O Rei do Show (The Greatest Showman, 2017); Direção: Michael Gracey; Roteiro: Jenny Bicks e Bill Condon; Elenco: Hugh Jackman, Zac Efron, Michelle Williams, Rebecca Ferguson, Zendaya, Keala Settle, Sam Humphrey, Austyn Johnson, Cameron Seely, Paul Sparks; Duração: 105 minutos; Gênero: Cinebiografia, Comédia, Drama, Musical; Produção: Peter Chernin, Laurence Mark, Jenno Topping; País: Estados Unidos; Distribuição: Fox Film do Brasil; Estreia no Brasil: 28 de Dezembro de 2017;
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O Rei do Show (The Greatest Showman) desde seu princípio apresenta determinado conflito que o define como um todo. A começar pelo logo da 20th Century Fox, que aparece duas vezes quase numa cega crença de que o público não reconhecerá a clássica logo do estúdio, algo atípico para quem está prestes a ser assomado pela Disney. Mas não é somente isso, a logo duplicada e mais algumas cartelas aparecem destoantes, quase como três introduções de diferentes filmes. Aí vêm os primeiros acordes musicais com uma roupagem não usual para o período em que se passa o filme e também divergentes dos créditos iniciais.
O primeiro número musical nos é relevado ser um sonho, e então partirmos à história do fictício P.T. Barnum, que ficou notavelmente conhecido na vida real por vender o extraordinário. Algo que o filme protagonizado por Hugh Jackman tenta deixar bastante claro, mas é sabido que Phineas Taylor Barnum também era uma grande fraude, uma vertente sobre a qual o filme apenas acena. Porque talvez o maior feito na vida do empresário seja esse, ganhar uma cinebiografia que é tão iludida com seu protagonista e sua história como tenta iludir o público de que é realmente um grande espetáculo.
Para atingir esse fim uma série de artifícios são utilizados, com nomes emprestados, por exemplo, diretamente dos bastidores de La La Land – Cantando Estações (musical vencedor de 6 categorias no Oscar este ano). O desespero pelo sucesso também pode ser encontrado nos seis nomes creditados na edição, ou no envolvimento suficientemente substancial para render a James Mangold (de Logan) um crédito de produtor executivo. Aliás, ele possivelmente teria comandando algumas refilmagens que se sobressaíram a versão do diretor em sessões testes. Uma obra que, portanto, parece ter tido seus bastidores no mínimo conturbados, resultando em um filme que nunca de fato encontra sua própria voz.
Esse é um problema constante em O Rei do Show, que parece mover-se rápido demais dentro de sua própria história. O protagonista se dedica a tantos empreendimentos, mas a narrativa teima em ficar estagnada, pois não sabe lidar com tantos elementos simultaneamente. O que acontece é que conforme o sucesso de P.T. Barnum avança na história não o vemos refletido na narrativa, a menção constante é insuficiente quando todo o restante soa artificial, isso porque o filme se esquiva de qualquer elemento que possa se apresentar como uma problemática. Ainda assim não o impede de fazê-lo.
A discussão sobre o papel da crítica é simplesmente ridícula e passível de risadas -algo que não é a intenção do filme neste quesito. Os problemas financeiros que acometem ao protagonista e sua família acabam tratados tão a distância que a carga dramática que se quer tirar dali inexiste. O filme em si está tão mergulhado em um estado idílico que esquece de abrir portas e permitir que o espectador embarque na mesma jornada colorida dos personagens, mas fica óbvio que não há a menor ideia por parte dos realizadores em como se conquistar essa empatia.
Um ou outro número musical até entretém por um breve momento, mas não há quem ou o que os sustente. Até porque mesmo a tentativa de vender uma “celebração a humanidade” acaba por ser um tremendo equívoco. Mascarando a verdade sobre seu protagonista, O Rei do Show coloca o personagem como centro da atenção e grande salvador dos párias, mas até mesmo quando os coadjuvantes têm um momento para si, na melhor canção em todo o filme (This is Me), a câmera faz questão de focar em alguém caucasiano, tirando o foco do que realmente importa naquele momento. Porém, O Rei do Show ao menos faz jus na vida de quem se inspira e, assim como P.T. Barnum, é uma completa farsa.
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