O Festival do Rio 2019, apesar da crise financeira, com a retirada de incentivos e investimentos públicos para a cultura, decorrente da nova política do governo federal, conseguiu superar as expectativas e contar com uma seleção com grandes títulos. Em sua 21ª edição, o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro aposta em nomes conhecidos do público, como os novos filmes de Terrence Malick, Ken Loach e Abel Ferrara. Além disso, temos as novas apostas de realizadores em plena ascensão, caso de “O Farol“, do diretor Robert Eggers.
O Festival do Rio 2019 abre com o aguardado “Mulheres Adoráveis” (“Litte Women“), de Greta Gerwig dia 9, no Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro. Forte candidato ao Oscar, a história acompanha a vida das irmãs March enquanto caminham para a vida adulta sem a presença do pai, que luta na Guerra Civil Americana.
Os fãs de Star Wars não ficam de fora e o Festival do Rio 2019 exibirá os dois últimos episódios da saga espacial, os “Star Wars: O Despertar da Força” e “Star Wars: Os Últimos Jedi“, em colaboração com os inúmeros fãs do Conselho Jedi, e vai junto com a estreia de “Star Wars: A ascensão Skywalker“.
O clássico “Aviso aos Navegantes“, de Watson Macedo, primeiro filme restaurado pelo CPCB – Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, tem uma sessão única na Cinemateca do MAM, que conta com painel sobre restauração após a exibição.
A seguir algumas recomendações.
O que assistir no Festival do Rio 2019:
- “O Farol” (“The Lighthouse”, Rogert Eggers)
Segundo filme do diretor de “A Bruxa“. Com produção do brasileiro Rodrigo Teixeira, saiu laureado de Cannes com o prêmio da crítica internacional de melhor filme do festival francês. A estória conta sobre como Thomas Wake (Willem Dafoe), responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.
- “Judy – Muito Além do Arco íris” (“Judy”, Rupert Goold)
Desde sua primeira exibição, a atriz Renée Zellweger foi tida como a favorita ao Oscar de melhor atriz. O filme conta sobre a lenda do showbiz, Judy Garland (Renée Zellweger), durante sua chegada no Swinging London para se apresentar no The Talk of the Town. Faz 30 anos que ela esteve nas gravações de “O Mágico de Oz”, mas se sua voz se enfraqueceu, sua intensidade dramática apenas aumentou…
- “Três Verões” (Idem, Sandra Kogut)
Presente na seleção do festival de Toronto (TIFF), o novo longa de Sandra Kogut aproveita o embalo da estrela Regina Casé, atualmente protagonista da novela de Manuela Dias, “Amor de Mãe”. A estória narra cada verão, entre Natal e Ano Novo, onde o casal Edgar e Marta recebe amigos e família na sua mansão espetacular à beira mar. Em 2015 tudo parece ir bem, mas em 2016 a mesma festa é cancelada. O que acontece com aqueles que gravitam em torno dos ricos e poderosos quando a vida deles desmorona? Através do olhar de uma empregada e de um velho patriarca, ambos vítimas do sonho neoliberal, vemos um retrato do Brasil contemporâneo, imediatamente antes de 2018.
- “A Febre” (Idem, Maya Werneck Da-Rin)
Recentemente saiu vencedor do Festival de Brasília com o posto de melhor filme da seleção. Além disso, conquistou vários prêmios internacionais. Passado em Manaus, uma cidade rodeada pela floresta amazônica. Justino, um indígena de 45 anos, deixou sua aldeia para tentar a vida em Manaus e hoje trabalha como vigilante em um porto de cargas. Desde a morte da sua esposa, sua única companhia tem sido sua filha mais nova, Vanessa, mas ela está de partida para estudar medicina em Brasília. Sob o Sol escaldante e as chuvas tropicais, Justino esforça-se para manter-se desperto no trabalho e com o passar dos dias é tomado por uma febre forte. Em seus sonhos, uma criatura vagueia perdida pela floresta. Na televisão, o noticiário fala de um animal selvagem que ronda o bairro. Justino acredita que está sendo seguindo, mas não sabe se quem o persegue é um animal ou um homem.
- “Retrato de Uma Jovem em Chamas” (“Portrait de la jeune fille en feu”, Céline Sciamma)
Ganhador do Queer Palm e do prêmio de roteiro do Festival de Cannes. Na França do século XVIII, Marianne (Noémie Merlant) é uma jovem pintora que recebe a tarefa de pintar um retrato de Héloïse (Adèle Haenel) para seu casamento sem que ela saiba. Passando seus dias observando Héloïse e as noites pintando, Marianne se vê cada vez mais próxima de sua modelo conforme os últimos dias de liberdade dela antes do iminente casamento se veem prestes a acabar.
- “O Paraíso Deve Ser Aqui” (“It Must Be Heaven“, Elia Suleiman)
O cineasta Elia Suleiman viaja para diferentes cidades e encontra paralelos inesperados em sua terra natal, a Palestina. Vencedor do prêmio ecumênico do Festival de Cannes.
- “Honey Boy“(idem, Alma Har’el)
Otis é uma criança de 12 anos em ascensão na TV, porém, sua vida gira em torno de seu pai, James, um ex-condenado e viciado em drogas em reabilitação. James é um conversador fantástico, mas nada confiável como pai. 10 anos depois, Otis está a caminho de ser um astro da indústria cinematográfica quando é diagnosticado com transtorno de estresse pós-traumático infantil e está tendo dificuldade em se preparar para o maior momento de sua vida, o reencontro com o pai que ele não vê há anos. Forte concorrente ao Oscar ano que vem.
- “Vitalina Varela” (Idem, Pedro Costa)
Uma mulher espera 25 anos para voltar a Cabo Verde e chega três dias depois do funeral do marido. Vencedor do Leopardo de Ouro, prêmio máximo do Festival de Locarno.
- “Memory – As Origens de Alien, o 8º Passageiro” (“Memory: The Origins of Alien”, Alexandre O. Philippe)
A história da origem não contada por trás do filme “Alien”, de Ridley Scott – enraizada em mitologias gregas e egípcias, quadrinhos underground, a arte de Francis Bacon e as visões sombrias de Dan O’Bannon e H.R. Giger. Uma contemplação sobre o processo de colaboração simbiótica do cinema, o poder do mito e nosso inconsciente coletivo.
- “Martin Eden” (Idem, Pietro Marcello)
Baseado na obra de Jack London. Martin Éden é um jovem marinheiro que salvou a vida de Arthur Morse, e se apaixona pela jovem Ruth. Vencedor do prêmio de melhor ator no Festival de Veneza deste ano.
- “Pacarrete” (Idem, Allan Deberton)
A bailarina clássica Maria Araújo Lima (Marcélia Cartaxo), mais conhecida como Pacarrete, começa a enfrentar o drama da velhice. Desde menina, ela vivia pelo seu grande sonho de se tornar uma grande bailarina, mesmo que sendo nascida e criada em Russas, uma cidade muito conservadora do interior do Ceará, onde o normal seria se casar e cuidar dos filhos. Apesar das dificuldades, ela persiste em fazer o possível para alcançar sua meta. Grande vencedor do Festival de Gramado desse ano.
- “Um Lindo Dia na Vizinhança” (“A Beautiful Day in the Neighborhood”, Marielle Heller)
Fred Rogers (Tom Hanks) foi o criador de “Mister Rogers’ Neighborhood”, um programa de TV infantil muito popular na década de 60. Em 1998, Tom Junod, até então um cínico jornalista, aceitou escrever o perfil de Rogers para a revista Esquire. Durante as entrevistas para a matéria, Junod mudou não só sua visão em relação ao seu entrevistado, como também sua visão de mundo, iniciando uma inspiradora amizade com Rogers. Mais uma grande aposta para o Oscar 2020.
- “Diego Maradona – Rebelde, Herói, Vigarista e Deus” (“Diego Maradona: Rebelde, héroe, estafador, Dios”, Asif Kapadia)
Depois de abordar as vidas de Amy Winehouse e Ayrton Senna, o documentarista Asif Kapadia faz este documentário sobre a vida do jogador de futebol argentino Diego Maradona, construído a partir de mais de 500 horas de filmagens inéditas.