[sg_popup id=”9″ event=”onload”][/sg_popup]Trama Fantasma (Phantom Thread, 2017); Direção: Paul Thomas Anderson; Roteiro: Paul Thomas Anderson; Elenco: Daniel Day-Lewis, Vicky Krieps, Lesley Manville, Camilla Rutherford, Gina McKee, Brian Gleeson, Harriet Sansom Harris; Duração: 130 minutos; Gênero: Drama, Romance; Produção: Paul Thomas Anderson, Megan Ellison, JoAnne Sellar, Daniel Lupi; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 22 de Fevereiro de 2018;
Confira a crítica em vídeo de Márcio Picoli, clicando no player acima! Aproveite e clique aqui para conhecer o nosso canal do YouTube.
Trama Fantasma (Phantom Thread) chega aos cinemas exatos 10 anos após o lançamento daquela que é considerada, por muitos, a obra-prima de Paul Thomas Anderson. Lançado em 2007, Sangue Negro (There Will Be Blood) concorreu no ano seguinte a 8 categorias no Oscar, venceu somente 2, mas talvez a honra maior tenha sido a de fazer parte de uma das levas mais impressionantes da premiação. Nem parece ter se passado uma década, mas o tempo realmente voou. Outros nomes que lá disputavam com o cineasta viveram de altos e baixos em suas carreiras, mas o tão cultuado Paul Thomas Anderson, todo esse tempo depois, até quando numa surpreendente indicação a Melhor Direção, é recebido com louvores.
Indicação surpreendente, no entanto, porque era uma das possibilidades menos cotadas para aquela manhã em que foram anunciados os indicados à 90ª edição do Oscar. Porque, diferentemente do que ocorreu há uma década atrás, a presença de Paul Thomas Anderson e seu filme se fazem a adição mais notória em uma seleção que, salvo poucas exceções, é simplesmente desanimadora. Chega a ser constrangedor ver indicado a Melhor Filme, por exemplo, O Destino de Uma Nação (Darkest Hour), de um decadente Joe Wright que no mesmo Oscar da obra-prima de Paul Thomas Anderson via seu próprio ápice lado a lado numa apertada corrida.
Trama Fantasma tem toda a pompa que se possa desejar de um filme do cineasta, mas é incrível como Paul Thomas Anderson consegue estabelecer com sutileza a dinâmica que vai ditar a alternância de caráter dos momentos no filme. Porque a cada momento, determinado personagem tem controle sobre a situação. É algo até semelhante ao que vimos em O Mestre (The Master), na alternância entre os personagens de Joaquin Phoenix, Phillip Seymour Hoffman e Amy Adams. Mas enquanto lá era algo mais gritantemente intenso, que se externava claramente ao público, em ânimos sendo exaltados constantemente, aqui é o inverso, é algo muito mais num nível psicológico.
O desafio e a provocação intelectual entre os personagens é arrebatador. Algo que é evocativo e funciona de diferentes maneiras, pelas muitas facetas que os próprios personagens dão ao filme quando estão em controle, bem como das escolhas que o diretor faz entorno de sua obra. Contudo, é importante denotar um elemento que faz toda a diferença e que gera uma atmosfera singular: a trilha sonora de Jonny Greenwood. Finalmente reconhecido pela Academia com uma primeira indicação ao Oscar, o frequente colaborador do diretor é responsável por criar uma composição musical que dá tons que variam de um conto de fadas, para um romance a um suspense, entre outras possibilidades, mas que embalam a obra com tal convicção que se torna algo até hipnotizante.
Propicia-se um mergulho na psique desses personagens, mesmo que pouco sobre eles seja desenvolvido, em quesitos de dar um background aos personagens. Apenas o suficiente é dito e o restante o quarteto -cineasta e seus quase trio protagonista- fazem todo o necessário para Trama Fantasma funcionar de maneira exacerbante. A sutileza desses jogos intelectuais que o trio de personagens emprega entre si durante o filme é mascarada principalmente pela força dos diálogos e em como Paul Thomas Anderson estabelece seu mise-èn-scene. É um filme que merece ser revisitado para se explorar como o que se tem certeza depois, em pontos mais conclusivos, exerce de efeito no desenvolvimento da narrativa.
O trio formado pelos protagonistas Daniel Day-Lewis e Vicky Krieps e a coadjuvante Lesley Manville é o ponto alto do filme; como os três conseguem manter a disputa de poder que existe na história, assim como se entregam e desempenham atuações bárbaras em todas as transições que ocorrem dentro da história. Trabalhos irretocáveis, todas de uma sensibilidade que permitem essas camadas complexas compostas de diversos sentimentos. Aí, organicamente, vamos de cenas que se requerem atitudes mais exageradas, são correspondidas a altura, e se requerem uma sutileza, um simples sorriso parece dizer tudo e mais um pouco. É um deleite acompanhar os três atores em cena.
Mas é um deleite ainda maior poder ver um cineasta como Paul Thomas Anderson construir um filme como deseja, culminando em algo cuja resultado é deslumbrante (o que dizer então dos vestidos da Casa Woodcook). Trama Fantasma não só demonstra, como evoca uma vitalidade. Pede para ser revisto, debatido e apreciado. Está em um nível muito acima dos demais, é uma obra completa e que requer atenção, por tudo o que é e por comprovar que o nome que assina o projeto é um dos maiores do cinema. Só nos resta agradecer e acreditar que, onde quer que esteja, Jonathan Demme -cineasta falecido em Abril de 2017 e a quem o filme é dedicado- estará recheado de orgulho pelo trabalho extraordinário de seu pupilo.
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