Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2, 2016); Direção: James Wan; Roteiro: Carey e Chad Hayes, James Wan e David Johnson; Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Madinson Wolfe, Frances O’Connor, Lauren Esposito, Benjamin Haigh, Patrick McAuley, Simon Mc Burney; Produção: Rob Cowan, Peter Safran e James Wan; Estreia Mundial: 10 de Junho de 2016; Estreia no Brasil: 9 de Junho de 2016; Gênero: Terror; Duração: 135 minutos; Classificação Indicativa: 14 anos;
Como um fã do gênero, admito que ainda não estou sabendo lidar muito bem com o que acabei de ver. James Wan já me fisgou lá em 2004 quando lançou o excelente Jogos Mortais, depois ele passou um tempo sumido, dirigiu mais um que outra coisa, mas em 2010 ele chegou chutando tudo com o apavorante Sobrenatural e, logo depois, em 2013 ele chega no topo com Invocação do Mal (filme sobre o qual escrevi minha primeira crítica aqui no Cine Eterno). Assim, enquanto a indústria ainda investia naquele terror teen, raso e barato, Wan, produção após produção, inseria humanidade nas suas histórias, além de, claro, desenvolver seus personagens para que ocorra um identificação com o espectador. Dessa forma, o medo não vêm apenas daqueles clichês (que sim estão sempre muito presentes), mas também porquanto estamos preocupados com o futuro destes. E se eu achava que ele tinha chegado ao cume com o primeiro, acreditem, nunca estive tão feliz por estar enganado, pois, sim, ele se superou e Invocação do Mal 2 é melhor que o 1!
Dessa vez, o casal Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga, respectivamente) vai para Inglaterra investigar um suposto caso de, pasmem, assombração em uma casa. Presenças estranhas e objetos se mexendo sozinhos assustam a todos que vão averiguar seja vizinho, seja policial. Não se salva ninguém. Porém, para que os Warren possam atuar, precisam de uma prova contundente, tendo em vista que representam a Igreja que não pode se dar a luxo de ser enganada por algum aproveitador. E quem disse que conseguem facilmente essa evidência? Toda essa dificuldade começa a transparecer de forma estranha e eles acabam descobrindo que o que se passa nessa residência pode estar mascarando um mal muito maior.
Não preciso nem dizer que o longa é “apavorantemente” delicioso. Desafio alguém a assistir Invocação do Mal 2 e ficar indiferente. É impossível. Tudo isso graças a maestria de James Wan e de seu diretor de fotografia Don Burgess. Eles sabem deixar a câmera no lugar certo, captando sempre o ângulo mais obscuro e mais assustador. Reparem na presença do escuro total nos momentos de tensão, pois sabem que qualquer coisa pode sair dali e, claro, isso vai nos deixar angustiados. Além do mais, a mixagem de som impecável dá um tom/susto extra. Sim, você sabe que vai se assustar, mas, mesmo assim, os barulhos utilizados nem sempre correspondem as expectativas, fazendo com que o impacto seja ainda mais eficiente.
Outro ponto que deixa esta sequência ainda mais interessante é, sem dúvida, o roteiro – muito corajoso, por sinal. Primeiro, porque não tem medo de desenvolver os personagens. Então, cenas de conversas sobre aflições e sobre encontrar alguém que te entenda, não são raras, assim como sustos não vão faltar. Segundo, há um crescente no desenrolar da trama: as pistas vão sendo jogadas lentamente e tudo fecha direitinho no final, isto é, tudo faz sentido, não tem nada de muito mirabolante. As resoluções são simples, eficazes e na medida para o que a película exige. E, por fim, não pouparei elogios ao elenco. Filme de terror com atores e atrizes de alto nível não tem comparação. Patrick Wilson e Vera Formiga trazem o peso dramático essencial para que compremos não só a história da família que eles vão ajudar, mas também todo o arco que os envolve enquanto marido e mulher e suas angústias em relação a sua profissão. Ademais, o elenco infantil não perde em nada para os adultos, todas as crianças estão soberbas, mas a menção honrosa vai para a Madison Wolfe, no papel da Janet. Creio que, desde a Linda Blair em O Exorcista eu não via uma menina tão do capiroto.
E mais uma vez, Invocação do Mal nos prova que filme de terror não se faz só com sustinhas e pulos na cadeira. Se faz com direção e fotografia de qualidade, atuações impecáveis, design de som inteligente e, principalmente, roteiro focando na humanidade dos personagens. Aqui temos uma família normal que poderia ser eu, poderia ser você. É isso que dá verossimilhança ao medo. E finalmente hollywood está começando a entender isso, tanto que, neste segundo filme, chegamos no ápice dessa mistura que faz com que o longa não seja bom, e sim, ótimo, excelente. Dá vontade de aplaudir após o fim da projeção. E se havia alguma dúvida de que James Wan é o melhor diretor de terror da atualidade, Invocação do Mal 2 é a prova que faltava.
P.S. Lá vou eu ficar mais uns meses com medo do escuro :p