Honeyland (2018); Direção: Ljubomir Stefanov, Tamara Kotevska; Roteiro: Ljubomir Stefanov, Tamara Kotevska; Elenco: –; Duração: 85 minutos; Gênero: Documentário; Produção: Atanas Georgiev; País: Macedônia do Norte; Distribuição: –; Estreia no Brasil: –;
O primeiro dia oficial da maratona de filmes da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou com o documentário “Honeyland“, representante da Macedônia ao Oscar de Filme Internacional -antiga categoria de melhor filme em língua estrangeira. No filme, conhecemos Hatidze, uma mulher simples no norte da Macedônia, que cuida da sua mãe, que já beira aos 90 anos. Ela tem como profissão cuidar de abelhas, colhendo o mel natural delas, vendendo em feiras e usando em consumo próprio. Ao longo da narrativa, nos deparamos com os dilemas dessa mulher, que apesar da rotina pouco glamourosa, consegue achar beleza e prazer, aproveitando da companhia de sua mãe, de seus animais e da própria natureza como forma de engrandecer. O grande trunfo do documentário é apelar por um tom realista, nos fazendo adentrar na narrativa na forma mais crível possível, deixando qualquer tom engessado e convencional para trás.
Aliás, em inúmeros momentos, questionamos se o longa não está transformando a estória daquela mulher em uma ficção. A entrega de Hatidze é tão genuína que chega a ser inacreditável. Seus diálogos com sua mãe são espontâneos, variam entre o cômico e o melancólico. Há um tom do tradicionalismo de uma cultura que ainda resiste, em meio a um mundo globalizado, numa região cercada de conflitos. A questão da natureza é só a “cereja no bolo” sobre a questão contemporânea. Por mais isolada e remota que seja a vida daquela mulher simples, ela acaba por ser atingida pelos fatores externos, seja o aquecimento global, as guerras, a pobreza, etc.
É um documentário que se escora no realismo na forma mais baziniana possível. Consegue entreter, instruir e emocionar. Um bom começo para a Mostra SP, que apesar de todas as crises, conseguiu começar de forma bastante esperançosa. Doce como um mel -e sem agrotóxico.
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