Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi, 2017); Direção & Roteiro: Rian Johnson; Elenco: Mark Hamill, Carrie Fisher, Daisy Ridley, Adam Driver, John Boyega, Kelly Marie Tran, Laura Dern, Oscar Isaac, Domhnall Gleeson, Benicio del Toro, Andy Serkis, Gwendoline Christie; Duração: 152 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Fantasia; Produção: Kathleen Kennedy, Ram Bergman; País: Estados Unidos; Distribuição: Buena Vista/Disney; Estreia no Brasil: 14 de Dezembro de 2017;

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Star Wars sempre foi uma certeza nas bilheterias, mas a qualidade do que era entregue ao público igualmente pôde ser questionado. Não tanto em relação a trilogia original, e sim mais a segunda e irregular trilogia da saga. Até por isso havia algum receio quanto ao que se esperar em O Despertar da Força (The Force Awakens). Contudo, os números mundiais de bilheteria mostraram a confiança dos fãs, que se viram retribuídos com uma obra completa depois de tantos anos, finalmente. Com o lançamento de Rogue One ano passado agora é mais do que uma certeza que a saga trilha não só novos caminhos, mas que o faz com total segurança.

Algo que só é reforçado em Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi), que ainda tem como obrigação, pelos rumos da narrativa, em trazer de volta um dos heróis mais icônicos no cinema hollywoodiano. O fardo que o filme de Rian Johnson carrega sem duvidas são acrescidos pelas portas e possibilidades abertas e o anseio por respostas deixados com o público dois anos atrás, mas o sucesso instantâneo do retorno da franquia de maior sucesso global gera um respaldo que dá ao diretor a chance de realizar aqui um trabalho que mescla a nostalgia ao primeiro passo em uma direção completamente nova.

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Como um devido segundo capítulo de uma trilogia, Os Últimos Jedi é mesmo um filme de transição. Mas diferente das expectativas de ser um mero passageiro, assume a transição e a transforma num rito de passagem. Por isso mesmo a nostalgia fica aqui mais em um segundo plano, ainda que se faça demasiadamente presente. Acontece porque o arco que justifica uma nova trilogia se faz aqui completo e entrega aos novos personagens sua cota de heroísmo e os coloca como protagonistas de suas próprias histórias. Mas entre as idas e vindas, alguns elementos acabam não funcionando plenamente, enquanto outros sutilmente deixam traços que fazem deste talvez o filme mais significativo em toda a saga.

Porque se Rogue One, quase que completamente ausente de indivíduos sensíveis a Força, explorava o mito que permeia a saga a partir de um ponto de vista “mundano”, Os Últimos Jedi dá continuidade a isso também explorando a fé e, agora sim, as figuras que as sintetizam. Por isso o Luke Skywalker de Mark Hamill é, de certa maneira, o protagonista neste oitavo filme. Mas há todo um carinho especial com a General Leia da “nossa princesa” Carrie Fisher, que encontramos retratada como o próprio mito que é, numa mescla de homenagem e agradecimento junto ao reconhecimento que a própria saga lhe deve.

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Não à toa por mais de uma vez durante o filme Rey (Daisy Ridley) e Finn (John Boyega) são encarados pelos outros e tido como heróis da resistência por seus feitos em O Despertar da Força. Há um senso de admiração tanto em relação aos dois como com Luke e Leia. Porém, quem se admira mais do que a grande maioria com eles e abertamente expressa isso é, provavelmente, a Rose de Kelly Marie Tran, peça fundamental na história. Através dela, Rian Johnson constrói uma das sutilezas mais ressonantes em Os Últimos Jedi e estabelece um elo que, igualmente como a Força, permeia essa nova história que é contada.

Ainda que se faça uma volta um tanto desnecessária a trama envolvendo Finn e Rose em Canto Bight, é nela que vemos umas das conexões que, obviamente, representam o futuro da franquia. Mas há algo em alçar a personagem a seu próprio protagonismo de uma maneira honesta, que a concede um desenvolvimento que é precioso numa das viradas catárticas mais impressionantes da saga, mesmo que culminando em um momento regado a cafonice. Rian Johnson vende a ideia de sua proposta tão bem que o melhor condutor de heroísmo metálico da Galáxia finda seu destino no filme humanizando um mito diante de tantos olhares sem apelar ao óbvio e, não somente sustentado na diversidade, transcende o papel de protagonismo para qualquer um que se arriscar a escrever sua própria história.

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Enquanto se constroem novas possibilidades para dar a franquia continuidade -à primeira vista infinita-, algumas tramas se descabam em resoluções um tanto insatisfatórias e praticamente fugindo de perguntas que, aparentemente, acabarão ficando sem respostas. São retornos e participações que vemos ser em vão e que pouco influem na trama ou justificam um alarde prévio, quase que inevitável após se assistir -quantas vezes fosse- a O Despertar da Força. Não que o filme de J.J. Abrams também não sofresse com descasos narrativos que aqui continuam encarados da mesma maneira, inerte, imutável e indiferente, caracterizando quase como um desinteresse para a saga.

Ao mesmo tempo, há um aprofundamento em muitas coisas nas quais o filme anterior não se arriscou para além da superfície. A resolução destas rende em Os Últimos Jedi sequências de tirar o fôlego e algumas das mais evocativamente belas que podemos encontrar em Star Wars. A exemplo da luta dos dois lados da Força contra a guarda pretoriana. É o embate final, entretanto, que justifica o mito em sua plenitude, e a estética que Rian Johnson encontra para aborda-lo resulta numa parcela narrativa que esbanja estilo e sutileza, onde o alucinante e aguardado confronto resguarda muito mais do que aparenta.

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Star Wars: Os Últimos Jedi brinca com a mitologia da saga até aqui e estabelece novos mitos, assim como homenageia aqueles que nos deixam, sejam no universo diegético ou, infelizmente, em vida. Há um quê de poético no que se desenvolve aqui, mas há também a inevitabilidade de se recorrer ao piegas demasiadas vezes, assim como o tom oscila dentro das próprias cenas. No início humor demais funciona perfeitamente, até com o General Hux de Domhnall Gleeson, mas depois destoa completamente em diversas oportunidades. Talvez somente faça parte do pacote blockbuster, no anseio por divertir a qualquer custo, e por mais que em raras ocasiões traga à memória a segunda trilogia de George Lucas -meus Porgs porém nada tem a ver com isso- há plena certeza de que Star Wars se consolida no caminho certo.

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Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi

Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi, 2017); Direção & Roteiro: Rian Johnson; Elenco: Mark Hamill, Carrie Fisher, Daisy Ridley, Adam

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