Abigail” (2024); Direção: Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett; Roteiro: Stephen Shields e Guy Busick; Elenco: Melissa Barrera, Dan Stevens, Kathryn Newton, William Catlett, Kevin Durand, Angus Cloud, Alisha Weir, Giancarlo Esposito; Duração: 109 minutos; Gênero: Comédia, Suspense, Terror; Produção: William Sherak, James Vanderbilt, Paul Neinstein, Tripp Vinson, Chad Villella; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 17 de Abril de 2024;

Abigail 03
(Divulgação: Universal Pictures)

Abigail” é um filme que quer ser muitas coisas, e não surpreende em se tratando de outra realização da dupla de diretores de “Casamento Sangrento” e os dois últimos -e questionáveis- filmes da franquia “Pânico”. Já ficaram claras suas inspirações e referências nas produções de horror que entregaram nos últimos anos, mas alguns elementos já podemos destacar como sendo dos próprios cineastas, além da final girl favorita deles. Não surpreende, portanto, que este novo filme comece com um quê de thriller, após um brevíssimo prólogo com a personagem título, para se tornar algo diferente logo depois. Acredito que isso deixa o filme como algo difícil de vender, de certa maneira, porque ou você sabe sobre o que se trata e, a princípio, se surpreende pouco, ou vai sem saber absolutamente nada e descobre por si só enquanto se desenrola na tela. Cabe a cada um dizer qual experiência lhe serve melhor. E nem é uma questão de spoiler, mas da própria sinopse, imagens, trailer -ou todo o restante do marketing do filme- que entregam o que o filme considera uma das reviravoltas. Só é assim, também, porque narrativamente “Abigail” trata tudo como uma revelação chocante, mas o quanto disso surte efeito define o que, de fato, funciona no filme.

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(Divulgação: Universal Pictures)

Porque até a parte do horror/slasher começar, “Abigail” tenta estabelecer uma outra aura que é mais focada na dinâmica do grupo e aí, conforme a tensão vai se desenvolvendo e o suposto “mistério” aos poucos sendo compreendido, perde-se tempo com um trama que vai do nada a lugar nenhum, assim como a brincadeira da personagem de Melissa Barrera, que revela um pouco do passado de cada um dos personagens ali, o que acaba soando mais como uma exposição de roteiro e uma vã tentativa de criar algum tipo de empatia por esse ou aquele personagem de uma forma forçada. Aqui é quando o filme se leva a sério demais, porque acha necessária a dramaticidade que nos apresenta, mas é algo muito pobre. Essa verborragia toma um tempo por algo que o elenco entrega sem precisar de uma historinha triste por detrás, porque com exceção de um ou dois nomes, estão todos muito bem no filme, e o carisma e a entrega nas sequências de “ação” são o que transformam “Abigail” num filme divertido. Barrera, por exemplo, é muito melhor quando sua personagem está lutando por sua vida em cena do que quando a atriz parece estar em um drama sisudo em busca de um Oscar, porque quando o filme é direto em suas intenções ele funciona muito melhor.

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(Divulgação: Universal Pictures)

Não tem problema ser maniqueísta quando é escrachado, exemplo do personagem de Dan Stevens (“Godzilla x Kong: O Novo Império”), que tem uma primeira parte canastrona e enfadonha e depois dá lugar ao que o ator realmente sabe fazer e pode entregar. A novata Alisha Weir é de matar de rir, demonstrando um talento nato e indo muito bem no body horror. Mas, talvez, quem deixa claro que o simples é a melhor opção, e mais nem sempre é melhor, é a scream queen Kathryn Newton, que esbanja carisma em cena e com suas caras e bocas e expressões certeiras protagoniza algumas das melhores cenas aqui, se destacando mais que a própria protagonista inclusive. A razão disso fica muito clara porque várias das melhores cenas de “Abigail” soam mais como esquetes soltas dentro de toda aquela situação. Essas cenas são mal costuradas numa narrativa que se preocupa com o que não devia, enquanto seu melhor é o bom humor com que apresenta sua faceta slasher e gore sempre que possível. Quando “Abigail” abraça o lúdico e o absurdo de sua narrativa por completo temos pura diversão, pena que não faz isso com a frequência necessária e prefere perder tempo com variadas reviravoltas que inflam o filme com uma baboseira que no fim das contas nada nos diz.

Abigail” – Trailer Legendado:

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