o elenco, que precisa preencher as lacunas. O resultado tem seus altos e baixos, alguns empecilhos se fazem maiores que outros e, no fim das contas, é o quão antes um ateu ou um religioso conseguem encher nossa paciência.

Herege 03
(Divulgação: A24)

Herege” é um filme que precisa se debruçar sobre a forma, e não o conteúdo, até porque é tudo bem simplório, todo o debate sobre religião é superficial, como denota uma das personagens. O mais interessante fica sobre a comparação de diferentes roupagens do mesmo conteúdo que são consumidas, num jogo que se arrasta até durante os créditos finais, sendo uma das boas sacadas do filme, senão a única boa. Porque no restante não há quem salve o roteiro de sua superficialidade, Sophie Thatcher carrega bem o horror em suas reações e sua luta, enquanto Chloe East deixa um pouco a desejar quando mais se precisa. É Hugh Grant (“Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”), no entanto, o grande responsável por ajudar a prender a atenção e fazer o filme funcionar em algum dos seus melhores momentos. O ator está hipnotizante em cena, e mesmo em meio a tanta baboseira que o filme se propõe a discutir de maneira supérflua através dele, é quem se torna o fio condutor, principalmente do suspense que é imposto sobre o espectador. Suspense este que funciona muito bem, até certo ponto, porque “Herege” foge de sua premissa de se passar todo em praticamente uma única locação e, ao invés de dar um suspiro ao filme, isso na realidade o desmonta desse gatilho de tensão que se fazia tão efetivo. Quando tem a chance de se tornar algo além do superficial, a opção é jogar seguro, e uma violência injustificada se faz presente, quase numa transição de gêneros cinematográficos, enquanto uma recorrência circular se apresenta como forma de emoção barata. Há algo de interessante em “Herege”, com certeza, mas o próprio filme precisava desafiar mais a si mesmo e, por que não, se deixar ser polêmico ao brincar de subverter as expectativas não com explicações que enganem o público de uma forma burra, mas que deixassem questionar em que se quer acreditar ou não.

Herege” – Trailer Legendado:

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