Crítica | Os Defensores (The Defenders) | 1ª Temporada

- in Séries de TV
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Os Defensores (Marvel’s The Defenders) – 1ª Temporada (Netflix, 2017-); Criada por: Douglas Petrie e Marco Ramirez; Direção: S. J. Clarkson, Peter Hoar, Phil Abraham, Uta Briesewitz, Stephen Surjik, Félix Enríquez Alcalá, Farren Blackburn; Roteiro: Douglas Petrie, Marco Ramirez, Lauren Schmidt Hissrich, Drew Goddard; Elenco: Charlie Cox, Krysten Ritter, Mike Colter, Finn Jones, Eka Darville, Elden Henson, Jessica Henwick, Simone Missick, Ramón Rodríguez, Rachael Taylor, Deborah Ann Woll, Élodie Yung, Rosario Dawson, Scott Glenn, Sigourney Weaver; Número de Episódios: 8 episódios; Data de Lançamento: 18 de Agosto de 2017;

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(Divulgação/Netflix)

Em Abril de 2015 começava uma das mais ambiciosas, e aparentemente bem-sucedidas, empreitadas ao se estabelecer um Universo compartilhado de super-heróis que, na parceria com uma pegada adulta entre Marvel e Netflix, se fazia uma alternativa às fórmulas coloridas dos filmes lançados no cinema pelo mesmo estúdio. Fomos da euforia unânime em torno das duas temporadas de Demolidor (Daredevil), às recepções mornas, porém positivas, de Jessica Jones e Luke Cage, até a desastrosa Punho de Ferro (Iron Fist). Existiram semelhanças entre as produções “televisivas” e cinematográficas, sejam elas virtudes ou defeitos, com a característica de dar uma identidade própria a cada personagem de sua história solo sendo um dos principais destaques, elemento que é fundamental para compreendermos um pouco do que acontece em Os Defensores (The Defenders). O objetivo é bastante claro, mas a execução está longe de ser competente, resultando em um trabalho em que é possível perceber as intenções, mas onde nunca as vemos concretizadas. Ao menos há alguma distância das irregularidades quase intragáveis de Punho de Ferro, assim como o número de episódios torna a experiência mais enxuta e agradável -ainda que minimamente-, algo que raramente se encontra em produções seja desse Universo compartilhado de heróis ou das outras séries originais da Netflix, onde a extensão das mesmas chega a prejudicar o andamento, elemento decisivo para a metade final decepcionante de Luke Cage, por exemplo.

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(Divulgação: Sarah Shatz/Netflix)

Há uma busca em Os Defensores, desde o princípio, de se trabalhar essas identidades (áudio)visuais estabelecidas aos personagens, que variam em suas funcionalidades, provavelmente tendo maior efeito, nas raras vezes em que bem orquestrada, com o Luke Cage de Mike Colter. Encontramos ao longo dos episódios iniciais um crescendo de cores, iluminação, temática, tensão e, por vezes, musicalidade, tudo levando à reunião dos quatro super-heróis que compõem essa formação inicial do grupo. Contudo, muito é superficial. Não que seja um problema, quando levamos em conta do que se trata, mas se considerarmos como a própria série encara muitos dos elementos que trabalha, é uma ideia que vai por água abaixo. Não há nada que se aproxime da gravidade das temáticas, bem exploradas, em Jessica Jones e Luke Cage, e o que se empresta de ambas as séries aqui serve apenas como um ornamento. São como referências, dos personagens, aos personagens e assim por diante, que soam mais como uma obrigação do que algo que surge natural à trama. Numa narrativa circunstancialmente simples, parte do que torna a experiência mais fácil, tudo fica muito aquém do que se tinha de expectativas há alguns anos atrás, por exemplo. Em certo ponto essa simplicidade da história até parece fazer sentido, quando o Danny Rand de Finn Jones compreende tudo que está acontecendo ali, onde Os Defensores se torna condizente com a aparente mentalidade infantil do personagem, característica que insiste em carregar desde sua série solo.

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(Divulgação: Sarah Shatz/Netflix)

Ter acompanhando a jornada do personagem, aliás, parece gerar ao espectador uma espécie de resistência, não só pelo fato de tornar suportáveis as cenas que protagoniza, e são muitas devido seu papel na história, mas por ajudar a descontruir muito do que não funciona em Os Defensores. Partindo do que há de errado com determinado super-herói, diálogos e atuações tem suas qualidades destoantes ainda mais perceptíveis. Os diálogos são um grande problema na série toda, onde é difícil encontrar algum que seja realmente convincente entre dois ou mais personagens. As atuações são, na maioria, o que se esperaria do custo benefício da série, feita em curto tempo e com extenso elenco, há pouco que seja acima da média. Charlie Cox, Krysten Ritter e Mike Colter felizmente demonstram uma química interessante em cena, mas as tiradas cômicas nem sempre funcionam. Élodie Yung outra vez fica devendo, mas ainda não é nada tão ruim como quando foi introduzida. É ainda mais gritante, porém, a inferioridade do elenco quando a experiência de Sigourney Weaver entra em cena, isso porque a atriz, mesmo com um texto muito ruim, sabe como entoar suas linhas e expor sua performance. Entretanto, confunde-se desenvolvimento de personagem com excentricidades baratas e, no fim das contas, apesar do bom trabalho da atriz, a melhor no elenco, somos relegados a uma personagem que não exerce a mínima diferença na narrativa.

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(Divulgação: Netflix)

As ambições são maiores que a competência dos nomes envolvidos, seja na direção ou roteiro, e a prometida grandiosidade da reunião nunca é alcançada. Queimam-se personagens e esgotam-se narrativas sem necessidade, como a Alexandra de Sigourney Weaver ou o vilão de Yutaka Takeuchi, que surge passando uma falsa impressão do que representará, onde é introduzido em meio a uma violência gráfica que se revela gratuita. É concomitante com as escolhas feitas na direção ao longo de Os Defensores, onde não parece haver critério algum para o que é realizado. E realmente não há. A estética implementada não possuí lógica e o que parece bonito de ver é, na verdade, apenas uma tentativa de mesclar a falta de conteúdo com uma máscara visual que não segue nenhuma outra diretriz específica a não ser a de parecer um belo plano. Uma colagem que carece de algo em seu âmago, carece de conteúdo de qualidade desenvolvido com a devida atenção. O que não acontece aqui e acabamos, em momentos, por presenciar algo que aspira ao desastroso e contando com muito descuido, onde a montagem não consegue esconder, com inúmeros cortes rápidos de planos desnecessários, pobres coreografias de luta ou até mesmo dublês, elementos de onde se espera a característica mais decente. A falta de domínio técnica e um pobre uso de linguagem audiovisual faz com que Os Defensores não passe de um encontro que parece ter sido feito às pressas, fadado ao sucesso com certeza, mas sem nunca ter correspondido ao que este Universo sempre aspirou.

Crítica | Os Defensores (The Defenders) | 1ª Temporada

Os Defensores (Marvel’s The Defenders) – 1ª Temporada (Netflix, 2017-); Criada por: Douglas Petrie e Marco Ramirez; Direção: S. J. Clarkson, Peter Hoar, Phil Abraham,

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