Direção: Dean DeBlois
Roteiro: Dean DeBlois
Produção: Bonnie Arnold
Estreia Mundial: 13 de Junho de 2014
Estreia no Brasil: 19 de Junho de 2014
Gênero: Animação – Ação – Aventura
Duração: 102 minutos

How To Train Your Dragon 2 Movie 2014

Logo que sai da sessão de Como Treinar o Seu Dragão lá em 2009, sabia que ali estava uma das melhores animações que eu tinha presenciado nos últimos anos, havia uma história original e honesta que conseguia misturar toda uma mitologia Viking com temas atuais, como a questão da intolerância ao diferente – claro que por meio de uma obvia analogia. Para a sequência, uma das minhas preocupações era que isso pudesse ser perdido, transformando o universo genial em algo extremamente enlatado com objetivo financeiro apenas (algo que vimos recentemente com o sofrível Carros 2). Como Treinar o Seu Dragão 2 segue pela contramão disso, mantendo os mesmos elementos que fizeram o seu antecessor um sucesso, trazendo, ao mesmo tempo, elementos novos os quais, claramente, auxiliam no amadurecimento tanto da narrativa quanto de seus personagens.

Após provar para todos os habitantes de Berk que os dragões não são más criaturas, Soluço vive tranquilamente com Banguela explorando novos territórios. Seu pai, Stoico, porém, começa a pressioná-lo para começar sua preparação para a sucessão do cargo de líder da comunidade. Junto com isso, o protagonista acaba descobrindo uma sombria nova terra, a qual esta cheia de caçadores de dragões, os quais também não entendem o poder de ter uma amizade com uma dessas feras, nesse grupo está Drago, um famoso domador de dragões que quer usá-los para dominar o mundo. Então, mais uma vez, o herói pretende mostrar que a lealdade dessas criaturas pode ser conquistada sem guerra e sem mortes.

O diretor e também roteirista da produção, Dean DeBlois, acerta em cheio em todos os aspectos relativos ao desenvolvimento da narrativa, ele faz uma introdução, apresentando novamente o mundo, apresenta-nos o conflito e vai dissecando todos os acontecimentos. Ademais, ele nos apresenta um estrutura corajosa, sem medo de sacrificar alguns personagens pelo caminho, introduzindo novos elementos de forma objetiva e com o aprofundamento necessário (de acordo com a relevância desses para história). Junto com tudo isso, há a inserção do excelente alívio cômico representado pela Cabeçaquente a qual acaba vivendo um “triângulo amoroso” extremamente divertido o qual auxilia na quebra do gelo, visto que o resto da história é deveras sombrio.

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Enquanto no primeiro filme Soluço foi quem auxiliou banguela a adquirir novamente suas habilidades aéreas, dessa vez, temos o contrário. Logo no início da projeção, o dragão deixa seu “mestre” cair ao ar livre e vai soltando bolas de fogo para darem impulso, fazendo com que o protagonista também consiga voar (mesmo que momentaneamente). Cito essa passagem do longa, pois é a prova clara de que um completa o outro, um não consegue voar se o companheiro não for capaz de dar uma propulsão, isso é o verdadeiro significado dessa curiosa amizade. Além disso, todo esse simbolismo ajuda a reforçar a sintonia e o carisma entre os personagens, conseguindo, logo de cara, recolocar-nos de volta nesse fantástico universo (explicando, também, para quem não assistiu ao primeiro).

Nesse próximo parágrafo há um Spoiler, então, se ainda não viu o filme, pule para o próximo!

Outro aspecto que me deixou muito contente foi a relação honesta entre pai e filho, sim, já tínhamos isso muito bem formulado no primeiro, mas agora temos uma evolução. Nesse caso, seu pai quer que ele assuma seu lugar, que aprenda a ser um líder (contraponto ideal a aquela cena inicial na qual ele está livre, explorando novas terras em busca de aventuras). Soluço, vai contrariando, mas aos poucos vai percebendo que não depende de uma questão de escolha, mas sim, de coragem e força (não necessariamente física). Toda essa pressão faz sentido na maravilhosa cena do funeral do seu pai, na qual ele é o primeiro a jogar a flecha que começa as chamas do barco onde está o corpo, sendo seguido por todo os outros (referência clara da sua liderança). Logo após, temos um plano no qual vemos Soluço de costas e a sua frente está a embarção em chamas, fazendo uma silhueta no protagonista, mais um vez uma metáfora digna de um filme com estética e cuidado primoroso. As chamas que aparentemente o envolvem, representam o momento em que ele se dá conta de que sempre foi um líder e que todos precisam da sua presença para vencer o conflito, como se o pai estivesse se juntando ao filho. Isso representa o máximo de crescimento do personagem: antes fez de tudo para convencer que estava certo, agora reconhece que não conhecia a si próprio.

Fim do Spoiler. O voo é livre, a partir de agora!

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Como não poderia ser diferente, Soluço é o que tem mais ênfase, não por ser o protagonista (também, é claro), mas por ser o personagem que mais tem um amadurecimento, sendo totalmente o oposto daquele garoto que, no primeiro, queria ser mais um Viking gigante. Nesse filme, ele enfrenta algo muito maior, a dicotomia entre a guerra e a paz, enquanto todos querem se preparar para um imensa batalha para expulsar os caçadores e Darko, ele quer apenas mostrar, mais uma vez, que ela não é necessária. Por falar em mudanças e amadurecimento, o mesmo ocorre com a fotografia da película, que assim como toda a estética do filme, está impecável. Cores quentes e aconchegantes na cena inicial em Berk (destaque para excelente cena do jogo de ovelhas), para logo depois o clima sombrio e misterioso do lugar onde estão os caçadores de dragões. E se na produção anterior, os efeitos e o desenho de produção já tinham uma qualidade fora do padrão, nem preciso dizer que aqui posso falar, sem medo, em perfeição, não há como ficar indiferente aos planos aéreos, às batalhas. Enfim, tudo feito nos mínimos detalhes e com muito esmero e precisão.

Bom, juro que tentei me decidir de qual eu gosto mais, se é do primeiro ou do segundo, mas não deu, ambos tem qualidades das quais me fazem gostar tanto de um quanto de outro, portanto só me resta colocá-los em pé de igualdade. No anterior havia a maior inocência do personagem, tentando conquistar seu espaço, nesse ele já tem seu lugar, mas precisa enfrentar algo muito além, então, por mais obvio e redundante que isso possa parecer, um filme complementa o outro, digo isso, porque é raro ver sequências que realmente fazem sentindo. Como Treinar Seu o Dragão 2 já está entre as minhas animações favoritas (assim como o seu precedente) e, sim, acho que ainda há muito o que explorar. Que venha o terceiro.

TRAILER LEGENDADO

About the author

Editor-Chefe do Cine Eterno. Estudante apaixonado pelo universo da sétima arte. Encontra no cinema uma forma de troca de experiências, tanto pelas obras que são apresentadas, quanto pelas discussões que cada uma traz. Como diria Martin Scorsese "Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora".

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