“Velozes e Furiosos 10” (“Fast X”, 2023); Direção: Louis Leterrier; Roteiro: Dan Mazeau & Justin Lin; Elenco: Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Jason Statham, Tyrese Gibson, Chris “Ludacris” Bridges, Jason Momoa, John Cena, Jordana Brewster, Nathalie Emmanuel, Sung Kang, Brie Larson, Daniela Melchior, Alan Ritchson, Scott Eastwood, Helen Mirren, Charlize Theron, Rita Moreno; Duração: 141 minutos; Gênero: Ação, Aventura; Produção: Neal H. Moritz, Vin Diesel, Justin Lin, Jeff Kirschenbaum, Samantha Vincent; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 18 de Maio de 2023;
Depois de tantos anos e tantos filmes, a franquia “Velozes e Furiosos” dispensa apresentações e, honestamente, também qualquer necessidade de sair de sua zona de conforto para agradar aqueles que ainda não caíram nas graças de Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua família. A transformação ao longo dos anos, no entanto, deu a oportunidade à franquia de se entender muito bem como o que é, as sequências de ação passaram a ser cada vez mais desafiadoras e precisavam ser cada vez mais mirabolantes, e quanto mais melodrama familiar entrava em cena, mais lúdico tudo se tornava. O ápice foi no nono filme, que apresentava um humor com seus próprios desafios à lógica e leis da física que exibiam uma autoconsciência resultado de um amadurecimento de filmes que sabem ao lugar aonde pertencem e como funcionar. É uma experiência completa, que certamente já tem seu legado no cinema de entretenimento e, aparentemente, se aproxima do fim. Com isso, encontramos em “Velozes e Furiosos 10” toda uma aura não só de “brutos também amam”, mas envelhecem. Vin Diesel entrega um Toretto que parece cansado, amparado pelo amor ao novo, o futuro de sua família, e confrontado pelo futuro destituído de um de seus antagonistas.
O quanto o nono filme evidenciou a franquia ter encontrado seu tom ideal é refletido em “Velozes e Furiosos 10” na troca atrás das câmeras, saiu da direção Justin Lin -por diferenças criativas- para entrada de Louis Leterrier, sem causar turbulências no que vemos em cena. Tudo parece seguir um plano tão específico e contínuo que é quase imperceptível a mudança, se entrega o que é esperado da maneira como se é esperada, mas sem deixar de surpreender (dentro do possível). São diversão e adrenalina garantidas, com o selo de lúdico da franquia, com uma pitada da tão bem adquirida autoconsciência –“se violasse as leis de Deus e da gravidade, eles fariam duas vezes”, diz um dos personagens descrevendo Toretto e sua família. Um diálogo desses só podia vir mesmo de um filme que introduz e tem como seu grande trunfo o vilão interpretado por Jason Momoa. O ator ficou meio batido por interpretar personagens que se assemelhavam, mas aqui está diferente de praticamente tudo que fez até então. Momoa entende perfeitamente a proposta do filme e entrega um vilão por completo fora da casinha, que é o que faz o todo funcionar. É o contraponto ideal a overdose de melodrama da família Toretto, é hilário ao mesmo tempo que funcional. Puro deleite vê-lo em cena.
Existe uma característica específica na narrativa que torna “Velozes e Furiosos 10” diferente dos outros filmes, é justamente um alinhamento no que parece ser, de fato, o encerramento da franquia. A segurança na ousadia apresentada ao final justifica as decisões tomadas e surpreende, de certa forma. É empolgante e catártico. E importante notar como, querendo ou não, o filme se coloca como um épico de Hollywood, outro grande acerto num ano inspirado para o cinema de ação que tem seu grande destaque em “John Wick: Baba Yaga”. Não é à toa que grandes franquias estejam inspirando tanta confiança em momentos semelhantes. Não importa o quão mirabolante sejam as cenas de ação ou os feitos de seus heróis, mas o quanto esses universos se tornaram capazes de envolver ao espectador, principalmente pelo seu valor emocional. Ao abraçar a galhofa, “Velozes e Furiosos” desencadeou todo o poder da família, utilizando da ironia para torna-lo em funcionalidade dentro dos filmes. O resultado é um filme que funciona até melhor que seu antecessor, o emocional estabelecido todo no presente dos personagens é muito superior aos flashbacks do nono filme. “Correr ou Morrer”, dizem as chamadas do filme. A finalidade nunca esteve tão perto e o futuro tão em risco, e o ímpeto de seguir correndo frente a qualquer desafio é o que torna a franquia irresistível, imparável. Sequências de ação incansáveis uma atrás da outra só revelam o âmago da franquia e sua vitalidade até hoje, independentemente de aprovação ou reprovação de qualquer um. E é um vilão que contrapõem tudo isso que 11 filmes e 22 anos depois ajuda a entregar uma das melhores entradas na franquia!
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